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   Brasil

  EN DIÁLOGO  
 

AVÍCOLAS │ DOUX

Com Airton Hochscheid

A situação é muito preocupante

para os produtores integrados

da DOUX

   

Airton Hochscheid é Assessor de Política Agrícola da Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul) e dialogou com o Sirel sobre a problemática que a transnacional francesa Doux, dona do grupo Frangosul no Brasil, atravessa.

 

 

-Qual é o problema que a FETAG está enfrentando atualmente com a empresa Doux - Frangosul?

-As dificuldades com a empresa começaram há dois anos com a problemática vivida pelos chamados produtores integrados. A empresa começou a atrasar o pagamento de seus compromissos e até mesmo houve atrasos na entrega da alimentação para os animais.

 

A situação é muito preocupante porque estamos falando de quase 2200 famílias atingidas.

 

No início de 2011, o atraso no pagamento dos salários chegou a ultrapassar os 160 dias e foi, então, que a situação se tornou mais alarmante. Por outro lado, foram sendo descumpridos vários convênios e acordos que tinham sido assinados com a empresa e, por essa razão, a FETAG, juntamente com os produtores integrados, decidiu fazer uma manifestação frente à sede em Montenegro, Rio Grande do Sul, em 21 de abril.

O mercado brasileiro avícola está altamente concentrado. Não há mais que três grandes empresas disputando o mercado interno e as exportações.

 

-Qual foi a reação da empresa?

-Ao tomar conhecimento da nossa decisão de fazer a manifestação, incluindo a ideia de parar completamente as atividades, a transnacional solicitou uma reunião conosco, na qual propusemos um novo calendário de pagamentos.

 

Um dia antes da mobilização, marcada para 21 de abril, a empresa nos comunicou que a nossa proposta tinha sido aceita e se comprometeu em começar a fazer os pagamentos no dia 26 de abril, o que está sendo cumprido, mas a situação é muito tensa.

 

-Que explicação a Doux - Frangosul deu sobre o atraso nos pagamentos?

-A informação é que, atualmente, a empresa está no meio de uma grave crise financeira e a matriz da empresa na França decidiu abrir as ações no mercado europeu visando a se capitalizar.

 

Estes dados são preocupantes, porque no mercado interno brasileiro não há nenhuma empresa capaz de absorver o caudal de produção da empresa Doux Frangosul. Se a crise se aprofundar, serão muitos os postos de trabalho que estariam ameaçados, e os produtores integrados que produzem para a Doux - Frangosul perderiam a sua fonte de renda.

 

-A empresa Brasil Foods não poderia absorver a produção da Doux Frangosul?
-
Extra-oficialmente sabemos do interesse da empresa Brasil Foods em fazer uma parceria ou até mesmo em comprar a empresa Doux - Frangosul.

 

O mercado brasileiro avícola está altamente concentrado. Não há mais do que três grandes empresas disputando o mercado interno e as exportações. Portanto, para realizar esta absorção por parte da Brasil Foods, teríamos no mercado um componente a menos, sendo criada uma empresa quase monopolista, com as terríveis consequências que poderão ser geradas aos produtores e trabalhadores da indústria.

 

-Como você acha então que esta crise será resolvida?

-Em primeiro lugar, esperamos que a abertura das ações no mercado europeu consiga os resultados esperados para que a Doux - Frangosul possa saldar suas dívidas e continuar normalmente com suas atividades.

 

Mas devemos estar preparados para qualquer panorama, mesmo para a absorção e redução de componentes no mercado ao qual nos referimos. A prioridade são os produtores integrados, que dependem desta atividade e já investiram muito nela.

Em Brasilia, Gerardo Iglesias

Rel-UITA

28 de junho de 2011

 

 

 

 

Foto: Gerardo Iglesias

 

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