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Comissão Interamericana de Direitos
Humanos
“Aqueles que violaram os direitos
humanos
devem ser julgados e punidos”
O golpe de Estado criou uma situação de
ilegitimidade democrática |
A missão que a Comissão
Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH) realizou em
Honduras, de 17 a 21 de
agosto de 2009, com o
objetivo de observar a
situação de direitos humanos
no contexto do golpe de
Estado, ocorrido dia 28 de
junho passado, encerrou-se
com a apresentação de um
relatório preliminar que
revelou a aberta e reiterada
violação dos direitos
humanos por parte do governo
de fato e de seus órgãos
repressores. A Comissão
pediu uma exaustiva
investigação para julgar os
responsáveis pelas
barbaridades cometidas
contra o povo hondurenho.
Luz Patricia
Mejía Guerrero |
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A delegação da CIDH,
órgão principal e autônomo
da OEA, cujo mandato
surge da Carta da OEA
e da Convenção Americana
sobre Direitos Humanos,
reuniu-se com representantes
do governo de fato,
instituições do Estado,
Forças Armadas e Polícia,
bem como com setores da
sociedade civil, recebendo
mais de uma centena de
pessoas que apresentaram
denúncias, testemunhos e
informações.
Durante sua visita, a
Comissão “confirmou a
existência de um padrão de
uso desproporcionado da
força pública, detenções
arbitrárias e controle das
informações com o intuito de
limitar a participação
política de um setor da
cidadania. Também constatou
a repressão exercida contra
as manifestações, através da
colocação de bloqueios
militares, da aplicação
arbitrária de toques de
recolher, da detenção de
milhares de pessoas, do
tratamento cruel, desumano e
degradante, e das péssimas
condições de detenção”,
assinala parte do relatório
preliminar.
Neste contexto de aberta
violação dos direitos
humanos, as forças
repressoras partiram,
principalmente, para cima
das mulheres.
Segundo Luz Patricia
Mejia Guerrero,
presidenta da CIDH,
“Recebemos testemunhos
consistentes de muitas
mulheres cujos direitos
foram violados
principalmente pelo fato de
serem mulheres, isto é,
nestes casos a repressão
considerou esse componente
adicional.
Soubemos, também, de vários
casos de humilhação, abusos
sexuais e um caso de estupro
cometido por quatro
policiais”, denunciou
Mejia Guerrero.
CIDH denuncia assassinatos
Além dos vários feridos por
arma de fogo, produto da
repressão do Exército e da
Polícia, a Comissão
denunciou também “a morte de
quatro pessoas sobre as
quais é necessária uma
investigação exaustiva,
considerando que foram
recebidas informações que
poderiam vincular estas
mortes com as ações dos
agentes de Estado”.
O relatório preliminar
revelou também um alto grau
de violação à liberdade de
expressão e uma presença
injustificada de militares
em diferentes níveis da vida
civil.
“O controle da informação
tem sido exercido através do
fechamento temporário de
alguns meios de comunicação,
a ocupação militar dos
mesmos, a proibição de
emitir o sinal de certos
canais de televisão por cabo
que informavam sobre o golpe
de Estado, a aplicação
seletiva de cortes de
energia elétrica afetando a
transmissão de meios
audiovisuais que informavam
sobre o golpe de Estado.
Também denunciou agressões e
ameaças a jornalistas de
meios com diferentes
posições editoriais, que
geraram um ambiente de
intimidação que inibe o
livre exercício da liberdade
de expressão1.
A Comissão –continua o
relatório– pôde constatar
que a ruptura da ordem
constitucional,
originada pelo golpe de
Estado, está acompanhada de
uma forte presença militar
em diversos níveis da vida
civil, da suspensão de
garantias mediante a
implementação de um toque de
recolher que não atende aos
padrões do sistema
interamericano, e da
ineficácia dos recursos
judiciais para salvaguardar
os direitos essenciais das
pessoas”. |
Houve ruptura da ordem
institucional
Para Luz Patricia Mejia
Guerrero, “O golpe de
Estado criou uma situação de
ilegitimidade democrática
que tem um impacto negativo
sobre a vigência dos
direitos humanos de todos os
habitantes de Honduras.
Isto significa –continuou
Mejia Guerrero– que as
autoridades hondurenhas têm
a obrigação de investigar,
julgar e sancionar os
culpados pelas violações aos
direitos humanos, além de
indenizar os seus
familiares. |
O processo interno deve ser
iniciado e concluído. Da
mesma forma, a
responsabilidade
internacional em matéria de
direitos humanos persiste e,
em qualquer caso, a CIDH
tomará conhecimento
daqueles casos nos quais a
justiça interna do país não
tenha garantido os direitos
das pessoas”, asseverou a
presidenta da CIDH
durante uma conferência de
imprensa em Tegucigalpa.
Em seu relatório, a CIDH
esclareceu, também, que
o efetivo cumprimento dos
direitos humanos de todos os
habitantes de Honduras
só será possível através do
retorno das instituições
democráticas ao país, e
instou o governo de fato a
adotar “medidas urgentes
para garantir o direito à
vida, à integridade e à
liberdade pessoal de todas
as pessoas, e não colocar
nenhum obstáculo à tarefa, a
ser realizada pela
Promotoria de Direitos
Humanos, de investigar a
totalidade das violações
ocorridas no contexto do
golpe de Estado”.
A delegação da CIDH
era composta por sua
presidenta, Luz Patricia
Mejia Guerrero, pelo
primeiro Vice-presidente
Victor Abramovich, pelo
segundo Vice-presidente
Felipe González, pelo
Comissário Paolo Carozza,
pelo secretário executivo
Santiago Cantón e pela
relatora especial para a
Liberdade de Expressão,
Catalina Botero. |
La misión que la Comisión Interamericana
de
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Em Tegucigalpa,
Giorgio Trucchi
Rel-UITA
1
de setiembre de 2009 |
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Fotos:
Giorgio Trucchi
1 - Na noite de domingo 23 de agosto, um
grupo de paramilitares encapuzados e armados
destruíram os transmissores da Rádio Globo e
do Cholusat Sur Canal 36, lançando um
líquido abrasivo, depois de imobilizar o
pessoal de vigilância no setor do Cerro
Canta Gallo, ao sul da
capital Tegucigalpa.
O atentado foi contra dois dos poucos meios
que, a partir do dia 28 de junho passado,
condenaram o golpe de Estado e informaram
sobre as repetidas violações aos direitos
humanos por parte do governo de fato. Isto é
parte de uma campanha de intimidação e de
violação do direito de livre expressão
reconhecida e condenada pela CIDH.
No momento em que esta nota está sendo
redigida a Rádio Globo voltou a transmitir
com um equipamento de emergência, enquanto
que o Canal 36 poderá ficar alguns dias fora
do ar.
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