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Ecuador

 Sombras por trás da bananeira

 As condições de trabalho na fazenda Os Álamos

Uma missão da UITA entrevistou trabalhadoras e trabalhadores da mencionada fazenda, os quais estão fazendo greve desde o último dia 06 de maio. Seus depoimentos são a voz de quem se recusa a entoar a marcha triunfal da produção bananeira equatoriana. É um coro dissonante, para ouvidos habituados ao lucro.

Depoimento I

- Aqui, o trabalhador é maltratado, é acossado. Muitas vezes, dão à gente tarefas muito pesadas, para, depois, dizer: "Você não presta para esse trabalho; melhor, pegue os seus trens e vá embora". Mas isso não deveria ser assim. Sabendo que o trabalhador não pode cumprir com um trabalho que é para duas pessoas, por que exigem que seja feito por uma só? Bem, será para que a gente diga que não pode fazê-lo e, depois, nos marginalizar.

- As colegas reclamam que são molestadas sexualmente.

- É, pelos chefes! Eles dizem: se você não relaxar, mando embora.

Depoimento II

- Nós vamos continuar aqui, fazendo greve, aguardando para ver o que diz o Sr. Álvaro Noboa. Sabemos que estamos lutando por uma coisa justa, pelo aumento de salário.

- O que vocês recebem não dá para viver?.

- Ora, que nada! Apenas dá para comer. Você recebe na sexta-feira e, quando dá terça-feira, não tem mais grana. O certo é que não dá. E, além disso, tratam a gente como lhes der na telha.

- E as condições de trabalho?

- Péssimas. Às vezes, a gente tem que trabalhar até no domingo, e, se você não trabalhar, aplicam uma multa. É isso. Nesta fazenda, a gente é tratada pior do que animal.

Depoimento III

- Eu morava na plantação e fui mandada embora. Agora, estou aqui com os companheiros, na luta. Sou pai e mãe dos meus filhos.

- Quantos filhos você tem?

- Tenho sete crianças.

- Quanto você recebe?

- Trinta e nove dólares por semana, trabalhando de segunda-feira a domingo.

- Você estava aqui quando os sicários entraram?

- Estava. Eles derrubaram a porta. Se eu não tivesse corrido, caia em cima de mim. Umas 200 pessoas armadas entraram na fazenda, não só dando tiro contra as pessoas, mas, também, maltratando. Também, roubaram televisões, grana, aparelhos de som. A Polícia, em vez de proteger a gente, apoiava os assassinos.

Depoimento IV

Bernabé Menéndes

- Como você foi ferido?

- Eu estava de pé, no posto de vigilância, quando ouvi um tiro vindo de lá, da bananeira, e levei chumbo no estômago. O médico disse que eu tenho um chumbo no fígado.

- A empresa entrou em contato com você?

- Entrou não.

- Quantos filhos você tem?

- Seis.

- Qual é o seu salário na fazenda?

- Trinta e dois, trinta e três dólares, trabalhando de segunda-feira a sábado.

Depoimento V

- Eram duas e meia da madrugada, os companheiros estavam dormindo no acampamento. Tiraram eles com a roupa de baixo e, desse jeito, colocavam eles num furgão coberto e deixavam eles na estrada. Imagine, sessenta, setenta trabalhadores, uns em cima dos outros, como batata, o coitado do pessoal chegou quase sem poder respirar. Eu estava no meio do furgão, e ficava sem ar. Imagine os que estavam no fundo! Aqui, bateram até nas mulheres. E foi muito triste ver como as criancinhas choravam.

- Quanto você recebe?

- Vinte e cinco dólares, de segunda a domingo, a semana toda trabalhando.

- A comida fornecida pela empresa é boa?

- Um nojo, meu irmão! E um prato de comida custa US$ 1,90. Uma das coisas que a gente reclama é comida melhor.

- Existem banheiros?

- Que nada! Também não temos médico. Se a gente ficar doente, aqui dentro, e tiver que ir ao médico, eles descontam o dia.

 

Adira ao boicote contra

BANANA BONITA

 

Autor:

Gerardo Iglesias

© Rel-UITA

 

 Fotos: Luis Alejandro Pedraza , Gerardo Iglesias, © Rel-UITA

16-07-02

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