O número de suicídios no Japão aumentou em 2005, ultrapassando a
marca de 30 mil casos pelo oitavo ano consecutivo. O número de
doenças graves e mortes causadas por excesso de trabalho também
está em alta no país onde foram inventadas as novas técnicas de
gerenciamento de produção (qualidade total, just in time,
ilhas de produção, etc).
O estresse causado pelo trabalho não é um problema novo no
Japão. De acordo com números divulgados pela polícia, o número
de suicídios ultrapassou os 30 mil em 1998 e permanece acima
desse patamar desde então. O recorde foi em 2003, quando foram
registrados 34.427 casos de suicídio. As principais causas
apontadas para o crescimento deste número são: a) a crise
econômica que atinge o país desde a década de 90; b) as
mudanças ocorridas no mercado de trabalho no Japão, com o fim da
estabilidade no emprego nas grandes corporações.
No Japão não existem tabus religiosos contra o suicídio, onde o
ato já foi considerado uma forma de redenção para os Samurais.
Nos tempos modernos, representa uma maneira de escapar do
fracasso ou de salvar a honra dos parentes de constrangimentos
decorrentes de dificuldades financeiras. O excesso de trabalho
também é apontado como outra causa importante.
Redução a jornada é alternativa
no Brasil e Japão
O Japão é o único país do mundo onde existe uma palavra para
definir a “morte por excesso de trabalho”: KAROSHI (KKARO =
excesso de trabalho e SHI = Morte).
O KAROSHI é descrito pelos médicos como um quadro clínico
extremo, ligado ao estresse ocupacional, com morte súbita
causada por problemas cardíacos ou vasculares. Segundo
pesquisadores japoneses, os fatores desencadeantes do KAROSHI em
trabalhadores administrativos e de nível gerencial são: extensa
jornada de trabalho, intensa busca por ascensão na carreira
profissional, numerosas viagens de trabalho, obediência a normas
rígidas e mudanças freqüentes de local de trabalho. Já em
trabalhadores de produção, além da extensa jornada de trabalho,
são apontados também os seguintes fatores: número insuficiente
de funcionários no setor, trabalho noturno longos trajetos entre
trabalho e a moradia.
Tanto no Japão quanto no Brasil está na ordem do dia a
reivindicação de redução da jornada de trabalho, como forma de
combater o desemprego e a super exploração do trabalhador. A
campanha visando a redução da jornada de trabalho de 44 para 40
horas semanais sem redução de salários foi lançada no Brasil
pela CUT e as demais centrais sindicais em 2004, em apoio a um
projeto de emenda constitucional, de autoria do deputado Paulo
Paim (PT-RS), que tramita no Congresso Nacional. Essa bandeira
de luta da classe trabalhadora foi reafirmada novamente este
mês, no 9 º Congresso Nacional da CUT (9 º CONCUT).
STIAU *
Fonte: Agência Reuters
27 de junho de 2006
* Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias de Alimentação e Afins de Uberlândia.