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Viúvas e filhas de ativistas rurais
denunciam violência no campo durante
lançamento de campanha |
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Maria Joel da Costa, Edna Cavalcante, Elenira Bezerra
Mendes e mais de 30 viúvas e filhas de ativistas
assassinados e líderes rurais jurados de morte
participaram hoje (7) do lançamento da Campanha
Internacional de Combate à Violência no Campo no Brasil.
"Foi muito difícil criar quatro filhos sozinha,
continuar em busca da terra e de justiça pelo
assassinato de meu marido", denunciou Maria Joel da
Costa, de 42 anos, que viu seu marido, José Dutra da
Costa, o "Dezinho", ser morto em novembro de 2000, em
Rondon do Pará (PA). Hoje presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais da cidade, a 500 quilômetros de
Belém, ela falou no lançamento da campanha que muitas
mulheres no estado vivem a mesma situação.
Elenira Bezerra Mendes contou que tinha apenas dois anos
quando presenciou o assassinato de seu pai, o
ambientalista Chico Mendes, em 1988. Ela destacou as
marcas deixadas pela impunidade: "Foi terrível para
minha mãe enfrentar sozinha a luta de criar a mim e meu
irmão, com apenas um ano na época, e também ter que
lutar por justiça". Elenira preside a Fundação Chico
Mendes e luta em defesa dos direitos dos seringueiros.
A gaúcha Elizete Hintz, coordenadora da Comissão das
Mulheres Trabalhadoras Rurais, da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS),
denunciou a violência sexual sofrida pelas mulheres e a
"falta de uma reforma agrária que permita a saida dessas
mulheres de baixo das lonas na beira de estradas, onde
estão há mais de cinco anos".
A campanha, com o lema Chega de violência, corte este
mal pela raiz, foi lançada hoje (7) na 2ª Conferência
Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento
Rural, denuncia a impunidade em relação à morte de mais
de 1,5 mil pessoas em conflitos pela terra nos últimos
20 anos, no Brasil.
Shirley Prestes
Agência Brasil
7-03-2006
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