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Campanha Internacional de Combate
à Violência no Campo

REPERCUSIONES

en la prensa

 

Agricultores de áreas ocupadas denunciam a violência no campo

 

 Quarenta e três famílias de agricultores foram atacadas ontem por pistoleiros no município de Inhangapi, no limite com São Miguel do Guamá, no nordeste do Pará. Houve tiroteio e até à noite não havia informações sobre feridos ou mortos. As famílias vivem há dez anos em uma área de ocupação de uma fazenda, que está em processo de desapropriação. A denúncia foi feita na tarde ontem pelo agricultor José dos Santos Silva, de 37 anos, um dos 1,5 mil agricultores que participam hoje, a partir das 9 horas, na Praça da Leitura, em São Brás, do lançamento do '17º Grito da Terra' no Pará. Haverá manifesto e caminhada pelas ruas da cidade.

 

José que mora na área da fazenda, em Inhangapi, com a família, disse que têm sido constantes as ameaças de morte contra os agricultores. 'É uma área de muitos conflitos, sempre aparecem de 20 a 30 homens armados com pistolas e escopetas, atirando para tentar expulsar a gente. Isso já está acontecendo há uns quatro meses'. Além das agricultoras, 30 crianças também ficaram na área. José fez a denúncia durante o lançamento da Campanha Internacional contra a Violência no Campo, no último dia do 'Seminário Estadual sobre Políticas Públicas para o Campo', que antecedeu ao 'Grito da Terra'. Ele contou também que, no início deste ano, sete trabalhadores passaram 21 dias presos em Castanhal, por causa da briga pela área da fazenda. 'A polícia agiu em favor do fazendeiro Márcio Rezende, que não tem documentação mas quer ficar com a área', reclamou.

 

A violência no campo também deixa assustados agricultores nos municípios de Moju, Acará e Tomé-Açu. O trabalhador rural Raimundo Miranda, de 47 anos, que vive na área de ocupação do Piriá, em Moju, contou que as 71 famílias que moram na área estão ameaçadas de morte por grileiros, que mantêm pistoleiros no local.

 

Em Acará, 62 famílias que vivem no acampamento 'Bom Recreio' vivem sob as ameaças de tiros para o alto, disparados por pistoleiros e também por policiais. A denúncia foi feita por um grupo de agricultores do local.

Na área da fazenda Urucuré, na rodovia PA-140, em Tomé-Açu, a situação também é muito grave. Oitocentas famílias estão com medo e traumatizadas com a violência que viveram há duas semanas. Dois agricultores foram encontrados mortos. Outros quatro assassinatos já haviam acontecido em fevereiro. Os agricultores acusam grileiros, madeireiros e donos de serrarias. Eles estão extraindo madeira de forma ilegal da área.

 

MOBILIZAÇÃO

 

A Campanha Internacional Contra a Violência no Campo foi lançada pela União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação e Agricultura (UITA), em parceria no Brasil com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura.

 

A violência no campo é apenas um dos principais problemas que os trabalhadores enfrentam. De hoje até amanhã eles irão reunir com representantes dos governos estadual e federal para apresentar uma extensa pauta de reinvidicações para melhorias nas áreas de financiamentos, educação, saúde, energia, estradas, desapropriação, demarcação e legalização de terras, entre outros.

 

Às 9h30, no Centro Integrado de Governo (CIG), acontece a assinatura do convênio pelo qual o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) repassará 44 áreas do Estado para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). 'Finalmente, o governo do Estado tomou a decisão política de repassar as áreas de jurisdição do Iterpa para o Incra, uma reivindicação de mais de cinco anos dos trabalhadores da agricultura', disse o presidente da Fetagri, Carlos Augusto Santos Silva.

 

ASSENTAMENTOS

 

Outra rodada de negociações acontece paralelamente no auditório da ADA com o governo federal, incluindo Banco da Amazônia, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Banco do Brasil, onde o principal tema será a liberação de crédito. À tarde, eles se reúnem com representantes das três superintendências do Incra no Pará: de Marabá, Santarém e Belém.

Os agricultores vão negociar com o Incra a apresentação de novas áreas a serem destinadas à criação de assentamentos agrários. Essas novas áreas vão beneficiar cerca de 40 mil famílias no Estado.

 

Também à tarde, será a vez da negociação dos agricultores com o governo do Estado, na Secretaria Executiva de Agricultura. Na reunião com os secretários do Estado, os trabalhadores vão discutir uma ampla pauta, que inclui assistência técnica, estradas para o escoamento da produção e segurança pública para combater a violência no campo.

 

Durante a manhã de hoje, a pauta será discutida com representantes de instituições federais como o Incra, Bancos da Amazônia e do Brasil. Também serão feitas negociações com o Ibama e a Gerência Regional de Patrimônio da União. Para a tarde estão marcadas audiências com representantes do Iterpa, Sagri e Emater.

 

 

 

 

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