Argentina

Com Silvia Villaverde

Mais um passo!

Aprovam lei antiviolência

contra as mulheres

 

 

 

No dia 11 de março passado, foi aprovada na Câmara de Deputados a Lei de Proteção Integral para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra as Mulheres, na Argentina, que já contava com meia aprovação da Câmara de Senadores, desde novembro de 2008. Esta Lei define toda a tipologia da violência que as mulheres sofrem, desde a intra-familiar e econômica, até as de âmbito institucional exercidas pela mídia ou por outros meios.  Sirel dialogou com Silvia Villaverde, presidenta do Comitê da Mulher da UITA, quem nos deu a sua visão sobre este acontecimento.

 

-Qual o impacto da aprovação da lei de combate à violência contra mulher a nível social e sindical?

-Devo confessar que a aprovação da lei 26.485 nos pegou um pouco de surpresa, já que sua aprovação foi bastante demorada, mas é muito bem-vinda e chega para reforçar o trabalho que a partir do movimento sindical estamos realizando há muito tempo. Ter una lei que ampare e proteja as mulheres nos diversos âmbitos é, sem dúvida, algo muito importante e ao mesmo tempo dá mais visibilidade a esta problemática, levando a que não só a sociedade o enxergue, como também o Estado.

 

-Como esta lei será instrumentalizada?

-O Conselho Nacional da Mulher será o organismo encarregado de planejar políticas públicas que integrem a sociedade civil e os componentes da sociedade acadêmica. Por outro lado, a lei estabelece a criação de um observatório da violência contra as mulheres, que se encarregará de analisar e difundir dados da pesquisa. Outro ponto importante, que tem a lei, é a inclusão curricular da perspectiva de gênero, o exercício da tolerância, o respeito e o atendimento precoce à violência contra as mulheres, a partir tanto do Ministério de Educação como da Secretaria de Comunicação da Nação. Atualmente, os canais abertos de televisão de Buenos Aires estão emitindo avisos publicitários de grande impacto sobre o tema da violência contra as mulheres e este é, sem dúvida, um avanço para que este tema chegue a toda a opinião pública.

 

-Como será feito o acompanhamento desta lei pelo movimento sindical?

-Na Argentina, as organizações sindicais, especialmente as que integram a UITA, têm a vantagem de contar com uma infra-estrutura que permite chegar a numerosas trabalhadoras. Em especial no sindicato de Confeiteiros, há anos estamos realizando uma campanha cujo lema é “Quem exerce a Violência?”. Sabemos que a violência é exercida sempre por quem detém o poder. Estaremos trabalhando para que a lei seja cumprida, como sempre estivemos trabalhando pelos direitos de todos os trabalhadores, homens e mulheres.

 

-Na Argentina, assim como no resto do mundo, os números mostram um aumento muito significativo de casos de violência contra as mulheres. Na sua opinião, isto é porque se denuncia mais?

-Sem dúvida, atualmente as mulheres denunciam cada vez mais, mas também houve um aumento da violência. Na Argentina contamos com as denominadas Delegacias da Família que proporcionam uma primeira assistência integral às vítimas, que foram bastante efetivas e fizeram com que o número de denúncias aumentasse. Cabe destacar que esta lei inclui algo muito vantajoso para as mulheres; anteriormente as Delegacias não recebiam a denúncia de violência se a mesma não fosse explícita, ou seja, as mulheres deviam ser agredidas primeiro para depois realizar a denúncia. Agora, com esta lei, assim que a mulher fizer uma denúncia, a partir da qual a polícia possa prever uma situação de violência contra ela, em 24 horas o caso passa à esfera judicial.

 

-Como você avalia este processo e que expectativas você tem?

-Acredito que todas nós mulheres, de diferentes níveis de atuação, político, social, sindical, etc, devemos difundir esta lei para que grande parte das mulheres e dos homens a conheçam, tanto o seu conteúdo quanto as suas propostas. Apoderar-se do seu conteúdo, certamente vai ajudar a que possamos erradicar do dia-a-dia a violência contra as mulheres. Este foi mais um passo neste longo caminho de luta.

 

  

Em Montevidéu, Amalia Antúnez

Rel-UITA

13 de abril de 2009

 

 

 

 

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