BEBIDAS

10.12.01

Uruguai

A Danone... Cinematográfico!

A fim de posicionar o novo logo e recipiente da água Salus, no Uruguai, a transnacional investiu pesado em um comercial de 45 segundos de duração e filmado em 35 mm.

 O spot, lançado na semana passada na televisão –embora já existam planos para projetá-lo, também, na tela do cinema–, é o anúncio mais caro da história, realizado por uma produtora uruguaia. Com um orçamento estimado em US$ 250 mil, o enredo procura “recriar, através da perspectiva de um menino, o mito da fonte da onça”, segundo comentário feito a um jornal local por Pedro Astol, gerente geral criativo da DDB Uruguai. O roteiro baseia-se na lenda da fonte da onça, que diz que o local de onde é extraída a água mineral (vendida sob a marca Salus), localizado a 109 km de Montevidéu, pertence a uma onça que a custodia.

No spot, aparece um menino correndo em uma floresta. No trajeto, ele descobre um lugar que parece mágico: um lago. Procura atravessá-lo, mas se topa com uma série de pedras que lhe dificultam o caminho, até que ele vê a imagem de uma onça refletida na água. Já na outra margem do lago, o garoto encontra o seu pai, quem o alça em seus braços. “A idéia é que a onça permite ser vista por quem ela quiser, alimentando, novamente, o tradicional mito”, declarou Astol ao jornal El Observador. O anúncio acaba com uma voz em off, dizendo: “Salus, o que a gente tem dentro”.

O que ficou de fora

A Danone e a AmBev adquiriram, em outubro do ano passado, a maior parte das ações da Cia. Salus S.A. A água mineral Salus é líder no mercado uruguaio (em torno de 42%) e detém uma fatia de 20% a 25% do mercado nacional de cervejas.

Em novembro do ano passado, a Salus tinha em sua folha de pagamento 108 trabalhadores, na planta de água, e cerca de 170, na fábrica de cerveja. No mês de março, os novos proprietários da empresa propuseram um programa de demissão voluntária, ao qual acolheram-se 26 pessoas. Em abril, foi negociado um novo plano de demissão, para aqueles que, pela idade, iriam se aposentar em 2002 e 2003, sendo acolhidas mais 21 pessoas. Isso dá um total de 47 postos de trabalho perdidos, ou seja, quase 20% do pessoal existente no momento da compra. Mas a questão não parou por ali: em setembro passado, ficavam somente 73 funcionários, na planta de água, e 113, na cervejaria. Isso significa que a folha de pagamento existente antes da compra foi reduzida em 70%, aproximadamente. É um corte que possibilita, entre outras coisas, que se faça o comercial mais caro de todos os tempos no Uruguai.

De acordo com a lenda, a onça continuará cuidando da fonte. Do lucro, se ocupam outras feras...

Autor:

Gerardo Iglesias

© Rel-UITA

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