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Repudiamos a
demissão maciça
de trabalhadores
nas plantações
da transnacional Dole |
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Em 12 de outubro passado, Dole Fresh Flowers anunciou
que demitirá mais de 3.500 pessoas, encerrando na Colômbia
as operações da Splendor El Corzo, sua maior
plantação, e as da Porcelain Flowers, assim como suas
propriedades no Equador. Nesse mesmo dia a empresa solicitou
autorização ao Ministério de Proteção Social para realizar a
anunciada demissão coletiva e imediatamente empreendeu, em
todas as suas plantações de flores, uma campanha orientada
para que os trabalhadores pedissem sua demissão voluntária
com o chamariz de que a indenização legal seria incrementada
em 15 por cento.
John Amaya, presidente desta seção de Dole Food,
argumentou que a competição internacional produziu uma baixa
dos preços e exige uma maior produtividade dos cultivos.
Para nós, que subscrevemos esta declaração, está claro que a
decisão de Dole resultará em uma maior exploração dos
trabalhadores das fazendas nos arredores de Bogotá, e em uma
crescente pressão sobre os engenheiros e o pessoal
administrativo. Trata-se de aumentar os lucros da
transnacional às custas de maiores sacrifícios e esforços de
seus trabalhadores. O mesmo John Amaya reconheceu que,
lançando no desemprego e na fome estas milhares de famílias,
incrementará o fluxo de caixa da firma em 35 milhões de
dólares ao ano.
Quem continuar trabalhando para o consórcio fará o serviço
daqueles que forem demitidos, com a imposição de uma
produtividade desmedida. As “soluções” de Dole já
estão sendo utilizadas pelos demais floricultores para
pressionar os seus trabalhadores, o que nos faz prever uma
desmedida corrida pela redução dos custos do trabalho,
levando ao crescente aumento da já insuportável cadeia
produtiva e dos sistemas de subcontratação e de
terceirização que imperam no setor.
Esta repudiável determinação do conglomerado norte-americano
evidencia ainda mais a falácia escondida atrás da política
oficial, segundo a qual a Colômbia estará orientada para o
progresso, o emprego e a superação da pobreza ao oferecer
todo tipo de vantagens ao investimento estrangeiro e, em
especial, ao setor exportador. A agroindústria floral
demonstra exatamente o contrário: os enormes lucros dos
magnatas graças à superexploração da mão-de-obra e ao
desfrute de todo tipo de benesses como a isenção de impostos
nacionais e locais, e a permissividade para infringir até as
leis trabalhistas e ambientais mais básicas.
Repudiamos energicamente a medida de Dole, que
representa o maior atropelo de sua já longa cadeia de
abusos, entre os quais se destaca a argúcia para impedir que
os trabalhadores e as trabalhadoras se organizem e
apresentem suas reivindicações. Exigimos que El Corzo
e Porcelain sejam mantidos em operação e que a
estabilidade de todos os funcionários seja garantida.
Está nas mãos do governo, através do Ministério da Proteção
Social, o poder de impedir que a companhia transnacional
atinja o seu nefasto objetivo. Portanto, exigimos que não
seja permitido o fechamento de Splendor El Corzo e
Porcelain Flowers.
Conclamamos os trabalhadores, trabalhadoras, pessoal técnico
e administrativo das plantações do grupo Dole a não
aceitarem nenhum plano de demissão voluntária. Convocamos o
movimento sindical e social, o clero, as administrações
locais, os dirigentes políticos, cívicos e comunitários do
entorno de Bogotá a formarem um corpo unido contra o
encerramento dos cultivos e a favor dos direitos dos
trabalhadores e na defesa dos acordos celebrados com os
municípios e agora abandonados unilateralmente pelos
floricultores.
Hernán Correa
Miranda
Gerardo Iglesias
Presidente Central Unitaria de
Trabajadores Secretario Regional
Rel-UITA
Organizações que subscrevem
Unión Nacional Agroalimentaria de Colombia – UNAC, Sindicato
Nacional de Trabajadores de la Industria Agropecuaria –
Sintrainagro, Sindicato Nacional de la Industria de los
Cultivos de las Flores en Colombia – Sinaltraflor,
Sindicato Nacional de Trabajadores de las Bebidas de
Colombia – SINALTRAINBEC, Asociación Agropecuaria del Huila,
Asociación Agroalimentaria y Pecuaria del Caquetá,
Asociación Colombiana de Pequeños Productores de Plátano y
Productos Agrícolas – Ascolpas, Asociación Comunitaria
“Semillas”, Asociación de Productores Agroecológicos –
Agrosolidaria, Asociación Agroalimentaria y Pecuaria de
Córdoba, Asociación de Agricultores Orgánicos Colombia sin
Hambre, Sindicato Nacional de Trabajadores de la Industria
de las Bebidas: Cervecera; Maltera; Jugos; Refrescos; Aguas
y Gaseosas de Colombia - SICO, Unión de Trabajadores de
Cundinamarca – Utracun, Asociación Agroalimentaria y
Pecuaria Provincia del Tequendama, Regionales UNAC
Antioquia, Caquetá, Cundinamarca, Boyacá, Huila, Valle,
Córdoba y Magdalena, Sintraplastilene, Sintraeliot,
Sintralpina, Sintrapatel, Sintrastanton, Sintrametacol,
Sintrafritolay de Colombia, Sintralvilla, Sintraindustrial
de Cereales, Fiberglass Colombia, Ladrillos Tejas y Pisos
Moore, Sindicatos Gremiales de Corabastos, Sindicato Mixto
de Trabajadores de Soacha, Sindicato de Trabajadores
Oficiales de Zipaquirá.
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