Encontro Nacional de Frigoríficos
Uma concorrida
reunião, realizada em São Paulo nos dias 23 e 24 de setembro, congregou
numerosas organizações sindicais do setor frigorífico. A entidade anfitriã foi a
Federação dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação do Estado de São Paulo (FETIASP)
e seu presidente, Melquíades de Araújo. O Sirel conversou com Artur Bueno de
Camargo, presidente da Confederação Nacional dosTrabalhadores na Indústria de
Alimentação (CNTA) e integrante do Comitê Latino-Americano da UITA, para
conhecer as conclusões da reunião.
-Qual foi
o motivo desta reunião?
-Foi um
Encontro Nacional do Setor Frigorífico com a participação da CNTA e da
UITA. Fizeram parte deste intercâmbio oito Federações estaduais e 22
sindicatos de vários estados
Durante este
Encontro, pudemos constatar que os problemas são idênticos em todos os estados.
Falamos muito das condições de trabalho prejudiciais à saúde e humilhantes para
trabalhadores e trabalhadoras, do grande número de individuos acometidos por
LER/DORT* devido ao ritmo frenético de trabalho, analisamos os baixos
salários e a excessiva rotatividade de pessoal, utilizada como um sistema para
baixar os salários.
-Quais foram
os resultados?
-Acho que a primeira conclusão é que precisamos dar início a um processo de ação
que começa com a aprovação de uma Carta de São Paulo, apoiada por todas
as entidades que participaram deste Encontro, que irá descrever qual é a
realidade dos trabalhadores e trabalhadoras neste setor de frigoríficos e
avícolas. Esta Carta será realmente uma linha de ação para as
organizações sindicais.
Também se
decidiu pela integração de um Comitê com dois representantes sindicais de cada
Estado, cuja função será coordenar as ações junto com a CNTA e da UITA.
No próximo dia
7 de outubro, será realizada a primeira reunião deste organismo para começar a
coordenar as ações a serem executadas, sendo a primeira delas uma grande
mobilização nacional do setor, em 16 de outubro. Isto incluirá várias
paralisações de, pelo menos, duas horas, e a distribuição de um grande número de
panfletos para mostrar aos trabalhadores, e à sociedade em geral, as grandes
dificuldades que estamos tendo para melhorar as condições de trabalho e a
situação salarial do setor.
-Também foi
aprovada uma campanha internacional sobre esta questão...
-Sim, além disso esta campanha internacional estará incluída na Carta de São
Paulo. Queremos integrar esta campanha com as organizações sindicais de
outros países, porque vemos que, permanentemente, estão sendo feitas fusões
entre grandes empresas, o que sempre traz grandes prejuízos para os
trabalhadores e trabalhadoras, porque, quando isso ocorre, são implementadas as
reduções de custos que invariavelmente envolvem redução salarial.
-De fato,
várias das principais empresas do setor são transnacionais de origem
brasileira...
-É verdade. Neste setor está acontecendo a mesma coisa que ocorreu no ramo das
cervejarias com o surgimento da AmBev e, posteriormente, da InBev.
É por isso que devemos começar a globalizar a nossa luta sindical. Nessa
reunião, eu disse que a economia já está globalizada, assim como o comércio e as
comunicações, mas a luta sindical ainda não está. Assim, consideramos que o
trabalho de integração e de divulgação internacional da informação, que está
sendo feito pela UITA, é fundamental para lutar unificadamente com os
trabalhadores organizados de outros países.
-Quais são as
perspectivas neste contexto?
-Esperamos que até o final do ano, e no marco definido neste Encontro, já
estejamos com nossos sindicatos e organizações totalmente mobilizados
nacionalmente, para que no próximo ano possamos começar a intensificar a nossa
luta.
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