Líder do MST é assassinado em Alagoas |
|
O sem-terra Jaelson
Melquíades dos Santos, 25, uma das
principais lideranças do MST em Atalaia (44 km de Maceió),
foi morto hoje com pelo menos um tiro na cabeça na estrada
de acesso ao assentamento Timbozinho, onde morava com a mãe
e a mulher. O delegado Gilson Rêgo Sousa, que instaurou
inquérito sobre o assassinato, disse que moradores do
assentamento ouviram tiros e correram para a estrada. Santos
foi encontrado caído ao lado da moto que dirigia.
Testemunhas disseram que viram dois homens em uma outra moto
deixar o local. Eles usavam capacetes.
O crime aconteceu por volta das 12h (13h no horário de
Brasília). Até o final da tarde, o Instituto de
Criminalística ainda não havia concluído a perícia no local
e o corpo não havia sido transferido ao IML (Instituto
Médico Legal) em Maceió. Segundo o delegado, a disputa de
terras entre o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) e fazendeiros da região é uma das linhas de
investigação sobre o crime. "Temos três linhas de
investigação, mas não podemos adiantar muito sobre elas. A
disputa de terras -não entre os movimentos, mas com
fazendeiros da região- é uma delas", disse o delegado.
Hoje, as primeiras testemunhas no inquérito começarão a ser
ouvidas. Para a direção estadual do MST, o crime foi uma
reação dos fazendeiros da região contra o movimento. "Vieram
para executar. Tudo leva a suspeitar que foi um crime de
latifundiários. Esperamos que o Estado não deixe este crime
impune", disse José Carlos Silva, coordenador estadual do
movimento, que esteve no local.
O advogado Daniel Nunes, que representa integrantes do MST
em questões judiciais, disse que Santos era citado por
fazendeiros da região em ações contra o movimento. De acordo
com a Superintendência do Incra em Alagoas, a área onde o
agricultor foi assassinado não era ainda um assentamento e
estaria em processo de desapropriação. O Incra confirma que
a área é um dos focos de conflito agrário no Estado.
A área pertencia à
Usina Ouricuri, em Atalaia, que decretou
falência na década de 80. Desde então, as terras passaram a
ser reivindicada por movimentos sociais, ex-empregados da
usina, posseiros e fazendeiros que afirmam ter comprado
parte da propriedade da massa falida.
Tomado da Agência Folha
30-11-2005
|