Brasil

Prevalência de agravos à saúde mental relacionados ao Trabalho

 

Hoje, os distúrbios psíquicos relacionados ao trabalho apresentam alta prevalência entre os trabalhadores nas áreas metropolitanas

 

Se estima que 10% da força de trabalho produtiva apresente problemas de saúde mental sérios, e que cerca de 30% apresente algum tipo de desconforto psíquico, de menor proporção. Entre os segurados do sistema previdenciário brasileiro, as psiconeuroses ocupam o primeiro lugar entre as causas de incapacidade temporária, e o segundo e terceiro lugar entre as causas de incapacidade permanente e invalidez.

 

No intuito de compreender o sofrimento no trabalho, deve-se entender a situação de trabalho, compreendendo as condições e a organização deste. A organização do trabalho define quem faz o quê, como, quando, quanto, em que condições organizacionais, gerenciais e outras.

Se estima que 10% da força de trabalho produtiva apresente problemas de saúde mental sérios, e que cerca de 30% apresente algum tipo de desconforto psíquico, de menor proporção.

 

Quando mudanças na organização do trabalho não são mais possíveis, quando a relação do trabalhador com a organização do trabalho é impedida, o sofrimento começa, ou seja, a energia que não é descarregada no exercício do trabalho acumula-se na mente humana, ocasionando um sentimento de desprazer e tensão. Essa energia não pode permanecer no aparelho psíquico por muito tempo, é quando ocorre uma somatização, ou seja, a energia recua para o corpo.  

 

A problemática está no fato de que o sofrimento mental não tem sido respeitado, ele é menosprezado, banalizado, não é levado a sério, por não apresentar riscos importantes de ferimento físico ou morte, ao contrário de outros riscos profissionais. O estresse, a irritabilidade ou sintomas depressivos, por exemplo, não são tão impressionantes quanto uma crise iminente, pois são “invisíveis”.

 

A relação entre agravos à saúde mental e o trabalho tem sido objeto de questionamentos para técnicos vinculados ao Sistema Único de Saúde – SUS – brasileiro, Departamentos de Saúde dos Sindicatos dos Trabalhadores, peritos do sistema previdenciário brasileiro e para os Serviços de Segurança e Medicina do Trabalho das empresas, por não ser tão simples, uma vez que tal processo é específico para cada indivíduo, envolvendo sua história de vida e de trabalho, além da ausência, na Classificação Internacional das Doenças (CID), de um grupo de diagnósticos de distúrbios psíquicos relacionados com o trabalho. Apesar de o sistema previdenciário brasileiro ter divulgado uma lista de doenças mentais relacionadas com o trabalho desde 1999.

 

É necessário construir, de maneira consensual, um caminho para o estabelecimento da relação entre os agravos à saúde mental com determinadas situações de trabalho, para facilitar o diagnóstico, mas também para orientar as ações de vigilância.

 

Uma série de aspectos relacionados ao trabalho, e também fora dele, pode atuar de forma conjunta no desencadeamento de transtornos mentais. É importante observar como esses vários aspectos se inter-relacionam para que se possa estabelecer o nexo de causalidade entre o adoecimento e o trabalho.

  

Juliana de Mattos Varandas

5 de junho de 2008

 

 

NdE: Agradecemos el envío de este artículo al Dr. Roberto Ruiz

 

 

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