Montevidéu, 10 de abril de
2007
Exmo. Sr. Presidente da
República Argentina
Dr. Néstor Kirchner
Casa do Governo
Buenos Aires
Ref:
“Todos somos Fuentealba”
De minha maior consideração:
Em nome da UITA venho manifestar nossa
profunda dor e indignação diante do execrável assassinato do
professor Carlos Fuentealba. Como Vª. Exª. expressou
ontem na conferência de imprensa, Fuentealba
“foi fuzilado e isso, evidentemente, não
pode acontecer, e nunca mais deve acontecer na Argentina”.
O fato é que o assassinato de
Fuentealba, um querido professor de química de
Neuquén, que viajava totalmente indefenso em um automóvel, é
incorporado à lista de mais de meia centena de ativistas
políticos e sociais vítimas da brutalidade policial desde
que a Argentina recuperou o Estado de direito.
O fuzilamento deste
sindicalista da educação é um “fato inaceitável”
-como Vª. Exª. qualificou-, assim como são inadmissíveis as
condições de trabalho e salariais sofridas pelos
trabalhadores e trabalhadoras da educação em vosso país.
É bem provável que o
governador de Neuquén, Jorge
Sobisch, viciado em desmandos e arrochos, tenha considerado
que, através da repressão, poderia abafar a voz dos
sindicalistas. Mas se equivocou. Os atos de repúdio ao
assassinato de Fuentealba e as mostras de
solidariedade com os professores de Neuquén em todo o país
não só contaram com o decidido apoio das organizações
pertencentes à CGT e à CTA, bem como receberam uma forte
adesão da população em geral, que também clamou por justiça
diante da repressão e exigiu, de forma inequívoca, o fim da
pauperização que afeta a vida dos professores argentinos.
O futuro democrático da
Argentina precisa erradicar definitivamente as práticas
repressivas que evocam os sombrios anos da ditadura militar.
O futuro da Argentina como Nação implica, entre outros
esforços, o fortalecimento das políticas de Estado para o
setor educativo, abrindo caminhos na direção da formação de
uma cidadania mais ativa e facilitando assim os processos
que façam o país avançar na direção das metas de justiça
social e inclusão econômica.
É por isso, Senhor
Presidente, que nossas 365 organizações filiadas, em 122
países, apóiam com a mais ampla solidariedade internacional
as justas reivindicações dos sindicatos do ensino da
República Argentina e, ao mesmo tempo em que reclamamos
“justiça e castigo” para os responsáveis pela morte de
Carlos Fuentealba, é por respeito à sua memória e à sua
luta que lhe exortamos atender às justas demandas das
agremiações de trabalhadores na educação. Para que nunca
mais o “giz fique manchado com sangue”, para que o ensino
deixe de ser sinônimo de castigo e exclusão social e para
que a luta por uma vida melhor não seja, nunca mais, uma
permanente ameaça de morte.
Atenciosamente,
Gerardo Iglesias
Secretário
Regional UITA
c/c Ministério da
Educação / Ministério do Trabalho /CGT / CTA
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