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Campanha Internacional de Combate
à Violência no Campo

REPERCUSIONES

en la prensa

 

Defensor diz desconhecer as ameaças

Mais de 40 pessoas ameaçadas não estão em programação nacional de proteção

 

O defensor público Álvaro Amazonas, da equipe estadual do Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos no Estado, disse ontem que desconhece as ameaças de morte contra 40 trabalhadores rurais recentemente denunciadas em uma lista de marcados para morrer divulgada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), especialmente as lideranças sindicais Antônio Gomes e Sinato Silva, entrevistados por O LIBERAL no domingo passado. 'Eu estive em Rondon do Pará para fazer um diagnóstico e a abordagem. Sobre os três ameaçados, entre eles Antônio Gomes e Sinato Silva, eu não tenho conhecimento', disse ele. Amazonas disse que as lideranças ameaçadas de morte devem procurar o programa estadual de proteção, na sede da Defensoria Pública, na rua Manoel Barata, com a travessa Padre Prudêncio. Lá, serão recebidas por um defensor público, um psicólogo, um policial militar, um policial civil. 'Serão encaminhadas a uma delegacia para fazer a ocorrência e sabermos quem as ameaça, e tudo que ocorre por conta dessas ameaças', orienta o defensor.

As 40 lideranças rurais que, segundo a Fetagri, estão marcadas para morrer não contam com a proteção do programa. Constam dessa lista os nomes do trabalhador rural Sinato Silva, 47 anos, casado, pai de um filho ainda criança, em Inhangapi, no nordeste do Estado; o do sindicalista Antônio Gomes, 49 anos, casado, pai de seis filhos, que lidera 16 mil associados em Marabá, no sudeste paraense; e o de uma trabalhadora rural de Tomé-Açu. Todos registraram denúncias sobre as ameaças na Delegacia de Conflitos Agrários e aguardam as providências do Estado.

A advogada Mary Cohen, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PA), disse que é um dever do Estado assegurar a todos os marcados para morrer as garantias de proteção à vida e ao prosseguimento de suas atividades em defesa dos interesses dos trabalhadores rurais. 'É um dever do Estado garantir o direito de viver dessas pessoas. O Estado precisa intervir em favor desses trabalhadores em risco', disse. Amazonas recomenda que as lideranças procurem urgentemente o programa de proteção que funciona na Defensoria Pública do Estado.

O Programa Nacional de Proteção aos Defensores do Direitos Humanos foi lançado pelo governo federal em fevereiro do ano passado, dez dias após o assassinato da irmã Dorothy Stang. A direção da Fetagri diz já ter enviado lista de 120 nomes ameaçados de morte. E o programa foi iniciado no Pará de forma emergencial, com a incumbência de preservar a vida de dezenas de pessoas.

Muitas ameaças de morte se concretizaram,

após pedidos de socorro das vítimas

 

A violência no campo não atinge apenas a pessoa que morre. Todos os trabalhadores rurais acabam sendo vítimas da violência direta ou indiretamente. No lançamento da Campanha Internacional contra a Violência no Campo, foram lembradas algumas das vítimas e feitas homenagens aos milhares de homens e mulheres que sofreram a ação criminosa dos que violam os direitos humanos e o direito à vida no Estado:

1985 - Rio Maria - João Canuto de Oliveira foi executado com 14 tiros. O capitão Edson, da PM de Xinguara, deu cobertura para a fuga dos pistoleiros.

1991 - Rio Maria - Expedito Ribeiro da Silva, que sofria fortes ameaças, foi barbaramente assassinado. Depois de 15 anos, o pistoleiro está preso e o mandante continua foragido.

1996 - Curva do S, Eldorado dos Carajás - Dezenove trabalhadores foram executados pela Polícia Militar no espisódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás. Nenhum acusado está preso.

1997 - Mãe do Rio - Rejane Guimarães, liderança feminina na região nordeste paraense, foi assassinada na frente de seus dois filhos. Crime que ainda não foi punido.

1999 - Parauapebas - Euclides Francisco de Paulo. Apesar de ter denunciado diversas vezes as ameaças sofridas, acabou assassinado num crime por encomenda. O pistoleiro está preso, mas os mandantes não foram a julgamento.

2000 - Rondon do Pará - José Dutra da Costa, o Dezinho, presidente do sindicato rural local, morreu na porta de sua casa por um pistoleiro. Ninguém foi punido e sua esposa está ameaçada, fazendo parte da lista dos marcados para morrer.

2001 - Altamira - Ademir Alfeu Federici, o Dema, foi morto a tiros por pistoleiros, a mando de envolvidos com extração ilegal de madeira. Apenas um pistoleiro está preso.

2001 - Marabá - José Pinheiro de Lima, Cleunice Campos Lima e Samuel Campos Lima (marido, mulher e filho) foram executados por pistoleiros dentro de casa. O crime não foi a julgamento. O filho sobrevivente, que luta pela punição dos assassinos, vive hoje no Programa de Proteção a Testemunhas.

2002 - Brasília (DF) - Bartolomeu Morais da Silva, delegado sindical, foi assassinado por pistoleiros. Três executores estão presos e os mandantes não foram a julgamento.

2005 - Anapu - Irmã Doroty Stang, missionária que apoiava a luta pela terra e pela preservação do meio ambiente, foi assassinada por pistoleiros a mando de madeireiro e fazendeiro

Diario O Liberal

publicado 8 de junio de 2006

 

 

 

 

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