Os 800 funcionários do Frigorífico
La Caballada,
de propriedade do Grupo Marfrig, localizado no departamento de Salto, no norte
do país, estão em seguro-desemprego desde o início de outubro. Sem aviso prévio,
a transnacional brasileira acaba de demitir 15 funcionários, e há suspeitas de
que podem ser muitos mais. Sirel dialogou com Gustavo Telechea, vice-presidente
do Sindicato Único dos Trabalhadores de La
Caballada Salto
(SUTLCAS).
-Como foram feitas estas essas demissões?
-Há poucos dias tivemos uma reunião com a empresa, na qual nos comunicaram que
tinham demitido dois funcionários - um supervisor e um empregado da
administração – além de terem feito algumas mudanças na seção, aceitas pelos
envolvidos. Isso foi tudo. Em nenhum momento nos disseram que haveria mais
demissões, chegando a argumentar que neste momento a empresa não tinha recursos
para pagá-los. O último contato foi no sábado passado, dia 13 de novembro,
quando tivemos uma conversa telefônica com o chefe de pessoal, que afirmou não
haver nenhuma novidade.
-Mas não era assim....
-Não. Na segunda-feira, 15 de novembro, recebemos de manhã cedo a notícia de que
estavam demitindo companheiros nossos. Primeiro despediram cinco, incluindo
José Ilarraz,
membro da diretoria do Sindicato. No dia seguinte, mais dez trabalhadores. E
correm rumores de que as demissões vão continuar. Algumas versões falam de 60 e
outras que chegaria a 89 demissões. Até o momento as demissões são estas 15.
Na
segunda-feira, 15 de novembro, recebemos de manhã cedo a notícia de
que estavam demitindo companheiros nossos. Primeiro despediram
cinco, incluindo
José Ilarraz, membro da
diretoria do Sindicato. No dia seguinte, mais dez trabalhadores. E
correm rumores de que as demissões vão continuar. |
-Vocês já entraram em contato
com a empresa?
-Eles não emitiram nenhum sinal e consideramos que não somos nós que devemos
tomar a iniciativa neste momento, porque, até agora, estamos agindo de boa fé e
com disposição para o diálogo. E, mesmo assim, a empresa opta por tomar decisões
muito graves, sem nos consultar em absolutamente nada, pegando-nos de surpresa,
com uma atitude absolutamente injustificável.
-Como vocês reagiram a
esta situação?
-Informamos à Federação Operária da Indústria da Carne e Afins (FOICA), à
central PIT-CNT e à UITA e, em Assembleia, decidimos montar um
acampamento permanente em frente da fábrica, o que já está acontecendo. Estamos
em estado de alerta e de mobilização permanente, porque não podemos permitir que
a empresa continue demitindo os companheiros de forma totalmente imprevista e
unilateral. Além disso, considerando que todos os trabalhadores estão em
seguro-desemprego já faz um mês e meio, as demissões, segundo a Lei, só poderiam
ter efetividade a partir do início de dezembro, quando termina o segundo mês.
Além disso, a FOICA
denunciou esta situação ao Ministério do Trabalho e estamos esperando que chegue
a citação oficial para nos apresentarmos. Tomara que seja nesta semana
mesmo. Enquanto isso, estaremos aqui, em frente à fábrica, acompanhando de perto
a situação.
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