Marcha das Margaridas 2011:
A
maior mobilização das mulheres rurais na
história do Brasil
A Marcha das Margaridas 2011, organizada pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (CONTAG), terá lugar em 16 e 17 de
agosto em Brasília. O Sirel dialogou com Carmen
Foro, Coordenadora Nacional das Mulheres
Trabalhadoras Rurais, para obter detalhes sobre
os preparativos para essa importante
mobilização.
-Como a Marcha das Margaridas está sendo
preparada?
-Estamos a mil por hora. Estamos terminando de
ajustar os detalhes da organização,
especialmente o traslado das dezenas de milhares
de participantes que integrarão a
marcha. Estamos conversando com o governo para
decidir os anúncios que serão feitos pela
Presidenta da República que, esperamos, estará
presente na Marcha.
Faltam apenas 13 dias e estamos em total
agitação aqui na CONTAG.
-Houve alguma outra mobilização de mulheres
desta envergadura no Brasil?
-Nós não temos conhecimento de que tenha havido
outra mobilização de mulheres semelhante a esta.
Esperamos 100 mil mulheres para esta Marcha das
Margaridas, nos dias 16 e 17 de agosto em
Brasília. Acredito que é a primeira ação que
estamos realizando com essa amplitude e
repercussão nacional e internacional.
Esta marcha tem um grande significado para o
Brasil, porque será a primeira vez que
faremos a Marcha das Margaridas com uma mulher
na presidência do país, e também porque somos as
mulheres do campo que estamos fazendo as nossas
reivindicações diante do Congresso Nacional.
Será a primeira vez que faremos a
Marcha das Margaridas com uma mulher
na presidência do país. |
-Quais são os principais pontos da plataforma
que vocês apresentam?
-A superação das desigualdades, o modelo de
desenvolvimento, a adoção de políticas públicas
adequadas, a luta contra a violência e a
impunidade no campo e o combate à pobreza.
Além disso, estamos dialogando com a sociedade
para denunciar a discriminação, a violência
rural e também a doméstica.
-Você disse, durante o passado Grito da Terra da
CONTAG, que a pobreza brasileira tem rosto e
endereço: é predominantemente mulher, negra e
vive no campo. Você acha que este governo, com
uma mulher à frente, conseguirá mudar esta
situação?
-O
governo já apresentou uma proposta política que
é o "Programa Brasil Sem Miséria". Em nossa
opinião, este programa deve ser complementado
com medidas estruturais para chegar ao fundo do
problema. Por exemplo, uma ampla reforma
agrária, acompanhada por créditos e assistência
técnica, mas também por estruturas de educação,
de saúde e outras mais, imprescindíveis para
garantir as bases não só dos novos
empreendimentos agrícolas, mas também de um
desenvolvimento pleno de todas as mulheres que
hoje estão na miséria junto às suas famílias.
Temos que resolver o conflito existente no
Brasil entre a agricultura familiar e o
agronegócio, e isso só será conseguido através
da geração de uma política adequada para o
setor. Acreditamos que o agronegócio precisa de
determinados níveis de rentabilidade, mas
não admitimos que, para isso, recorram ao
trabalho escravo, ao desmatamento e ao uso de
agrotóxicos em grande escala, alguns dos quais
proibidos no Brasil, entre outras coisas. Em
suma, precisamos de uma análise crítica e
profunda do modelo de produção agrícola no país.
-Qual é a sua mensagem para as companheiras e os
companheiros da UITA na América Latina e no
mundo?
-Que esta não é uma Marcha que reivindica apenas
as nossas necessidades específicas, mas também
está focada nos aspectos estruturais e de fundo
da sociedade brasileira, do modelo de
desenvolvimento. Além disso, nós queremos
colocar na agenda da presidenta Dilma a
questão do desenvolvimento sustentável em uma
perspectiva de igualdade e de ampliação dos
direitos, garantindo melhores condições de vida
para a população em geral em um diálogo do campo
com a cidade.
|