México                                        30 de março

Pronunciamento das Trabalhadoras do Lar da América latina e o Caribe

    

 

No marco do Dia Internacional das Trabalhadoras do Lar, instituído e declarado como um dia de luta, as organizações que trabalham pela visibilidade desta categoria, por um trabalho digno e pelo fim da discriminação, fizeram um balanço de nossa situação atual. Também priorizamos as nossas denúncias, elaboramos e debatemos as principais propostas da nossa organização.

 

As Trabalhadoras do Lar Remuneradas são um setor composto por milhões de mulheres, meninas e adolescentes que emigram do setor rural, indígena e semiurbano para as cidades, em busca de uma melhor qualidade de vida e educação. As necessidades de sobrevivência familiar as obrigam a abandonar suas famílias e culturas para adotar outros costumes.

 

Em 1988, nós nos organizamos em uma Confederação Latino-Americana e do Caribe de Trabalhadoras do Lar (CONLACTRAHO). Estamos presentes na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, México, Paraguai, Uruguai, Peru, República Dominicana, Equador e Canadá.

 

A partir do momento em que reconhecemos a semelhança de nossa situação e condição, definimos dois pontos importantes como trabalhadoras do lar:

 

 

1º-  Constituir uma organização que una as entidades de todos os países em um Movimento Latino-Americano de Trabalhadoras do Lar.

 

2º-  Que o dia 30 de março seja o Dia Internacional das Trabalhadoras do Lar e que, neste dia, se divulgue a situação de discriminação e violação dos direitos humanos das trabalhadoras do lar, assim como a existência de nossa Confederação.

 

Entre nossos objetivos:

 

-Trabalhamos para fortalecer as organizações de trabalhadoras do lar em toda a América Latina e o Caribe, para apoiar e criar novas organizações nos países onde ainda não existam, de tal maneira que se contribua para o desenvolvimento e o fortalecimento do movimento a nível continental

 

 -Trabalhamos para promover a unidade das organizações, sem discriminação étnica, cultural, ideológica ou religiosa, sejam sindicatos ou associações, de serviços e afins, para constituir uma rede forte que nos permita crescer e obter o reconhecimento que, como mulheres trabalhadoras, nos foi negado historicamente

 

-Criar consciência de nossa situação a nível local, regional e continental. Para isso, a CONLACTRAHO atua denunciando as condições de exploração, marginalização, discriminação social e de trabalho, situação em que se encontra a maioria das trabalhadoras do lar. Apoiaremos, também, as reivindicações levantadas por cada uma das organizações, considerando a diversidade e especificidade social, cultural e econômica da nossa América.

 

Declaramos:

 

-Que como mulheres trabalhadoras do lar somos vítimas de violência por causas raciais, étnicas, políticas, institucionais e de condição social.

 

-Que na prática continuam nos negando o exercício de nossos direitos sociais e coletivos.

 

-Que somos discriminadas por sermos mulheres, indígenas, pobres e por nossa condição trabalhista.

 

-Que nosso trabalho não tem um reconhecimento social nem econômico.

 

-Que nas leis somos discriminadas, gerando uma resistência a nos reconhecer como sujeito de direito.

 

Denunciamos:

 

-Que continuem alimentando uma cultura que ainda acredita que o trabalho doméstico é assunto das mulheres e que continuemos educando nossos filhos assim.

 

-Que nosso trabalho  não é reconhecido pela sociedade apesar da sua importância.

 

-Que esta invisibilidade nos relega ao âmbito privado, limitando nossa possibilidade de ter acesso à educação para conhecer nossos direitos e à vida política, para exigi-los.

 

-Que as e os responsáveis por legislar não têm a vontade política para reformar nossas leis, reconhecendo nossos direitos como trabalhadoras do lar,

 

-A falta de uma política de atenção especializada para as trabalhadoras do lar.

 

-A falta de inclusão das reivindicações das trabalhadoras do lar nas agendas dos movimentos sociais e governamentais.

 

Propomos:

 

-Unir esforços para a valorização do trabalho doméstico remunerado e não remunerado, o reconhecimento e atendimento de nossos direitos humanos.

 

-Uma lei justa que nos garanta um tratamento igual ao dado às/aos outras/os trabalhadoras/es.

 

 --Nós, trabalhadoras do lar, estamos dispostas a lutar pela igualdade dos direitos trabalhistas, por um trabalho e tratamento dignos, mas os governos também devem se responsabilizar e adotar leis que garantam os direitos, reconheçam e dignifiquem o trabalho do lar e busquem a igualdade das condições para as trabalhadoras, conforme os convênios da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e das normas internacionais em matéria de direitos da mulher; assim como a proibição das piores formas de trabalho infantil doméstico, trabalho forçado, migração e tráfico de pessoas.

  

 

Marcelina Bautista Bautista

Secretária Geral da Confederação Latino-Americana

e o Caribe de Trabalhadoras do Lar
(CONLACTRAHO)

 

Reivindicação Universal dos Direitos

·       Contrato de Trabalho

·       Feriados

·       Férias

·       Jornada de oito horas

·       Previdência social  

·       Descanso semanal

·       Indenização

·       Proteção no trabalho
de menores

·       Justiça Trabalhista

·       Liberdade Sindical

·       Direito à greve

·       Salário digno

·       Direito à educação

 

Rel-UITA

                27 de março de 2009

 

 

 

Imagen: Boligan / www.cartonclub.com.mx

 

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