María participou ativamente do recente Seminário Internacional
dos Trabalhadores da Pesca e Conserva celebrado em São Paulo, Brasil,
representando o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Processamento de
Alimentos (SITIPA), secional Calvo. Sirel conversou com ela nessa ocasião.
-Quais são
os principais problemas vividos em Calvo Conservas de El Salvador?
-Avançamos,
logo após a Campanha da UITA, porém dentro da fábrica a dificuldade maior
é a discriminação contra aqueles que se filiam ao Sindicato Obreiro, e o
maltrato que recebemos de várias encarregadas. As autoridades, muitas vezes, se
negam a dialogar com o Sindicato Obreiro para encontrar solução para estes
problemas.
Há integrantes
do sindicato próximo à empresa, que divulgam informação distorcida entre os
trabalhadores e trabalhadoras, inclusive com referência a demissões. A empresa
proporciona informação contraditória para ambos os sindicatos e isto gera
confusão, desconfiança e divisão entre o pessoal. Correm rumores de demissões e
isso aterroriza muitas trabalhadoras que são chefes de família ou mães
solteiras, cuja única renda familiar vem desse emprego. O fato é que os
dirigentes do sindicato próximo à empresa também são chefes na empresa.
A discriminação
de algumas encarregadas costuma terminar em demissões injustificadas, já que
elas têm os seus grupos de adeptas, de trabalhadoras preferidas, às quais
beneficiam o mais que puderem, enquanto que o restante das trabalhadoras sofre
injustiças, recriminações, e assim os seus expedientes vão ficando sujos, sendo
no final, demitidas.
-Como é a
comida oferecida no refeitório?
-É escassa e o
cardápio é muito repetitivo. A bebida oferecida nunca está gelada nem há gelo.
-E em
relação à saúde e às condições de trabalho?
-O consultório
médico da empresa só oferece Diclofenac em comprimidos ou injetáveis, o que se
consumido de maneira frequente afeta muito os rins.
Este medicamento é um
potente analgésico e anti-inflamatório.
A situação se
agrava quando muitos companheiros e companheiras, com a necessidade de manter o
seu nível de produtividade alto, já que as encarregadas exigem metas de hora em
hora, evitam ir ao banheiro e retêm a urina, o que aumenta ainda mais o efeito
do medicamento nos rins.
Os banheiros
que estão no andar onde se trabalha estão quebrados, e então é preciso ir a
outros que estão no primeiro andar onde ficam os lockers. Isso faz com que se
perca ainda mais tempo. Isso nos faz pensar que a empresa não conserta estes
banheiros para que os trabalhadores evitem sair da linha de produção por medo de
perder muito tempo.
-Como você
avalia este Seminário?
-É a primeira
vez que participo de um evento como este, e é uma grande experiência que levo
para o meu país para dividir com todos e todas em nosso Sindicato Obreiro e no
meu trabalho. Pude comprovar que em todos os países os trabalhadores e
trabalhadoras do setor têm graves problemas e que, muitas vezes, os problemas
são os mesmos.
Penso que se a
união faz a força, como dizemos sempre, então instalar esta Coordenadora
Latinoamericana da Pesca é um grande passo adiante na nossa luta.
E aproveito
para agradecer o apoio que sempre recebemos da UITA, sem o qual tudo
teria sido muito mais difícil ainda.
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