No
ano passado, o número de desembarques
domésticos foi de 43,1 milhões. Este ano, a
expectativa do Ministério do Turismo é que
esse número chegue a 54 milhões. Os dados
deixaram o ministro Walfrido Mares Guia
eufórico e não é para menos: segundo ele, o
setor vive o melhor momento da história do
Brasil. Para se ter uma idéia, em 2005 os
turistas estrangeiros deixaram US$ 4 bilhões
no país, valor já ultrapassado este ano
Em
entrevista ao DIÁRIO DO PARÁ, Walfrido falou
dos investimentos feitos pelo governo
federal, que vêm ajudando o setor a crescer
e, consequentemente, gerar emprego e renda
em todas as regiões brasileiras. Aliás, em
relação à criação de vagas de trabalho, o
ministro considera que esses são os melhores
números: até o final de 2005, foram cerca de
700 mil novos empregos diretos e a
expectativa é que sejam gerados mais 310 mil
empregos diretos em 2006.
Ele falou
ainda dos projetos do ministério, do projeto
orla do Rio Guamá, apresentado pela
prefeitura de Belém e da sua experiência com
o pato no tucupi, iguaria paraense que ele
considerou “espetacular”.
DIÁRIO
- Falando em números, como anda o turismo no
Brasil?
Walfrido Mares Guia
- Estamos vivendo o melhor momento da
história do Brasil no que se refere ao
turismo, tanto em 2005, como neste ano. Ano
passado ultrapassamos todos os limites
possíveis. Primeiro no número de
desembarques domésticos, que são as pessoas
que viajaram e ficaram pelo menos uma noite
no destino para onde foram.
Pela primeira vez ultrapassamos a marca de
43 milhões de desembarques desse tipo,
contra 30 milhões registrados em 2003; Foram
36,3 milhões em 2004 e 43,1 milhões
desembarques domésticos registrados em 2005.
Este ano, no ritmo que vamos indo, avalio
que ultrapassaremos os 52 milhões de
desembarques domésticos, podendo até a
chegar a 54 milhões.
DIÁRIO
- E em relação aos turistas estrangeiros?
Walfrido Mares Guia
- Em relação à chegada de turistas
internacionais, em 2005 tivemos o maior
registro de todos os anos,
chegando a 5,381 milhões de turistas
estrangeiros que vieram ao país. Os
argentinos contribuíram com 991 mil
turistas, os americanos com 792 mil e os
portugueses aparecem como terceiro povo que
mais visita o Brasil, com 373 mil turistas.
Em seguida vieram outros países com mais de
300 mil turistas. O mais importante para nós
não é o número de pessoas que vem, mas sim
as divisas que geram em nosso país. Em 2005,
pela primeira vez quase chegamos a US$ 4
bilhões deixados aqui: foram US$ 3,861
milhões registrados no Banco Central, sem
contar com o que os turistas estrangeiros
trazem em papel moeda no bolso e que
eventualmente gastam aqui e que nem sempre o
BC capitaliza. Esses números impressionam
porque jamais em outro governo o Brasil
havia recebido mais do que US$ 2 bilhões no
BC: em 2003 foram US$ 2,5 bilhões; em 2004
US$ 3,2 bilhões e em 2005 mais de US$ 3,8
bilhões. O que é mais importante: este ano,
até abril, já haviam sido registrados US$
4,120 milhões.
DIÁRIO -
O senhor sempre defende que investir em
turismo é apostar no desenvolvimento
econômico-social...
Walfrido Mares Guia
-Isso mesmo. É gerar emprego, distribuir
renda e atrair divisas. Falo no
desenvolvimento econômico-social sobretudo
na geração de mais postos de trabalho e de
renda, sobretudo para a população mais
carente. A vantagem do turismo é justamente
essa: criam-se empregos e renda por todo o
país e não apenas nos grandes centros onde o
desenvolvimento já existe, como nas capitais
e distritos industriais. O crescimento é
gerado em qualquer lugar do país, desde que
haja a natureza e recursos culturais que
possam ser transformados em produtos.
DIÁRIO
- E quantos empregos o setor turístico gera
no Brasil hoje?
Walfrido Mares Guia
- São esses justamente os melhores números
que possuímos:
geramos, até o final de 2005, 678 mil novos
empregos diretos e existem estatísticas que
apontam até para mais de 700 mil empregos. A
expectativa é que iremos gerar mais 310 mil
empregos diretos em 2006 e teremos criados
mais de 900 mil empregos apenas nos quatro
anos do governo Lula, mas nossa meta é gerar
pelo menos 1,2 milhão de empregos até o
final de 2007,
compreendendo os quatro anos do Plano
Plurianual de Investimentos da atual gestão.
Estamos conseguindo nossas metas, tendo em
vista que a geração de empregos no setor é
evidente, além do número de empreendimentos
no setor, que também não pára de crescer. Na
próxima quarta-feira estarei representando o
presidente Lula na inauguração do maior
complexo hoteleiro jamais feito no Brasil,
na praia do Forte, na Bahia. É um
investimento de um grupo espanhol chamado
Ibero Star,
que estará aplicando em nosso país US$ 330
milhões para construir um resort com 1.600
apartamentos. Agora, serão entregues os
primeiros 440 apartamentos. Estamos vivendo
um momento onde os investimentos
internacionais aumentam, os empregos
aumentam não apenas no centro-sul, mas na
Amazônia e no Nordeste. Vários governos
estaduais elegeram o turismo como
prioridade, colocando nos cargos de
secretários de Turismo profissionais
altamente preparados. Inclusive o atual
presidente da Paratur, Adenauer Góes, chegou
a presidir o Fórum Nacional de Secretários
de Turismo.
DIÁRIO
- Então quer dizer que apesar das riquezas
naturais e culturais que o Brasil possui, o
turismo nunca teve o destaque que merecia?
Walfrido Mares Guia
- A diferença é que agora o governo federal
resolveu colocar o turismo na agenda de
desenvolvimento nacional, como uma política
pública mesmo. Fizemos uma corrente, a
partir do governo federal, com Estados,
municípios e empresariado. É a primeira vez
que um presidente da República coloca o
turismo nas 10 prioridades máximas do
governo, que começa com a garantia da
alimentação básica para todos os
brasileiros, através de programas como Fome
Zero e Bolsa-Família. Ao criar o Ministério
do Turismo, o presidente Lula nos deu todas
as condições de criar uma equipe técnica
formada pelos melhores profissionais do
mercado, independente de pertencerem ao
partido a, b ou c. Além disso, o governo
federal colocou recursos no orçamento como
nunca havia sido feito antes, respondendo às
demandas do setor. O Congresso Nacional, ao
notar que havia políticas firmes para o
setor, criou Comissões de Turismo
Permanentes na Câmara e no Senado Federal.
Inclusive o deputado Asdrúbal Bentes
(PMDB-PA) é o presidente da Comissão de
Turismo da Câmara neste quarto ano do
governo do presidente Lula. É preciso
ressaltar ainda que o Congresso emendou o
orçamento do Ministério do Turismo em
valores extraordinários: meu orçamento para
este ano é de R$ 1,3 bilhão, contra um
orçamento de apenas R$ 300 milhões há três
anos. Isso mostra que há uma convergência
entre o discurso e a prática. Além disso
criamos um Plano Nacional de Metas que foi
lançado pelo próprio presidente no Palácio
do Planalto, na presença de congressistas,
governadores, ministros e do trade
turístico. Em seguida o presidente criou e
deu posse aos integrantes do Conselho
Nacional de Turismo.
DIÁRIO
-Como aplicar um volume tão grande de
investimentos? A criação dos 87 melhores
roteiros turísticos no país é um início?
Walfrido
Mares Guia
- Na verdade, de início os Fóruns Estaduais
de Turismo escolheram 219 roteiros nos 26
Estados e no Distrito Federal. Desses,
selecionamos inicialmente 117 para o início
do trabalho e, desses, passaram na peneira
de produtos internacionais de qualidade 87
roteiros, que podem ser promovidos e
vendidos em qualquer lugar do mundo, mas
existem outros roteiros que podem ser
trabalhados. Cada Estado ficou com, pelo
menos, três roteiros. Aqui no Pará foram
selecionados os roteiros “Amazônia
Quilombola” (Belém, Acará e Ponta de
Pedras), “Amazônia Marajó” (Belém,
Salvaterra e Soure) e “Tapajós: Amazônia,
Selva e História” (Santarém e Belterra).
Temos que fazer com que as emendas de
bancada para o setor sejam revertidas para
roteiros integrados. Muitos Estados já fazem
isso com perfeição. Em 2005 o Ministério do
Turismo colocou no Pará R$ 11 milhões e este
anos já temos outros R$ 20 milhões para
serem investidos aqui em Belém. O prefeito
Duciomar, que é muito meu amigo, já me levou
em Brasília para conhecer o projeto da orla
do rio Guamá, que é maravilhoso e que deve
se tornar realidade para se juntar a outros
projetos maravilhosos realizados aqui. Uma
nova Belém foi criada de 10 anos para cá e
se equipou na área do turismo.
Sempre atenderemos a bons projetos.
DIÁRIO
- O que é
preciso fazer para tornar esses roteiros
viáveis no estrangeiro?
Walfrido Mares Guia
- Parte dos recursos do nosso orçamento é
utilizado justamente para fazer a promoção
nacional e internacional desses roteiros.
Sem falar que também temos recursos para
fazer a qualificação das pessoas que
trabalham nesses roteiros e nos seus
produtos. É claro que precisamos sempre
investir na manutenção da infra-estrutura já
existente nesses roteiros, melhorar o que
tem e criar novas melhorias. Para isso temos
os recursos municipais, estaduais e federais
e os investimentos do setor público. O
governo federal saiu na frente nesse item ao
alocar recursos consideráveis para aplicação
no setor e os governos estaduais estão vendo
agora que vale a pena investir no turismo.
DIÁRIO
- Muitos
paraenses reclamam que, nos últimos anos,
vários vôos diretos daqui para outros países
foram cancelados. Esse quadro vem mudando?
Walfrido Mares Guia
- Agora temos vôos diários Fortaleza-Belém-Manaus-Miami,
feito pela TAM e daqui a pouco teremos vôos
da TAF passando por aqui e indo para Caiena
e brevemente teremos vôos da Europa direto
para cá. Outros roteiros serão criados
certamente. O que estamos lutando é para que
vôos de empresas brasileiras saiam daqui
direto para o exterior.
DIÁRIO
- Existe um
projeto do governo federal para desenvolver
o ecoturismo nas regiões?
Walfrido Mares Guia
- Sim existe. É o Proecotur, que foi
contratado junto ao BID em agosto de 2000. O
projeto previa duas fases e a primeira só
pôde ser concluída agora, tendo em vista que
houve muita descontinuidade, com a mudança
de governo. Dos 15 pólos estudados pelo
Ministério do Meio Ambiente, 14 já estão
prontos sob o ponto de vista do impacto
ambiental na área da Amazônia Legal, e serão
desenvolvidos sob o ponto de vista do
Ecoturismo e do desenvolvimento sustentável.
O Ministério do Meio Ambiente investiu cerca
de R$ 8 milhões em dois anos e meio de
trabalho no Proecotur. Os estudos foram
entregues ao Ministério do Turismo e caberá
a nós fazer a implantação, transformando o
potencial em produtos turísticos viáveis,
gerando emprega e renda, sempre preservando
a biodiversidade e a diversidade cultural.
Acredito que esse projeto possa estar sendo
desenvolvido nos próximos quatro ou cinco
anos. Os Estados tomarão financiamento
direto do BID e o governo federal dará o
aval e uma contra-partida ao financiamento.
DIÁRIO
- E o
programa “Vai Brasil” pode ser considerado
uma realidade?
Walfrido Mares Guia
- É um programa já lançado no início deste
mês e no dia 18 iniciaremos uma campanha
para divulgá-lo. É um programa piloto
inicialmente, mas já existem 1.300 pacotes
registrados no site
www.vaibrasil.com.br
para todos os gostos e para todos os bolsos
do brasileiro que quiser viajar, seja ele da
ativa ou aposentado, que poderão conhecer o
Brasil que poucos conhecem. Já estamos
conversamos com as centrais de trabalhadores
e sindicatos e inclusive já reunimos com o
Luiz Marinho, ex-presidente da Central Única
dos Trabalhadores (CUT) e agora faremos
contatos formais com as entidades de
trabalhadores para mostrar a dinâmica do
“Vai Brasil”, para que possam mostrar a
melhor maneira dos trabalhadores acessarem o
programa. (...)
Publicado no DIÁRIO DO PARÁ
21 de
junio de 2006
Imágenes: e-tourmagazine.com