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   Brasil - Finlândia

  

 

Um novo impulso na luta

contra as doenças profissionais

nos frigoríficos

 

Esta 2ª. Oficina foi realizada entre os dias 24 e 26 de junho em São Paulo, Brasil, e foi a continuação da realizada em junho de 2008 em Porto Alegre,  ambas organizadas pelo Centro de Solidariedade Sindical da Finlândia (SASK), pela Federação de Trabalhadores da Alimentação da Finlândia (SEL) e a Rel-UITA.

 

A Oficina contou com a participação de Henri Lindholm e de Eila Kämäräinen, representantes da Federação de Trabalhadores da Alimentação da Finlândia (SEL), de Liisa Mery, pelo Centro de Solidariedade Sindical da Finlândia (SASK), além de representantes da Confederação Nacional de Trabalhadores da Alimentação (CONTAC), da Federação de Trabalhadores da Indústria da Alimentação do Estado de São Paulo (FETIASP), da Confederação Nacional de Trabalhadores da Alimentação (CNTA), dos membros do Comitê Executivo Mundial e Latino-Americano da UITA e de Gerardo Iglesias, secretário regional da UITA.

 

Durante a atividade foram expostas as diversas realidades vividas pelos trabalhadores e trabalhadoras da indústria. Foi dedicado um tempo especial aos dados e à análise apresentados pelo secretário regional da UITA, Gerardo Iglesias, sobre a recente fusão entre as duas principais empresas avícolas brasileiras, a Sadia e a Perdigão, o que gerou uma nova empresa que foi batizada por seus proprietários como Brasil Foods (BRF).

 

Esta nova empresa venderá 25 por cento dos frangos comercializados em todo o mundo e será responsável por 125 mil empregos.

 

O secretário geral da SEL, Henri Lindholm, realizou uma interessante apresentação sobre os diversos aspectos do trabalho em frigoríficos na Finlândia, as condições de trabalho e a legislação trabalhista específica para eles. Fez, também, uma descrição bastante detalhada da estrutura sindical dentro e fora das empresas e dos sistemas de relação com as patronais.

 

Por outro lado, o doutor Roberto Ruiz apresentou um importantíssimo trabalho científico sobre as doenças profissionais vinculadas às Lesões por Esforços Repetitivos (LER), que envolveu uma grande equipe de profissionais durante mais de dois anos de pesquisas no setor avícola.

Finalmente, o intercâmbio entre as diversas organizações e instituições que participaram da Oficina produziu claros alinhamentos de trabalho que servirão para orientar, daqui para frente, a luta contra as doenças profissionais nas avícolas e nos frigoríficos do Brasil.

 

A seguir, as conclusões dos participantes mais representativos da Oficina.

 

 

Dr. Roberto Ruiz

Especialista em saúde e condições de trabalho

 

Uma reunião muito positiva na qual o movimento sindical brasileiro pôde trocar muitas informações com o movimento sindical finlandês. Além disso, partindo de uma realidade encontrada em um projeto que desenvolvemos no Brasil, estamos em condições de fazer propostas que se referem a mudanças na jornada de trabalho e nas condições de trabalho em geral.

 

Este trabalho de pesquisa, cujos resultados expusemos aqui, pelo que sabemos, é o único que trata dessa questão. Na exploração bibliográfica, que realizamos antes de iniciar a pesquisa, não encontramos nenhum material similar ao que nós fizemos.

 

Trata-se de uma experiência única que envolveu mais de 40 profissionais durante dois anos, atendeu a 425 portadores de doenças profissionais afastados de seus postos de trabalho e realizou mais de 20 mil procedimentos de atendimento médico. Agora, com o apoio da Rel-UITA, vamos concluir esta tarefa com a publicação de um livro e de uma publicação científica com oito artigos que descreverão todo o trabalho realizado.

 

 

Henri Lindholm

Secretário geral da SEL

 

A Oficina foi muito boa, especialmente no final, quando encontramos uma linha de trabalho na qual todos concordamos em como proceder de agora em diante e por isso creio que, do nosso ponto de vista, a Oficina foi um êxito.

 

Este projeto é um grande desafio porque os problemas são muitos e muito grandes, e é difícil encontrar por onde começar e em que direção, mas encontramos o primeiro passo e a partir daí podemos seguir em frente.

 

O surgimento desta nova empresa, Brasil Foods, da fusão entre a Sadia e a Perdigão, mudou completamente o cenário, o que influi um pouco no desenvolvimento do projeto já que devemos esperar um pouco para saber quem ficará na direção desta empresa, com quem estaremos lidando.

 

Neuza Barbosa de Lima

Secretária de Educação da Federação de Trabalhadores da

Indústria da Alimentação de São Paulo (FETIA/SP)

 

Esta atividade é a continuação daquela que realizamos em junho de 2008 e o início daquele projeto que concebemos na reunião passada. Estamos contentes porque encontramos qual é a linha e as ações de trabalho que vamos implementar daqui pra frente. Realmente eu dou nota máxima ao trabalho destes dias aqui em São Paulo.

 

Quero ressaltar o trabalho apresentado pelo doutor Roberto Ruiz, o qual conhecemos há muito tempo e a quem respeitamos enormemente porque sempre demonstrou estar junto aos trabalhadores e trabalhadoras. É muito importante que a UITA possa trabalhar com pessoas da estatura profissional, ética e política como o doutor Roberto.

  

Siderlei Silva de Oliveira

Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas

Indústrias da Alimentação e Agroindústrias (CONTAC)

 

Esta segunda reunião, realizada com os companheiros e companheiras da Finlândia, foi muito importante porque avançamos e percebemos que estamos em uma mesma sintonia com relação ao que queremos: lutar para acabar com as doenças profissionais nas avícolas e nos frigoríficos.

 

A ajuda dos companheiros finlandeses é importante porque em seu país eles estão um passo mais adiante que nós neste tema. Percebe-se que lá há uma preocupação do governo, do Estado, coisa da qual carecemos aqui. Lá o Estado não admite que alguém adoeça por produzir, nem que o trabalho adoeça. O trabalho dignifica quando não adoece. Aqui temos a confirmação de que no Brasil está faltando alguma ação que parta do Estado, e acredito que depois desta reunião vamos intensificar ainda mais a campanha contra as doenças nos frigoríficos.

 

Também ficou decidido publicar um livro técnico sobre este tema, escrito por médicos e pesquisadores, que é o que está faltando, já que às vezes somos perguntados de onde tiramos os dados e até agora não tínhamos um apoio técnico. Este trabalho, coordenado pelo doutor Roberto Ruiz, será uma contribuição muito importante para nossa luta.

 

Em São Paulo, Carlos Amorín

Rel-UITA

9 de julho de 2009

 

 

 

 

 

 

 

24 | junho 

 

25 | junho

               Fotos: Gerardo Iglesias y Beatriz Sosa
 

 

 

 

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