Ameaça aos direitos trabalhistas faz centrais sindicais agendarem
paralisação nacional para 10 de abril; objetivo é pressionar congressistas
pela manutenção do veto presidencial à emenda ao projeto de lei da Super
Receita
As
principais centrais sindicais do país marcaram para o próximo dia 10 de
abril uma série de protestos e paralisações em defesa da manutenção do veto
presidencial à emenda 3. Reunidas numa manifestação em Brasília, nesta
terça-feira, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força
Sindical e mais cinco centrais decidiram pressionar os parlamentares para
que eles encontrem uma alternativa à derrubada do veto presidencial à emenda
3.
"Será uma
paralisação nacional. Estamos chamando de ‘paralisação de advertência' para
mostrar aquilo que poderemos fazer caso o veto seja derrubado.", afirma
Carmen Foro, presidente interina da CUT. De acordo com ela, o setor
bancário e o de transportes figuram entre aqueles que podem aderir à
manifestação marcada para o dia 10.
Os
sindicalistas também conseguiram a promessa do presidente da Câmara,
Arlindo Chinaglia, de formar um grupo de trabalho para discutir a
aprovação do veto. O grupo seria composto por representantes dos partidos
políticos, trabalhadores e empresários.
Reforma trabalhista
Aprovada
pelo Congresso junto com a lei que cria a Super-Receita, a emenda 3 impede
auditores-fiscais do trabalho e da Receita Federal de apontar vínculos
empregatícios entre empresas e empregados contratados como pessoas
jurídicas, através das chamadas "empresas de uma pessoa só". Só a Justiça,
segundo a emenda, estaria autorizada a reconhecer esses vínculos. Na
prática, a nova lei legalizaria esse tipo de contratação, hoje permitida
apenas nos casos em que não há relação de empregado e patrão entre a empresa
que toma os serviços e a pessoa jurídica prestadora.
Apesar de
obter o apoio de 318 deputados quando foi votada na Câmara, a emenda foi
vetada pelo presidente Lula. Porém, os parlamentares ainda podem
derrubar o veto. Para amenizar o impacto da desaprovação da emenda 3,
Lula enviou ao congresso um projeto de lei que diminui o poder dos
auditores fiscais da Receita Federal, e não compromete a fiscalização do
trabalho.
A proposta
do presidente não agradou a oposição, que ameaça derrubar o veto. E as
centrais sindicais começaram a se mobilizar contra a emenda 3 -preocupadas
com os possíveis efeitos negativos da disseminação dos contratos de trabalho
em forma de pessoas jurídicas, que não garantem direitos trabalhistas. "A
emenda 3 praticamente acaba com a relação formal de trabalho que funciona
hoje. É a reforma trabalhista em apenas uma emenda. Direitos que se demorou
cem anos para conquistar, a gente perde em uma tacada só.", afirma Paulo
Pereira da Silva, deputado federal pelo PDT de São Paulo e
presidente da Força Sindical.
Iberê
Thenório
Reporter Brasil
2 de
abril de 2007
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