Trabalhadores
de Criciúma /SC e região fizeram um ato de protesto em
frente à Seara/Cargill (Forquilhinha-SC) denunciando os
danos a saúde provocado pelo excessivo ritmo de trabalho nas
indústrias avícolas
O movimento sindical de Criciúma e região realizou na última
sexta-feira (28) uma manifestação denunciando, mais uma vez,
as mutilações provocadas nos locais de trabalho,
principalmente, no setor de alimentação. A Seara /Cargill
foi escolhida, pois na avaliação dos sindicalistas é uma das
empresas que mais adoece na Região Sul. Esta não é a
primeira vez que os trabalhadores vão à porta da empresa
para denunciar estes problemas que não estão recebendo a
atenção devida da multinacional.
A Seara/Cargill nos últimos anos vem merecendo
destaque nas mobilizações dos trabalhadores contra as
doenças profissionais. Casos como o acidente que ocorreu em
Sidrolândia/MS - onde um trabalhador foi moído ao cair
dentro de uma máquina sem as mínimas condições de segurança
-, as inúmeras denúncias feitas em Jaraguá do Sul e o caso
de Valdirene João Gonçalves da Silva, em
Forquilhinha, são alguns dos motivos das manifestações nas
respectivas cidades, na Assembléia Legislativa e mesmo em
Brasília.
As exportações que nos últimos anos aumentaram a
produtividade não foram motivo para a empresa aumentar o seu
quadro funcionalmente proporcionalmente. Porém, segundo os
sindicalistas, multiplicaram-se os casos de trabalhadores
doentes e mutilados. Contudo, pouco se vê de mudanças no
ambiente de trabalho das empresas.
Cadeira de roda
No ato, os manifestantes usaram o boneco de um frango
empurrando uma cadeira de rodas com uma trabalhadora
lesionada devido ao excesso de movimento repetitivo causado
pelo ritmo excessivo de trabalho. Para o presidente do
Sindicato da Alimentação de Criciúma e Região, Renaldo
Pereira "parecem ser repetitivos esses atos, mas na
verdade é a forma de denunciar e reivindicar o fim deste
descaso contra os trabalhadores". O STI Alimentação
de Criciúma e Região foi um dos pioneiros em denunciar os
descasos contra os trabalhadores. Segundo Célio Elias,
secretário geral da entidade, "este é o momento de cobrarmos
mais respeito com os trabalhadores e sairmos às ruas
exigindo leis que regulamentem estas situações nos
abatedouros de aves".
O ato que contou com a presença dos trabalhadores fez parte
de uma atividade desenvolvida pelo MOVIDA (Movimento
em Defesa da Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora
Catarinense) juntamente com o STIA Criciúma e Região/CUT.
Para o
presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas
Indústrias da Alimentação (CONTAC/CUT) e coordenador
do Instituto Nacional de Saúde, Siderlei de Oliveira,
é fundamental esta pressão que vem sendo feita desde a base
no sentido de garantir a saúde e a segurança no trabalho,
principalmente num momento em que o setor vem garantindo
altos lucros com a exportação de carne de frango. "É preciso
que o crescimento da produção tenha reflexo na ampliação do
número de vagas e na própria qualidade do trabalho
desenvolvido no setor avícola. Infelizmente, hoje, os lucros
têm sido ampliados com base na superexploração da
mão-de-obra, que vem pagando com lesões, mutilações e até
com a própria vida", denunciou Siderlei.
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