De 21 a
23 de Outubro, o Sindicato Único dos Pescadores de Novas Embarcações do Peru (SUPNEP)
realizou sua Assembleia Geral. Sobre a atividade e os desafios, conversamos com
John Pedemonte, secretário-geral do Sindicato.
-Como
você avalia a Assembleia?
-Todos
os delegados presentes no Congresso demonstraram que estavam satisfeitos com os
avanços conquistados pelo SUPNEP. É por isso que a eleição manteve a
composição da direção do Sindicato.
-Muitos desafios para a nova direção?
-Os
mesmos pelos quais estamos lutado há anos, a defesa da nossa fonte de trabalho,
ou seja, as 200 milhas do
Mar de Grau1.
-Um
mar muito rico que atrai a cobiça de muitos ...
-Nosso
mar é muito rico, e por isso é invadido há um bom tempo por embarcações
estrangeiras que reduzem o potencial do recurso pesqueiro, e com isso não geram
emprego nem renda para o país.
-A
Assembleia aprovou a sua oposição aos TLC com os EUA e a União Europeia.
-Foi
aprovada uma resolução que define a nossa discordância com a forma como o
governo nacional está negociando esses TLC. Eles querem vir pescar nas
nossas 200 milhas e levar todos os nossos recursos pesqueiros.
Os barcos da
Europa e da China vêm pra cá, pescam, entregam o capturado em alto
mar para os barcos madrinha – fora das 200 milhas- e assim estão pescando
durante todo o ano em nossos mares. Em seguida, estes barcos madrinha levam a
captura para o seu país como se fosse deles. De maneira nenhuma aceitaremos
isto.
-Além
disso, um mar rico em alimentos e tantos peruanos desnutridos ...
-É isso
aí. Nosso povo precisa comer e nosso Mar de Grau tem recursos suficientes
para desenvolver uma política de soberania alimentar e também exportar; dá pra
ambas as coisas.
Aproximadamente 36 por cento das capturas mundiais estão destinadas
à fabricação industrial de ração animal
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No Peru
se sofre de desnutrição por falta de proteínas. Uma solução para este problema
seria estudar como chegarmos com o nosso pescado a todas as localidades. Mas
para isso devemos cuidar dos recursos pesqueiros.
No mundo, as 17 áreas pesqueiras
mais importantes atingiram ou ultrapassaram seus limites de exploração e 13
estão esgotadas ou seriamente afetadas; um verdadeiro desastre, onde 80 por
cento dos recursos pesqueiros mundiais estão esgotados.
-Pela
pesca excessiva, entre outros fatores ...
-Exatamente. O recurso
está ameaçado pela pesca excessiva, que ultrapassa em muito a capacidade dos
nossos mares. Alguns pesquisadores estão prevendo o desaparecimento das espécies
de peixes comerciais em 2048.
Eu tive
a oportunidade de estar na Espanha e na Itália, onde as
embarcações de pesca costeira, que são de 15 mil toneladas, saem para pescar e
com sorte pescam meia tonelada de sardinha por dia. Nas costas peruanas voltam
com as 15 toneladas e deixam o excesso no mar.
É por isso que
o SUPNEP também apoia o decreto legislativo 1084, que colocou
ordem no setor. Este decreto reduziu a frota, protegeu o recurso pesqueiro –
fundamentalmente a anchova- e deu uma solução para os problemas sociais e
econômicos dos trabalhadores, que trabalham apenas uns 40 dias por ano. O que é
inconcebível; tínhamos que encontrar outro lugar para trabalhar o resto do
tempo, o que não é fácil no nosso país.
-Portanto,
serão mais quatro anos de gestões, como você se sente sobre isso?
-Estou
tranquilo, andando de mãos dadas com a UITA, uma organização que sempre
nos apoiou em todas as gestões mais importantes: frente às empresas, ministérios
e governo, reivindicando o justo para o nosso setor. Por isso, agradecemos e
temos muito ainda para aprender com a UITA.
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