Brasil - Pará

Violencia cero en Pará

Campanha Internacional de Combate à Violência no Campo

 Caso Dezinho

Maria Joel Dias, viúva de Dezinho, recebe prêmio Nacional de Direitos Humanos

 

 

 

Maria Joel Dias da Costa, conhecida particularmente, por nós da Rel-UITA, como “Joelma”, recebeu o XI Prêmio de Direitos Humanos do Brasil na categoria “Defensores dos Direitos Humanos”. Neste ano o prêmio recebeu o nome de Dorothy Stang, em homenagem à missionária assassinada no ano passado na região de Anapu, estado do Pará.

 

Joelma é viúva de José Dutra da Costa, o “Dezinho”, assassinado em 2000 por uma quadrilha de “grileiros” e fazendeiros da região, quando era presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará. A história deste crime ainda impune foi relatada pela própria Joelma e suas filhas no vídeo produzido em 2005 pela Rel-UITA e pela Contag,* com o apoio dos sindicatos suecos de LO-TCO, no marco da campanha internacional: “Chega de violência no campo. Corte este mal pela raiz”.

 

Joelma é atualmente presidenta do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, está ameaçada de morte, mas continua levando adiante a tarefa que era de seu companheiro Dezinho, tragicamente interrompida.

 

Este prêmio, outorgado pelo governo brasileiro do Presidente Lula, põe uma vez mais sobre a mesa o duríssimo conflito interno existente no Brasil envolvendo a distribuição da terra e os direitos trabalhistas e civis dos trabalhadores rurais e pequenos camponeses.

 

A Rel-UITA felicita o governo brasileiro pelo reconhecimento a esta lutadora de primeira linha, e sobretudo abraça calorosa e fraternalmente a Joelma e, através desse abraço, a todas e a todos aqueles que, colocando em risco as suas próprias vidas, e muitas vezes as de seus familiares, lutam no Brasil e na América Latina pelo direito à terra, aos seus frutos e por uma convivência sem medo, com justiça e dignidade.

 

Rel-UITA

19 de dezembro de 2006

 

 

* “Na fronteira do medo. Histórias de vida e morte”

 

 

Maria Joel, viúva de Dezinho,recebe Prêmio Nacional de Direitos Humanos

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou nesta quarta-feira o XI Prêmio Direitos Humanos 2006. Na categoria Defensores de Direitos Humanos, o prêmio foi dado a Maria Joel Dias da Costa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, viúva do sindicalista José Dutra da Costa, o Dezinho, assassinado a mando de grileiros em novembro de 2000. Ser agraciada com esse prêmio é uma vitória para a sociedade que represento, disse ela. Em nome dos 18 laureados pelo Prêmio Direitos Humanos, à líder camponesa ameaçada de morte por fazendeiros do Pará pediu ao presidente uma Reforma Agrária “de fato”, para acabar com a mortalidade e a impunidade no meio rural.

 

O prêmio é concedido desde 1995 pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) a pessoas e organizaçoes que se destacam na defesa dos direitos humanos no país. Na ediçao deste ano, foi prestada uma homenagem à missionária americana Dorothy Stang, assassinada no Pará o ano passado. O nome da missionária foi colocado no prêmio Defensores de Direitos Humanos.

 

Para discursar em nome dos agraciados com o prêmio, não foi destacada nenhuma autoridade ou personalidade conhecida. Até poderia. Lá estava, para receber a homenagem em nome do irmão (Dom Luciano Mendes de Almeida, falecido em agosto deste ano), o professor, educador, advogado, sociólogo, cientista político, ensaísta e titular da cadeira de número 35 da Academia Brasileira de Letras, Cândido Mendes, reitor da Universidade que leva seu nome, uma das mais conhecidas do Rio de Janeiro. Mas a premiada que melhor representava a diversidade na unidade era Maria Joel Dias da Costa, agraciada na categoria agora denominada Dorothy Stang (Defensores dos Direitos Humanos).

 

Dona Joelma, como é conhecida, nasceu em Urbano Santos (MA). Tem 43 anos, é viúva, mãe de quatro filhos, trabalhadora rural e sindicalista. Preside o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Rondon do Pará, um dos municípios mais violentos do Pará. Seu marido José Dutra da Costa, o sindicalista Dézinho, foi assassinado por um pistoleiro a mando de fazendeiros, há seis anos. Ela segue a luta dele em defesa dos direitos dos trabalhadores rurais por acesso à terra e reforma agrária, contra a grilagem, o trabalho escravo, a violência e a impunidade no campo. Já recebeu diversas ameaças de morte por parte de fazendeiros e madeireiros da região e hoje vive 24 horas sob proteção policial do Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos, da SEDH.

 

Nervosa, Dona Joelma se atrapalhou um pouco com algumas palavras difíceis do discurso escrito. Foi socorrida com palmas da platéia, pediu desculpas e seguiu a oratória, que deveria ser encerrada com o agradecimento especial “àqueles que sucumbiram e ficaram pelo meio do caminho, mas fizeram a história do nosso Brasil”. Mas ela não parou ali. Inspirada pelo ex-operário presidente, que costuma deixar de lado o discurso escrito, preferindo a fala espontânea, Dona Joelma arriscou um improviso para falar da emoção de um trabalhador rural ter a honra de falar para aquela platéia na presença do presidente da República. Aproveitou a oportunidade para fazer dois pedidos: a criação de uma política nacional para os defensores dos direitos humanos e que o presidente fizesse, “de fato”, a reforma agrária. “Cada homem e cada mulher tem o direito à vida. Fazendo a reforma agrária, sei que a mortalidade no campo vai acabar e a impunidade não mais reinará”, assegurou, ao encerrar o pronunciamento sob os emocionados aplausos da platéia.

 

 

Com informação de Nelson Breve/Carta Maior e Agéncia Contag de Noticias

Agência CONTAG

18 de dezembro de 2006

 

 

 

 

 

 

 

  

 

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