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Campanha Internacional de Combate
à Violência no Campo

REPERCUSIONES

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Espírito Santo lança Campanha

Contra Violência no Campo

 

O principal objetivo é denunciar o modelo de desenvolvimento agrário concentrador de terra e renda que promove a exclusão social e produtiva, a degradação do meio ambiente e é gerador da violência no campo

 

O tema violência no campo está cada vez mais presente nos noticiários do Brasil e de outros países. São muitos os casos de assassinatos, ameaças de morte e maus tratos por causa de luta pela terra, exploração de mão-de-obra, trabalho escravo e infantil, etc.

No intuito de combater a violência no campo, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), a UITA, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Espírito Santo (FETAES) e os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, farão o lançamento da Campanha Internacional contra a violência no campo no estado, no dia 10/07 (segunda-feira), no Calir, em Viana / ES (programação abaixo).

O principal objetivo é denunciar o modelo de desenvolvimento agrário concentrador de terra e renda que promove a exclusão social e produtiva, a degradação do meio ambiente e é gerador da violência no campo. Buscaremos sensibilizar e obter a solidariedade e o apoio da sociedade civil, nacional e internacional e o comprometimento dos órgãos do Estado para implantação de políticas contra a violência e a impunidade e pela realização da Reforma Agrária. Também queremos assegurar a agilização das ações judiciais e a conclusão dos processos dos casos prioritários, com a condenação dos responsáveis pelos crimes.

Para se ter uma idéia da gravidade da situação de impunidade no campo, basta que se analise os dados registrados pela CPT - Comissão Pastoral da Terra. Durante os últimos 20 anos foram assassinados mais de 1.385 trabalhadores rurais, lideranças e ativistas ligados aos movimentos sociais de luta pela terra e pela reforma agrária no Brasil. Destes casos, somente 77 foram julgados, com a condenação de apenas 15 mandantes e 65 executores. 523 destes assassinatos aconteceram no estado do Pará e apenas 10 casos foram a julgamento, com a condenação de 5 mandantes e 8 executores. Mesmo assim, todos os executores condenados fugiram da cadeia. Três fazendeiros condenados como mandantes de assassinatos de sindicalistas estão em liberdade - um cumpre sua pena em prisão domiciliar e os outros dois aguardam julgamento de recursos em liberdade há dois anos-, devido à parcialidade e morosidade da Justiça.

Ainda como reflexo da situação de impunidade, existem atualmente 266 pessoas ameaçadas de morte, segundo dados parciais da CPT. São trabalhadores rurais sem terra, acampados, assentados e agricultores familiares, dirigentes sindicais, funcionários públicos, agentes pastorais, religiosos, índios, quilombolas, entre outros.

O número real de trabalhadores submetidos à escravidão não é conhecido, pois só é possível o registro daqueles que obtêm sucesso na fuga e conseguem oferecer denúncia. Estima-se que o trabalho escravo atinge cerca de 25 mil trabalhadores de forma mais ou menos permanente no Brasil. Em 2005, o Grupo Especial de Fiscalização Móvel do MTE - Ministério do Trabalho e Emprego, realizou 81 operações de combate ao trabalho escravo, com fiscalização em 183 fazendas e a libertação de 4.585 trabalhadores.

No Estado do Espírito Santo existem casos de trabalho escravo. Como exemplo, a Delegacia Regional do Trabalho em fiscalização conjunta realizada com a Polícia Federal no município de Jaguaré, no Norte do Espírito Santo, prendeu em flagrante um fazendeiro que mantinha 29 empregados em regime degradante de trabalho. Todos são da Bahia e foram trazidos no período da colheita de café.

A solução dos problemas e da violência contra os trabalhadores rurais exige ações permanentes dos Governos, pela realização da reforma agrária e contra a impunidade e o crime organizado. Devem envolver as instituições do Estado, as polícias, os governos estaduais e o judiciário contra todos aqueles que insistem em desafiar e enfrentar as leis, o Estado de direito e as autoridades constituídas.

É urgente que o poder judiciário priorize o julgamento dos crimes contra os trabalhadores rurais e de outras lideranças no campo. Para por um fim à impunidade é fundamental concluir com rapidez os inquéritos de todos os casos pendentes, levar a julgamento e manter presos todos os culpados pelas atrocidades cometidas contra os trabalhadores rurais de todo o Brasil. Sabemos que, mesmo com estas medidas, ainda será necessário um grande esforço para erradicar a violência no campo no Brasil.

Mas acreditamos, também, que só a luta será capaz de alterar os padrões atuais de violação de direitos e de impunidade. Neste sentido, esta campanha internacional contra a violência no campo pretende ser mais um importante instrumento nesta luta. Esperamos que ela tenha ampla adesão e parcerias com organizações, movimentos, meios de comunicação e personalidades que, assim como nós, acreditam e lutam por um Brasil Sustentável e Solidário, com reforma agrária e paz.

 

Publicado el 7 de julho de 2006 

 

 

12 de julho de 2006

 

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