|
Maria Joel, viúva de Dezinho,recebe Prêmio
Nacional de Direitos Humanos |
|
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou nesta quarta-feira o
XI Prêmio Direitos Humanos 2006. Na categoria Defensores de Direitos
Humanos, o prêmio foi dado a Maria Joel Dias da Costa, presidente do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, viúva do
sindicalista José Dutra da Costa, o Dezinho, assassinado a mando de
grileiros em novembro de 2000. Ser agraciada com esse prêmio é uma
vitória para a sociedade que represento, disse ela. Em nome dos 18
laureados pelo Prêmio Direitos Humanos, à líder camponesa ameaçada
de morte por fazendeiros do Pará pediu ao presidente uma Reforma
Agrária “de fato”, para acabar com a mortalidade e a impunidade no
meio rural.
O
prêmio é concedido desde 1995 pela Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) a pessoas e
organizaçoes que se destacam na defesa dos direitos humanos no país.
Na ediçao deste ano, foi prestada uma homenagem à missionária
americana Dorothy Stang, assassinada no Pará o ano passado. O nome
da missionária foi colocado no prêmio Defensores de Direitos
Humanos.
Para discursar em nome dos agraciados com o prêmio, não foi
destacada nenhuma autoridade ou personalidade conhecida. Até
poderia. Lá estava, para receber a homenagem em nome do irmão (Dom
Luciano Mendes de Almeida, falecido em agosto deste ano), o
professor, educador, advogado, sociólogo, cientista político,
ensaísta e titular da cadeira de número 35 da Academia Brasileira de
Letras, Cândido Mendes, reitor da Universidade que leva seu nome,
uma das mais conhecidas do Rio de Janeiro. Mas a premiada que melhor
representava a diversidade na unidade era Maria Joel Dias da Costa,
agraciada na categoria agora denominada Dorothy Stang (Defensores
dos Direitos Humanos).
Dona Joelma, como é conhecida, nasceu em Urbano Santos (MA). Tem 43
anos, é viúva, mãe de quatro filhos, trabalhadora rural e
sindicalista. Preside o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de
Rondon do Pará, um dos municípios mais violentos do Pará. Seu marido
José Dutra da Costa, o sindicalista Dézinho, foi assassinado por um
pistoleiro a mando de fazendeiros, há seis anos. Ela segue a luta
dele em defesa dos direitos dos trabalhadores rurais por acesso à
terra e reforma agrária, contra a grilagem, o trabalho escravo, a
violência e a impunidade no campo. Já recebeu diversas ameaças de
morte por parte de fazendeiros e madeireiros da região e hoje vive
24 horas sob proteção policial do Programa Nacional de Proteção aos
Defensores dos Direitos Humanos, da SEDH.
Nervosa, Dona Joelma se atrapalhou um pouco com algumas palavras
difíceis do discurso escrito. Foi socorrida com palmas da platéia,
pediu desculpas e seguiu a oratória, que deveria ser encerrada com o
agradecimento especial “àqueles que sucumbiram e ficaram pelo meio
do caminho, mas fizeram a história do nosso Brasil”. Mas ela não
parou ali. Inspirada pelo ex-operário presidente, que costuma deixar
de lado o discurso escrito, preferindo a fala espontânea, Dona
Joelma arriscou um improviso para falar da emoção de um trabalhador
rural ter a honra de falar para aquela platéia na presença do
presidente da República. Aproveitou a oportunidade para fazer dois
pedidos: a criação de uma política nacional para os defensores dos
direitos humanos e que o presidente fizesse, “de fato”, a reforma
agrária. “Cada homem e cada mulher tem o direito à vida. Fazendo a
reforma agrária, sei que a mortalidade no campo vai acabar e a
impunidade não mais reinará”, assegurou, ao encerrar o
pronunciamento sob os emocionados aplausos da platéia.
Com informação de Nelson
Breve/Carta Maior e Agéncia Contag de
Noticias
Agência CONTAG
18 de
dezembro de 2006 |
|
|
|
|