Alem de outras enfermidades causadas pela
jornada e movimentos que faz no trabalho
Estudo brasileiro apresentado durante o 30º
Congresso Mundial de Medicina do Esporte observou que
um cortador de cana, ao longo das 8h de sua
jornada de trabalho, flexiona a coluna 3.994 vezes e faz o
movimento de corte da cana outras 3.792.
Além disso, na maior parte do tempo, o trabalhador permanece
em pé (45%) ou curvado (43%).
"Observou-se que o cortador de cana de açúcar
apresenta sintomas de exaustão e outras enfermidades
causadas pela dificuldade de execução do seu trabalho",
destaca o pôster da pesquisa conduzida por Erivelton
Fontana de Laat, da Universidade Estadual do
Centro-Oeste (Irati, Paraná), e Rodolfo Andrade de
Gouveia Vilela, da Universidade Metodista de Piracicaba
(São Paulo).
De acordo com o texto, desde 2004, o
Ministério Público do Trabalho da cidade de Campinas (SP)
suspeita que o falecimento de 13 trabalhadores naquele ano
tem relação com as condições de trabalho. "Além do fato de
que podem ter levado à morte por exaustão, tais condições
são baseadas em um sistema de pagamento por produção, sem
descanso, o que pode agravar o risco de acidente e de fadiga
prematura", dizem os pesquisadores.
O estudo foi realizado com base na gravação
em vídeo com uma câmera digital da jornada de trabalho de um
cortador de cana. Feito isso, os pesquisadores registraram e
calcularam todos os movimentos feitos por ele ao longo desse
período, utilizando categorias como: "abraçar", "corte",
"jogar", "andar", "balançar", "parar", "em pé", entre
outros.
Os autores pontuam que, no Brasil, o
corte da cana de açúcar é feito manualmente e realizado sob
altas temperaturas, com roupa pesada e uma jornada de 8
horas diárias.
"Estes resultados servem de alerta aos
responsáveis pela organização do trabalho e da produção,
principalmente levando-se em consideração os efeitos que
tais atividades intensificadas pelo pagamento por produção
têm causado à saúde dos trabalhadores", concluem
Erivelton Laat e Rodolfo Vilela, lembrando que os
trabalhadores das plantações de cana, muitas vezes, recebem
por quantidade de cana cortada.
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