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Fórum paralelo debate
violência no campo |
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Paralelo à conferência da FAO sobre reforma agrária, que
se realiza em Porto Alegre, um debate abordou ontem o
tema da violência no campo. A questão da disputa por
terras no Norte do Brasil, principalmente na Amazônia,
marcou a discussão promovida pela União Internacional de
Trabalhadores da Alimentação e Agricultura (UITA) e
CONTAG. O caso do assassinato da missionária
norte-americana Dorothy Stang foi abordado.
Professor de direito agrário na Universidade Federal do
Pará, Girolano Treccani ressaltou a importância de
proteger a vida ao invés da propriedade individual.
“Áreas que não cumprem sua função social acabam
recebendo decisões favoráveis da Justiça”, criticou.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, presente no
debate, aproveitou para destacar as ações do governo
Lula. “Estamos fazendo regularização fundiária, o que há
30 anos não ocorria no Brasil. Isso é importante, ainda
mais na Amazônia, onde 40% das terras são públicas. Por
isso, estamos pedindo o recadastramento de todas as
propriedades, onde cerca de 60 mil estavam irregulares”.
Segundo ela, 15 milhões de hectares de terra (tamanho do
Acre) foram transformados em unidades de conservação
ambiental nos últimos três anos, outros nove milhões
viraram áreas índigenas. “Diferentemente de governos
anteriores, demarcamos áreas que estavam em conflito”,
afirmou.
Ainda ontem, o ministro do Desenvolvimento Agrário,
Miguel Rossetto, foi indicado para a presidência da II
Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e
Desenvolvimento Rural (Ciradr). Os representantes das
delegações da Áustria, Austrália, Fiji, EUA e Madagascar
foram escolhidos como vice-presidentes.
Para o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, as Metas do
Milênio da ONU reconhecem a importância do
desenvolvimento rural para a redução da pobreza até
2015. “As metas vão ser alcançadas ou perdidas nas áreas
rurais. A pobreza absoluta está concentrada no campo e
nos países em desenvolvimento”, explicou.
Para o presidente do Fundo Internacional de
Desenvolvimento Agrícola (Fida), Lennart Bage, depois do
último encontro, há 27 anos, em Roma, as perspectivas de
melhoras no campo não foram promissoras. O crescimento
da população e a degradação ambiental aumentaram a
pressão sobre a pobreza. “O cenário não é encorajador e
temos o dever de fazer mais para melhorar”.
Jornal Do Comércio
8 de março de 2006
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