Relatório Final
Missão Sindical Internacional
de Solidariedade com Honduras
A
Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas
(CSA/CSI) e as Federações Sindicais Internacionais (FSI), no
encerramento da Missão de solidariedade sindical internacional com o
povo de Honduras, informam os principais aspectos de sua presença
durante o período de 05 a 08 de agosto naquele país.
Destacamos o espírito de luta, o compromisso e a perseverança do
povo de Honduras, de suas organizações sociais e, especialmente, das
centrais sindicais nacionais CUTH, CTH e CGT. Hoje, passados 42 dias
do golpe de estado, ainda não cessaram de empenhar-se pela
restituição do presidente José Manuel Zelaya Rosales e o
restabelecimento das instituições democráticas no país. Esta
demonstração se torna evidente nas centenas de mobilizações,
concentrações, vigílias e outros atos de resistência, caracterizados
por sua natureza pacífica, altamente participativa e unitária.
Diante da cada vez mais maciça presença do povo mobilizado, o regime
de fato recorreu à repressão em massa, às ameaças e ações seletivas
de intimidação contra a direção popular, buscando deter o
descontentamento popular. O regime golpista pretende transmitir uma
sensação de normalidade, quando são impossíveis de deter as
mobilizações, os bloqueios de estradas, a suspensão dos serviços
públicos e a quase paralisação das atividades em setores como o
turismo, o transporte público, a saúde e a educação.
O
governo de fato de Roberto Micheletti e os poderes públicos e
privados que o apoiam continuam ignorando todas as resoluções das
instituições internacionais como a ONU, a OEA e a UE, assim como a
condenação unânime dos governos do mundo diante do golpe de Estado.
A missão não observa, de parte dos golpistas, qualquer disposição
para aceitar o Acordo de San José, mediado pelo presidente Oscar
Arias, cujas condições representam sérias limitações para o
verdadeiro restabelecimento da democracia e um risco para as
aspirações soberanas daqueles que pretendem transformações
democráticas para o país. A missão observou e, consequentemente,
ratifica sua condenação ao cerco sobre a mídia e a manipulação dos
meios de comunicação a serviço do golpe de Estado, os quais mantêm
uma campanha de terrorismo na mídia, baseada no ódio e na difamação
dos principais dirigentes da Frente Nacional de Resistência Contra o
Golpe de Estado, Organismos de Direitos Humanos, comunicadores
sociais e outros líderes sociais, atitude que põe em sério risco a
vida e a integridade pessoal destes companheiros e companheiras.
Em
concordância com a Frente Nacional de Resistência ao Golpe e com as
centrais sindicais nacionais, a missão sindical internacional de
solidariedade, junto às centrais sindicais nacionais, considera que
os próximos dias serão chaves para a resolução do conflito em
Honduras e, diante desta situação, propõe o seguinte:
·
Manter e aprofundar a solidariedade internacional do movimento
sindical e de outros movimentos sociais com a luta do povo
hondurenho, até a restituição do presidente José Manuel Zelaya e o
restabelecimento das instituições democráticas.
·
Dirigir especial atenção à ação do sindicalismo internacional frente
ao governo dos Estados Unidos da América para a efetiva aplicação
das resoluções da OEA sobre o Golpe de Estado em Honduras. Solicitar
às organizações sindicais dos EUA que acompanhem diretamente as
referidas ações.
·
Realizar uma jornada de solidariedade internacional com o povo
hondurenho, no próximo dia 11 de agosto, e continuar esse apoio no
dia 12, quando o heróico movimento de resistência social, vindo da
frente noroeste, ingressará na cidade de San Pedro Sula e, vindo da
frente Centro sul, chegará à capital Tegucigalpa.
·
Pressionar os organismos internacionais de comércio e finanças para
que adotem medidas que evitem a sobrevivência do regime golpista.
·
Manter o acompanhamento dos casos de violação dos direitos humanos e
das ações internacionais para evitar sua impunidade.
·
Coordenar ações que incluam mobilizações nas regiões de fronteira de
Honduras, envolvendo as organizações sindicais dos países
fronteiriços e as instâncias sindicais de coordenação subregional.
·
Estabelecer e manter uma rede de apoio material, moral e humano
respaldando as ações destinadas à restituição da democracia e da
ordem constitucional.
·
Apoiar as iniciativas e o importante papel desempenhado pelo
movimento sindical hondurenho na construção de um novo cenário
sócio-político e na formulação de propostas políticas que gerem um
novo projeto de país.
Tegucigalpa, agosto de 2009
A Missão Sindical de Solidariedade com Honduras é
integrada por representantes da CSA/CSI, CTA y CGT Argentina, UGT, e
Força Sindical Brasil, CGT Colômbia, CNUS da República Dominicana,
CTRN e CSACC, Costa Rica, CGTG e CCT Guatemala, UGT Espanha,
Internacional da Construção e da Madeira (ICM), Federação
Internacional de Trabalhadores na Indústria Metalúrgica (FITIM),
Federação Internacional do Transporte (ITF), União Internacional de
Trabalhadores da Agricultura e da Alimentação (UITA), Internacional
de Serviços Públicos (ISP), UNI Américas e Internacional d Educação
(IE).
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