O Sindicato dos
Trabalhadores do Instituto Nacional Agrário (SITRAINA), filiado à UITA, está
participando ativamente na resistência ao Golpe de Estado. Em contato com Sirel,
Manuel de Jesús Sosa, presidente do Sindicato, dissipou rumores e proporcionou
informação de primeira mão sobre o que está acontecendo em Tegucigalpa.
-Temos
informação de que haveria dois companheiros do SITRAINA sequestrados neste
momento, você pode confirmar esta informação?
-Há
companheiros e companheiras em varias regiões do país mobilizados em favor da
restituição da democracia e do retorno do presidente Manuel Zelaya ao seu
cargo. Há neste momento dois companheiros que foram juntamente com outras
pessoas para a região de El Paraíso, na fronteira com a Nicarágua, que
quase foram detidos pela Polícia quando estavam chegando à cidade de Danlí. Eles
conseguiram escapar e tiveram que se refugiar na casa de amigos. Estão
virtualmente sequestrados já que não podem sair de lá. A Polícia e o Exército
não deixam que retornem à capital e nem podem chegar a El Paraíso, onde há
muitas pessoas completamente isoladas entre dois operativos militares, sem
comida, sem abrigo, sem atendimento médico.
-Onde você
está agora?
-Neste momento
estamos em uma passeata em Tegucigalpa. Ocupamos o nosso Instituto Nacional
Agrário, onde ninguém está indo trabalhar. O Sindicato de Trabalhadores da
Indústria das Bebidas e Similares (STIBYS) também está ocupando várias
avenidas nas proximidades da sua sede, onde ontem sofreram um atentado. A cidade
está paralisada porque como estas há muitas avenidas ocupadas e ruas cortadas.
- Como está
o moral das pessoas e o que esperam que aconteça nos próximos dias?
-O moral está
muito alto, não só da nossa parte mas também de todo o povo hondurenho que
maciçamente revelou uma enorme resistência contra o golpe de Estado. E por mais
que nos ameacem e nos matem como estão fazendo, já perceberam que esta vez não
vamos retroceder. Há companheiros nossos que já chegaram a cruzar a fronteira e
estão apoiando o presidente Zelaya em Nicarágua. Aqui as pessoas
estão protegendo a Rádio Globo* e o Canal 36, porque são os únicos
meios de comunicação que estão dizendo a verdade, os restantes mentem e negam
tudo o que o povo hondurenho está fazendo. O país está em estado de sítio, mas o
que estamos vivendo é também uma insurreição pacífica. Sem o povo não se pode
governar um país. Sabemos que este golpe não deve prosperar porque não só seria
nefasto para nós, como também para todos os países da América Latina.
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