Nota asssinada por fiscais, magistrados e
procuradores do trabalho, junto com CPT e Contag denuncia que emenda ao
Projeto de Lei 6.272/05, que está para entrar em pauta no Congresso, é
extremamente prejudicial aos trabalhadores e fere compromissos com a OIT
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait)
divulgou nota oficial, sexta-feira, denunciando que uma emenda do Projeto de
Lei 6.272/05, que deverá entrar na pauta do Congresso Nacional na
próxima segunda-feira (12), tem um dispositivo camuflado que precariza
relações trabalhistas.
Segundo a nota, “organizações como a Rede Globo estão fazendo lobby
junto aos parlamentares para a aprovação de uma emenda que será extremamente
prejudicial à classe trabalhadora”. O texto da emenda n° 3, diz a nota,
“propõe condicionar a atuação fiscalizadora do Ministério do Trabalho,
quando constatada relação de trabalho fraudulenta, ao prévio exame da
situação pela Justiça do Trabalho”.
“Caso aprovada”, acrescenta, “essa norma legal retirará do trabalhador o
direito de ser protegido pelo Estado contra a prática de contratação sob
formas precarizantes, disfarçadas de trabalho autônomo, eventual ou sem
vínculo de emprego”.
Os prejuízos dessa medida, sustenta o Sinait, são imensuráveis para a classe
trabalhadora. “O primeiro efeito prático será, de imediato, a suspensão de
toda a legislação que protege o empregado. Isso porque, todo o ato praticado
pelo empregador e empregado terá validade jurídica, mesmo que contrário aos
princípios básicos do direito trabalhista. Na prática, qualquer empregador
poderá trocar empregados por autônomos e ter o direito de não sofrer
qualquer ação administrativa do Estado brasileiro. Assim, não haverá como
exigir férias, FGTS, 13° salário, normas de segurança e saúde, pagamento de
horas extras, aposentadoria, licença-maternidade, entre outros. Décadas de
legislação trabalhista poderão ter sua eficácia comprometida”.
A aprovação da medida, conclui a nota, “também ferirá os compromissos
internacionais perante a Organização Internacional do Trabalho (OIT),
violando também frontalmente o princípio da separação dos poderes, na medida
em que vincula, previamente, a atividade de fiscalização do Poder Executivo
ao Poder Judiciário”.
A nota também é assinada pela Associação Nacional dos Magistrados
Trabalhistas (Anamatra), Associação Nacional dos Procuradores do
Trabalho (ANPT), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
A emenda nº 3 é de autoria do ex-senador Ney Suassuana (PMDB/PB),
sendo subscrita por mais 60 senadores. Ela já recebeu parecer favorável do
relator na Câmara, deputado Pedro Novais (PMDB/MA). Na prática, dizem
as entidades fiscalizadoras das relações trabalhistas, sua aprovação
inviabilizaria a fiscalização exercida pelo Ministério do Trabalho,
inclusive nos casos de trabalho escravo, remetendo essa tarefa para a
Justiça do Trabalho que não tem estrutura para tal.
Marco Aurélio Weissheimer
Carta Maior
13 de febrero de 2007
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