A pressão dos últimos dias, feita pela
comunidade internacional, assim como a
presença em Honduras do subsecretário de
Estado norte-americano para Assuntos do
Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, e
de uma nova delegação da OEA, parecem
ter forçado o presidente de fato,
Roberto Micheletti, a assinar o ponto
número 6 do Acordo de San José, que
prevê uma solicitação ao Congresso
Nacional para que reverta a situação dos
poderes do Estado à situação anterior a
28 de junho.
A notícia, que chegou um dia após
cumprir-se quatro meses do golpe de
Estado e faltando um mês para as
eleições nacionais, desencadeou a
euforia de centenas de milhares de
hondurenhos que saíram às ruas em
comboios de veículos, mostrando as suas
bandeiras e faixas da Resistência por
todo o país.
Em Tegucigalpa, as pessoas se
dirigiram,altas horas da noite, para a
Rádio Globo, no Boulevard Morazan, no
centro, bloqueando o tráfego e cantando
vitória.
Apesar da evidente satisfação, o
presidente Manuel Zelaya
pediu calma ao povo hondurenho,
explicando que por enquanto é um
primeiro passo importante para a
restauração da ordem democrática no
país.
"Peço ao povo hondurenho para ter calma,
sem zombar de ninguém. As comissões
assinaram hoje o ponto mais difícil e
amanhã, 30 de outubro, vamos assinar
todo o documento que consiste de oito
pontos. Temos agora de fazer um plano de
trabalho para a execução de todos os
pontos, incluindo a restauração do
sistema democrático.
Estou satisfeito e otimista -continuou
Zelaya- e agradeço a toda a
comunidade internacional por ter apoiado
esta solução. Restituir um governo com
tudo o que aconteceu, é um fato
histórico para a nossa sociedade e para
toda a comunidade latino-americana.
Estamos fazendo escola, sendo um exemplo
de paz e de democracia para o mundo.
No entanto, trata-se de um processo, de
um plano que deve ser executado.
Primeiro iremos construir um calendário,
e então levá-lo ao Congresso Nacional e
os deputados tomarão as medidas que lhe
competem dentro da separação de poderes
e, finalmente, estaremos participando de
todo o processo de reconstrução da
democracia através da minha iminente
restituição ao cargo de presidente
eleito pelo povo até o dia 27 de janeiro
de 2010- explicou o legítimo presidente
de Honduras.
Minutos antes de terminar o dia 29 de
Outubro, a comissão de negociação do
presidente Manuel Zelaya
Rosales concedeu uma entrevista à
imprensa para divulgar o conteúdo do
acordo assinado com a Comissão do
presidente de fato, Roberto
Micheletti.
Victor Meza,
um membro da comissão de negociação do
presidente Zelaya, leu o texto do
acordo que estabelece que "para alcançar
a reconciliação e fortalecer a
democracia, ambas as comissões
negociadoras decidiram respeitosamente
solicitar que o Congresso Nacional, como
uma expressão institucional da soberania
popular, no exercício de sua
competência, consultando as instâncias
que considere pertinentes, como a Corte
Suprema de Justiça, e em conformidade
com a lei, irá resolver no que for
procedente para reverter a titularidade
do Poder Executivo ao seu estado
anterior a 28 Junho de 2009, até a
conclusão do período de governo atual,
em 27 de janeiro de 2010.
A decisão do Congresso Nacional deverá
servir de base para se alcançar a paz
social, a tranqüilidade política e a
governabilidade democrática que a
sociedade exige e que o país necessita."
Meza
disse, também, que nenhum dos oito
pontos que compõem o acordo, por si só,
tem um valor individual, mas eles estão
relacionados entre si e são parte
integrante de um todo que se chama
Acordo de San José, com o único objetivo
de restaurar a ordem constitucional no
país.
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