Sirel dialogou
em Brasília com o presidente da
Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Turismo
e
Hospitalidade (CONTRATUH), uma das maiores
organizações
sindicais do Brasil
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Moacyr Roberto Tesch |
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Junto com
Artur Bueno de Camargo, presidente da Confederação Nacional de
Trabalhadores da Alimentação (CNTA), chegamos à CONTRATUH na
quinta-feira passada, dia 22 à tarde. O próprio Moacyr nos deu
as boas-vindas e, sem maiores preâmbulos, o diálogo surgiu ameno e fluido.
Após a visita guiada pelos amplos e funcionais ambientes da sede, Moacyr
nos perguntou:
-Vocês
perceberam o detalhe das nossas mesas de trabalho?
-Bom, além do
tamanho, são todas de vidro e pretas – me atrevi a responder.
-Não, se
olharem bem irão perceber que não há gavetas.
- É isso? –
perguntamos Artur e eu quase de forma uníssona.
-É para que
nenhum de nós possa esconder o trabalho – respondeu Moacyr com um
indiscreto sorriso.
A CONTRATUH
foi fundada em 26 de novembro de 1988 e atualmente conta com 450
sindicatos filiados, cinco federações nacionais e 31 federações estaduais,
representando aproximadamente 8 milhões de trabalhadoras e trabalhadores.
Segundo Moacyr, a Confederação “foi forjada como um
instrumento de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras do turismo e da
hospitalidade no Brasil. Em sua luta pela dignificação das condições
de trabalho e econômicas, transformou-se numa trincheira de resistência
contra as reformas estruturais que a flexibilização produz sobre os direitos
trabalhistas, em correspondência com a ditadura econômica globalizante”,
enfatizou o dirigente.
Consultado
sobre o perfil do trabalho gerado pelo turismo, o presidente da CONTRATUH
ressaltou: “Como ocorre em outras latitudes, no Brasil temos
problemas com as condições trabalhistas e remuneratórias, porque uma
importante porcentagem de trabalhadores e trabalhadoras é contratada através
de falsas cooperativas. Costumamos dizer que o trabalhador de hotelaria
trabalha no luxo e vive na pobreza”.
“Por outro
lado –continuou Moacyr– além das belezas naturais que o Brasil
oferece, o turista sabe avaliar a qualidade do serviço, e nesse âmbito há
muitas coisas para serem melhoradas. Porém, apesar disto ser fundamental,
vemos que o empresariado não se mostra interessado em promover e apoiar a
capacitação profissional”.
Campanha “Viver Mulher”
Não à violência contra a Mulher
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Artur Bueno de Camargo e
Moacyr Roberto Tesch |
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No dia 8 de março
passado, a CONTRATUH lançou a campanha nacional “Viver Mulher”,
Respeito, Dignidade e Igualdade – Não à Violência. A campanha foi lançada com a
realização de um seminário nacional com o objetivo de formar multiplicadores
para difundir a mensagem da campanha no espaço da Confederação e na sociedade em
geral, mediante um trabalho permanente.
Segundo Vera
Ferreira de Morais, diretora de Assuntos Parlamentares da CONTRATUH,
“O propósito geral da campanha é combater a violência contra a mulher e,
entre os objetivos específicos, nos centramos em levar os dirigentes sindicais
à reflexão, em informar sobre as leis existentes, em diminuir a tolerância à
violência, em montar uma rede de luta contra este flagelo social e em incentivar
a participação das organizações sociais na elaboração das políticas públicas
relativas ao tema”.
Moacyr
destacou que a CONTRATUH e o movimento sindical em geral “somos
formadores de opinião, portanto temos condições de colaborar para a erradicação
dessa prática”. Além disso, ressaltou a política de reflexão e de divulgação
assumida pela Confederação nesta campanha, “porque só tornando as problemáticas
que nos afetam visíveis em seu conjunto para a sociedade, seremos capazes de
contribuir com a recepção de informação oportuna sobre casos de violência contra
a mulher e com o debate na busca de soluções”, garantiu o presidente.
Outro destacado
espaço de trabalho da CONTRATUH é o programa contra a “Exploração do
Turismo Sexual Infantil”. A Confederação participa dos esforços realizados
pelo governo federal, pelos Ministérios dos Esportes e de
Turismo, pela Subcomissão Permanente de Turismo da Câmara de Deputados
e pela Frente Parlamentar do Turismo (PARLATUR).
“Este é um tema
lamentável –comentou Moacyr–, e está relacionado com a pobreza, a falta
de oportunidades e a exclusão que vastos setores de nossa sociedade padecem. Tem
que ver com o despovoamento do campo e com a falta de políticas públicas de
contenção e, também devo dizer, com fazer com que legislação vigente seja
cumprida. Um aspecto positivo é que esta aberração do turismo sexual infantil
não é um tema que as autoridades ocultam”, concluiu Moacyr.
Artur Bueno
de
Camargo,
Gerardo Iglesias
e
Moacyr Roberto Tesch Auersvald |