A doença da Folha Verde do Tabaco, um tipo de
intoxicação aguda adquirida por meio do contato com
a nicotina. A doença foi identificada em 33
trabalhadores durante a colheita do fumo, no
município gaúcho de Candelária. As autoridades do
Ministério da Saúde acreditam, no entanto, que o
número de agricultores intoxicados é muito maior, já
que a investigação foi feita apenas nos meses de
novembro e dezembro de 2008.
Oficialmente, a doença só foi identificada no
Brasil em 2007, devido a um trabalho do
Ministério no município alagoano de Arapiraca, onde
107 trabalhadores estavam com a intoxicação.
O Rio Grande do Sul é responsável por 50% da
produção de fumo no país. Zero Hora conversou com a
coordenadora de Doenças Não-Transmissíveis
Ministério da Saúde, Débora Malta.
-O que será feito na região a partir deste estudo?
-Já devolvemos os resultados dessa investigação para
os gestores municipais e para Secretaria Estadual do
Rio Grande do Sul. O objetivo é orientar melhor os
gestores para que eles repassem as informações para
os técnicos de saúde, para que o diagnóstico seja
feito de forma precoce e para que o atendimento aos
trabalhadores seja feito da melhor forma possível.
Também estão sendo providenciadas orientações para
os trabalhadores que estão no processo de coleta.
Os dados são muito importantes para que os
trabalhadores possam ter conhecimento dos riscos e
com isso a proteção para as futuras intoxicações.
-É o contato com a nicotina que provoca a doença?
-No destalo, quando se apanha a folha, ocorre a
liberação da nicotina, da cotinina, que é então
absorvida pela pele e causa todas essas
intoxicações, todos esses sintomas de náusea, enfim,
mal-estar, dores musculares.
-Como é o tratamento?
-O tratamento é sintomático, ele é de suporte.
Existem muitas diferenças. Algumas pessoas têm maior
sensibilidade e precisam às vezes ser até internadas
porque pode ocorrer muita náusea e pode levar até a
desidratação . Em outros casos, a ocorrência é mais
leve, às vezes eles nem mesmo procuram os serviços
de saúde. Com medidas no domicílio, eles conseguem
se recuperar.
-O que o trabalhador deve fazer para evitar esse
tipo de intoxicação?
-Diversificar a atividade é muito importante. Além
disso, usar calça comprida, camisa longa. O ideal é
que se usasse luvas também. A gente sabe da
dificuldade disso no contexto do Brasil, mas o
adequado, inclusive o descrito na literatura, é que
se usassem luvas de borrachas.
Daniela Castro
Zero Hora
15 de julho de 2009
|