Brasil
Fusão da AmBev com Interbrew cria
a nova transnacional da cerveja
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De concretizar-se as negociações que faz
cinco meses estavam realizando em segredo as empresas
AmBev,
do Brasil, e Interbrew,
da Bélgica, nos próximos dias -provavelmente na quarta feira
3- poderia anunciar-se à criação de uma das maiores empresas
cervejeiras do mundo, e a maior transnacional privada do
Brasil. A nova firma, que teria um volume de negócios de 10
mil milhões de dólares, poderia estar em condições de
competir em nível mundial com a estadunidense
Anheuser-Busch,
até agora líder planetário indiscutido do setor.
Durante os primeiros momentos da operação da
nova companhia,
AmBev e
Interbrew
continuariam funcionando separadamente, para fusionar-se
numa segunda etapa. Segundo a consultora internacional
Canadean, que extrapola dados correspondentes às operações
de AmBev
e
Interbrew em 2002, a mega-empresa entre
ambas controlaria mais do 11 por cento do mercado da
cerveja.
Anheuser-Busch, fabricante da cerveja
Budweiser, alcança por sua parte o 12,1 por cento da
produção mundial da bebida.
No capital da nova firma brasileiros e belgas
estarão representados por partes iguais, embora que
Interbrew é
maior que AmBev,
tanto em valor de mercado como em volume de produção (a
brasileira é contudo mais “eficiente” que a belga, já que
sua margem operacional é de 22,5 por cento, enquanto que a
de seu novo sócio apenas chega ao 12).
A empresa sul-americana ocupa uma posição de
liderança na sua região e opera também em América Central,
enquanto a belga tem importantes participações no mercado
europeu (essencialmente Alemanha, Bélgica, Rússia e
República Checa), norte-americano (Canadá é seu ponto forte)
e asiático. No México, a companhia belga controla 30 por
cento do capital de
Femsa, que
comercializa as marcas Tecate e Sol. Respeito a
AmBev, nos
últimos quatro anos adquiriu perto de dez fábricas de
cervejas em diferentes países da América Latina, uma região
onde Interbrew
carece de fábricas próprias.
Enquanto o Citibank e a banca de advogados
Barbosa, Müssnich & Arago assessora a
AmBev, na
firma européia fazem o mesmo Goldman Sachs e a banca de
advogados Machado, Meyer, Sendacz & Opice.
A operação de fusão foi aprovada por altos
representantes do governo brasileiro, como o ministro da
Casa Civil, José Dirceu, e o ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, que foram cientificados das negociações em dezembro
último.
Depois que a perspectiva de uma fusão com
Interbrew
tomou estado público, as ações de
AmBev na
bolsa de São Paulo cresceram fortemente, chegando a seu
ápice histórico.
Daniel Gatti
© Rel-UITA
1º de março de 2004
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