internacional

Enviar este artículo por Correo Electrónico               

Honduras

Pedindo a Deus…

e baixando o porrete

O golpismo fala de diálogo, mas aumenta a repressão.

Mais sangue derramado.

 

Segundo dados do Comitê de Familiares de Detidos Desaparecidos de Honduras (COFADEH) seriam 17 as pessoas mortas em razão da violência desencadeada pelas forças repressoras após o dia 28 de junho. São centenas de feridos e chegam a quase a cem o número de cidadãos e cidadãs que sofrem a acusação de sedição, por terem defendido a ordem constitucional quebrada pelo golpe de Estado.

 

Enquanto o governo de fato continua falando de diálogo e mantém um decreto que anulou as liberdades individuais e coletivas, o solo hondurenho inunda-se novamente do sangue dos seus mártires.

 

Após a morte, no dia 26 de setembro passado, de Wendy Elizabeth Ávila, de 24 anos,  afetada pelos gases lacrimogêneos lançados pela Polícia durante a desocupação em frente à Embaixada do Brasil, na sexta-feira passada, dia 2, o professor Mario Fidel Contreras Moncada, de 50 anos, membro ativo da Resistência e filiado ao Colégio de Professores de Ensino Médio de Honduras (COPEMH), foi assassinado a poucos metros da sua casa com dois disparos na cabeça por duas pessoas que estavam em uma moto sem placa.

 

“Já são cinco os docentes que foram assassinados desde que foi dado o golpe de Estado, e isto nos causa muita frustração", disse ao Sirel o delegado do COPEMH, Oscar Recarte.

 

"Não podemos enterrar um professor a cada semana, devido ao fato de o magistério ser parte fundamental nesta luta contra o golpe. Se nos tiraram as garantias constitucionais, se estamos sendo assassinados, então nos perguntamos até quando poderemos aguentar tudo isso?

 

“Todos os povos do mundo precisam saber o que está acontecendo e não vamos continuar aceitando ver os nossos companheiros serem assassinados”, concluiu Recarte.

 

Praticamente ao mesmo tempo, na aldeia de Canculuncos, departamento de Santa Bárbara, o dirigente camponês Lenca e membro da Resistência, Antonio Leiva, foi sequestrado e, posteriormente, cruelmente assassinado por desconhecidos.

 

No sábado dia 3 morria também Olga Osiris Uclés, de 35 anos, mãe de quatro filhos, membro ativo da Resistência e funcionária da Secretaria de Saúde, quem no dia 30 de setembro foi afetada pelos gases lacrimogêneos lançados pela Polícia para dispersar a manifestação pacifica em frente à fechada Radio Globo.

 

 

Perseguição, repressão e criminalização da resistência

 

Segundo uma pesquisa realizada pelo COFADEH, seriam 96 as pessoas acusadas perante os tribunais pelo suposto delito de sedição contra a segurança do Estado, como nova medida para aterrorizar os membros da Resistência contra o golpe de Estado.

Os detentos, que se declararam prisioneiros políticos, são atualmente 45.

 

Entre eles, se destacam os casos de Agustina Flores López, irmã da diretora do Conselho Cívico de Organizações Populares e  Indígenas de Honduras (COPINH) e da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado, Bertha Cáceres, e dos 38 camponeses que realizaram a ocupação do Instituto Nacional Agrário (INA) e que, desde o dia 1 de outubro, se declararam em greve de fome.

 

“Os 38 membros das três confederações camponesas estão atualmente detidos no Centro de Diagnóstico da Penitenciária Nacional, esperando que, na próxima terça-feira dia 6, se inicie a audiência preliminar na qual o juiz decidirá se lhes serão concedidas medidas cautelares ou se permanecerão na prisão - disse Bertha Oliva, presidente do COFADEH.

 

“Estamos preocupados com a sua intenção de continuar com a greve de fome, porque já lhes foram detectadas várias doenças e, por isso, todos os dias uma equipe de médicos voluntários está monitorando o seu estado de saúde”.

 

Diante desta brutal repressão, o COFADEH divulgou um documento de posicionamento, no qual exige da Corte Suprema e do Ministério Público que deixem de "dar as costas à justiça e que respondam aos mais de 15 recursos apresentados junto à Sala do Constitucional, pela série de violações aos direitos humanos cometidas pelo atual regime”.

 

Condena também “a aplicação do decreto executivo PCM-M-016-2009 com o qual são suspensas por 45 dias as garantias constitucionais em detrimento da integridade do povo hondurenho”, o fechamento da Radio Globo e do Canal 36 em violação ao direito de estar informado e os assassinatos cometidos pelos corpos repressores do governo de fato.

 

Finalmente, o COFADEH manifesta que “nenhuma destas mortes serão esquecidas, nem mesmo os seus autores conseguirão se esconder por muito tempo sob o manto da impunidade”. 

Em Tegucigalpa, Giorgio Trucchi

Rel-UITA

9 de outubre de 2009

 

 

 

 Fotos: Giorgio Trucchi

+ INFORMACIÓN

 

  UITA - Secretaría Regional Latinoamericana - Montevideo - Uruguay

Wilson Ferreira Aldunate 1229 / 201 - Tel. (598 2) 900 7473 -  902 1048 -  Fax 903 0905