Montevideu, 24 de agosto de 2009
Exmo. Presidente da República Federativa do
Brasil
Sr. Luís Inácio Lula da Silva
Brasília – Distrito Federal
Palácio do Planalto
Excelentíssimo Senhor Presidente,
Recebemos consternados a notícia de que nosso
companheiro Élio Neves, secretário-geral
da Federação dos Empregados Assalariados Rurais
do Estado de São Paulo (FERAESP),
organização
filiada à UITA, sofreu um atentado com o
objetivo de assassiná-lo.
Élio
foi baleado na cabeça enquanto dormia, o que não
deixa dúvidas de que a ação foi premeditada,
visando executá-lo.
Conhecemos Élio Neves há muitos anos, e
sempre acompanhamos e apoiamos as lutas
exemplares da FERAESP por melhores
condições de trabalho e por uma vida digna para
os trabalhadores e trabalhadoras rurais de São
Paulo e do Brasil.
Este atentado contra a vida de um dos dirigentes
sindicais mais destacados do país revela, mais
uma vez, a violência que marca os conflitos
vinculados à terra no Brasil onde,
enquanto cresce o número de homicídios, cresce
também a lista de ameaçados de morte.
No dia 21 de agosto
próximo passado, uma sexta-feira, o militante do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), Eltom Brum da Silva,
foi assassinado
por um agente da
Brigada Militar do Rio Grande do Sul,
durante a desocupação da fazenda Southall. Os
ocupantes estavam desarmados.
A violência no campo
não é novidade, é um mal endêmico e se vincula à
estrutura antidemocrática
e à concentração brutal da propriedade da terra
no Brasil. Tem sua razão de ser nas
formas feudais de exploração do setor
agropecuário, especialmente no caso do
sucroalcooleiro, dominante na região onde a
FERAESP atua.
Desde 2005 a UITA, junto com a
Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (CONTAG), também filiada à
UITA, está desenvolvendo a
campanha internacional “Basta de violência no
campo! Arranque esse mal pela raiz!”, cujo
objetivo é denunciar esta violência constante,
suas causas e consequências.
Este atentado contra a vida de Élio Neves
expressa com toda crueza a verdadeira
transcendência do conflito pela terra que o
Brasil arrasta desde sempre, sem nunca ter
encontrado uma solução satisfatória. Atenta-se
contra um dos maiores líderes do país na luta
pelo Trabalho Decente na agricultura.
Está claro que esta ação criminosa pretende
minar a ação dos sindicatos em sua luta por
condições dignas de trabalho e de vida dos
assalariados rurais. Uma luta para que o
trabalho feudal e escravagista deixe de ser uma
execrável realidade, que degrada não só o meio
rural mas a sociedade brasileira como um todo.
Os donos da terra, historicamente privilegiados
pelos governos de plantão, bem como os altos
índices de impunidade são a fonte desta
violência criminosa. Os sicários a serviço dos
latifundiários e dos grupos de poder são parte
de um modelo de produção excludente e violento.
Eles sabem muito bem que, sempre que dispararem
suas armas, a impunidade voltará a carregá-las.
A UITA,
junto com suas 375 organizações em 120 países,
repudia este atentado contra o companheiro
Élio Neves e denuncia com indignação este
ato criminoso como o resultado das enormes,
aberrantes e anacrônicas desigualdades que
existem no campo brasileiro, especialmente entre
os donos da terra e os trabalhadores
rurais.
Exigimos que este
caso seja investigado até as suas últimas
consequências, para que seja identificado não só
quem apertou o gatilho, mas também aquele que
colocou a arma na mão
e o dinheiro no bolso do assassino para que
executasse Élio Neves.
Excelentíssimo Senhor Presidente, sabemos do
compromisso pessoal de Vossa Excelência com a
luta dos trabalhadores rurais e com o
desenvolvimento da agricultura familiar. Esta é
a ocasião na qual a influência política de Vossa
Excelência deve ser o amparo principal de todos
e todas que lutam contra o medo, o terror, a
ambição sem limites, a exploração selvagem, a
destruição do meio ambiente. Vossa Excelência
deve ser o escudo que protege aqueles que
diariamente arriscam a vida para defender os
direitos dos mais fracos e para lutar pela
liberdade de todos.
A luta de Élio Neves e da FERAESP
é a nossa luta.
Em nome da verdade e da justiça
Basta de violência no campo!
Respeitosamente,
Gerardo Iglesias
Secretário Regional UITA
CC.
Organização dos Estados Americanos (OEA) |
Anistia Internacional | Human Right | Federação
dos Jornalistas da América Latina e do Caribe
(FEPALC) |
Federação
Internacional dos Jornalistas (FIP) |
Organização Internacional do Trabalho (OIT) |
Ministério do Trabalho-Brasil | Ministério da
Justiça-Brasil | CONTAG Brasil | CONTAC Brasil
| MST Brasil | Central Única de Trabalhadores
(CUT-Brasil) | Força Sindical Brasil |
Confederação Nacional dos Trabalhadores da
Indústria da Alimentação (CNTA-Brasil) |
Movimento de Justiça e Direitos Humanos
(MJDH–Brasil) | PIT–CNT Uruguai | Associação da
Imprensa Uruguaia (APU) | UTRASURPA Uruguai |
SITRACITA Uruguai | Central Geral de
Trabalhadores do Perú (CGTP) | Central de
Trabalhadores da República do Panamá (CTRP) |
Confederação Sindical das Américas (CSA) |
Confederação Sindical Internacional (CSI) | U.S.
Labor Education in the Americas Project (USLEAP)
| Conselho de Educação de Adultos da América
Latina (CEAAL) | Central Geral do Trabalho
(CGT–Argentina) | União Argentina dos
Trabalhadores Rurais e Estivadores UATRE |
Confederação de Associações Sindicais da
Indústria da Alimentação (CASIA-Argentina) |
Federação Internacional dos Trabalhadores de
Têxtil, Vestuário e Couro (FITTVC) | Centro da
Mulher Peruana Flora Tristán | Central Unitária
dos Trabalhadores (CUT - Colombia) | União
Agroalimentar da Colômbia UNAC | Sindicato
Nacional dos Trabalhadores da Indústria
Agropecuária (SINTRAINAGRO–Colombia) | Federação
Sindical dos Trabalhadores da Alimentação e
Afins (FESTRAS-Guatemala) | 3F Dinamarca | O/Tco
Suécia | NGG Alemanha | SASK Finlândia | SEL
Finlândia | Global Labour International
(GLI-Suíça) | Comissões Obreiras (CCOO-Espanha)
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Alimentação, Agricultura e Turismo EFFAT |
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