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37ª Reunião do Comitê Executivo Latino-Americano da UITA

Com o senador Jorge Enrique Robledo

Um povo que não produz
seus alimentos está condenado
a desaparecer

  

O atual governo colombiano desenvolve políticas econômicas que ameaçam a soberania e a segurança alimentar da população, favorecendo os interesses do grande capital nacional e transnacional. "É urgente e necessário adotar estratégias que visem a produzir alimentos "in situ" e a reverter estas dinâmicas perigosas para o futuro do continente", foram as considerações do senador colombiano Jorge Enrique Robledo, durante sua conversa com o Sirel.

 
-Como você percebe a situação da Soberania e Segurança Alimentar (SSA) na Colômbia e no resto do continente?

-A Colômbia está passando por um problema muito grave que existe também em muitos outros países da região. Apesar de ser um país com suficiente terra, agricultores e água para sermos autossuficientes em alimentos, as políticas neoliberais nos converteram em um país importador.
 
Estamos importando 10 milhões de toneladas de alimentos, isto é, mais de 30 por cento da nossa produção agropecuária total, o
que significa que estamos importando uma parte muito importante da dieta básica do nosso país. Bens que poderíamos perfeitamente produzir internamente.
 

Nossas segurança e soberania alimentares estão sendo perdidas, porque estamos sujeitos às chantagens que as multinacionais e os países alinhados com o modelo neoliberal querem nos impor, presentes nos Tratados de Livre Comércio (TLC) e na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Fazem-nos consumir agrocombustíveis com um alto custo de produção em troca de poupar petróleo, para assim vendê-lo mais barato aos Estados Unidos.

 
-Que implicações pode ter uma deterioração progressiva da SSA?
-A
SSA está baseada em um conceito bastante óbvio:
os alimentos são bens essenciais, porque um povo pode ficar sem muitos bens, mas não sem alimentos. Sem comida desaparece.
 
Nesse sentido, o conceito de SSA é tão importante e essencial que você tem que focar onde o alimentos são produzidos.
 
Os defensores do livre comércio dizem que não importa o lugar da produção, mas os fluxos comerciais e a disponibilidade de recursos para comprar alimentos. 
Não consideram, por exemplo, que
poderíamos chegar a uma situação onde haveria recursos econômicos, mas não alimentos.
 
Para nós, a
SSA deve ser entendida como um problema nacional. Que cada país faça os esforços necessários para produzir e garantir a dieta básica da sua população, sem concentrar a produção em poucos lugares do mundo.
 
-Quais são os setores da sociedade que devem garantir a SSA?

-A meu ver
é preciso haver um esforço conjunto entre empresários e assalariados agrícolas, camponeses e povos indígenas. Além disso, o Estado deve necessariamente apoiar este esforço com os instrumentos que estiverem à sua disposição.
 
-De que forma a incipiente produção de agrocombustíveis pode afetar a SSA?
-Na Colômbia, como em muitos outros países, houve um aumento na produção de agrocombustíveis, a partir do dendê e da cana de açúcar.
 O problema é quando isto é feito em troca de produção de alimentos, que é a política que os EUA querem impor aos governos latino-americanos.

 

Estamos importando 10 milhões de toneladas de alimentos, isto é, mais de 30 por cento da nossa produção agropecuária total.

 
Isso é um
absurdo. A primeira coisa que precisamos é produzir alimentos, garantir a SSA e só depois pensar na produção de agrocombustíveis. Aliás, estão nos impondo um negócio interno: fazem-nos consumir agrocombustíveis de altos custos de produção em troca de poupar petróleo, para assim vendê-lo mais barato aos Estados Unidos.
 
-Há resistência dos povos diante desta situação?
-
A política dos governos submetidos a Washington é a de sacrificar a SSA, para nos fazer dependentes das importações de alimentos e, assim, favorecer as transnacionais. Esta situação se agrava mais e mais a cada dia, entretanto é crescente a resistência a este modelo, reivindicando por políticas que garantam a SSA.
 
-Qual é a sua avaliação da atividade que o Comitê Executivo Latino-Americano da UITA está desenvolvendo na Colômbia?
-Para mim foi uma honra apresentar este assunto em uma atividade tão importante quanto o Comitê Executivo Latino-Americano da UITA. Acredito que estas organizações aqui representadas estão desempenhando um papel muito importante ao lado dos trabalhadores, das trabalhadoras e do povo em geral.
 

                                                    

Em Bogotá, Giorgio Trucchi

Rel-UITA

5 de novembro de 2010

 

 

 

 

 Fotos: Giorgio Trucchi

 

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