As mulheres do
campo e da floresta deram continuidade ao processo de planejamento e
organização política em 2008. Essa é a avaliação da coordenadora da Comissão
Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG e vice-presidente da
CUT, Carmen Foro, ao fazer balanço das atividades do ano que passou.
Depois de participarem de
uma das maiores mobilizações de mulheres do País, a Marcha das Margaridas
2007, as trabalhadoras rurais não deixaram que a luta em busca de direitos e
de melhores condições de vida fosse esquecida pelo governo e toda sociedade.
Em março do ano passado,
mês de intensa mobilização por conta do Dia Internacional da Mulher, elas
lançaram a campanha “Mulher: Participação, Poder e Democracia”, visando
incentivar maior participação das mulheres nos espaços de poder público de
dentro do movimento sindical. “Preparamos as mulheres trabalhadoras rurais
para participarem das eleições municipais, com apresentação de nossa
plataforma política – construída no período da Marcha – e apoiando
candidaturas. Mostramos também que é fundamental ter parlamentares mulheres,
comprometidas com nosso projeto alternativo”, acrescenta Carmen Foro.
Outro momento marcante de
2008 foi a volta das trabalhadoras rurais a Brasília no mês de agosto.
Representadas por um grupo de líderes sindicais, elas homenagearam a
sindicalista Margarida Alves, assassinada em 1983 e realizaram a
Jornada das Margaridas. Houve uma semana de negociação e cobrança dos pontos
da pauta discutida com o governo federal durante a Marcha de 2007. “Foi
fundamental essa volta das mulheres a Brasília um ano depois. Pudemos
refletir sobre a nossa organização e ainda retornamos a todos os ministérios,
articulados com o 12 de agosto, quando completou 25 anos do assassinato de
Margarida Alves”, ressalta Carmen.
Conquistas
Alguns dos avanços
conquistados na Jornada das Margaridas 2008 foram a aprovação pelo
Ministério da Saúde da Política Nacional de Saúde Integral da População do
Campo e da Floresta; a participação das trabalhadoras rurais na Comissão
Tripartite do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a reedição da
portaria que criou o Fórum Nacional de Enfrentamento à Violência contra
Mulheres do Campo e da Floresta.
No mês de novembro, as
trabalhadoras rurais voltaram a se reunir durante a 4ª Plenária Nacional de
Mulheres da CONTAG. Durante o encontro, elas avaliaram a atuação
feminina no movimento sindical e definiram as propostas a serem discutidas
nas plenárias estaduais e preparatórias ao 10º Congresso da CONTAG,
que ocorre no período de 10 a 14 de março.
Perspectivas
Segundo Carmen Foro,
para 2009, os planos da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais
da CONTAG é intensificar a participação delas na divulgação da
Campanha de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da
Floresta, lançada no final de novembro pela Secretaria Especial de Políticas
para as Mulheres (SPM).
Outro plano é fortalecer a organização das mulheres. “Ao
mesmo tempo em que vamos nos preparar para uma agenda voltada para os temas
e para as conquistas mais gerais, vamos também olhar para nossa organização,
estimulando o planejamento e o fortalecimento das comissões municipais e
estaduais de mulheres”, reforça a dirigente sindical.