Brasil ASALARIADOS RURALES

  EN DIÁLOGO  

 

Com Alessandra da Costa Lunas

Primeira mobilização de assalariados e assalariadas rurais da CONTAG

  

Em 20 de março próximo, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) realizará em Brasília sua Primeira Mobilização Nacional de Assalariados e Assalariadas Rurais. Em diálogo com o Sirel, Alessandra da Costa Lunas, vice-presidenta da Confederação e responsável pelas Relações Internacionais, explicou o conteúdo da importante atividade.
 

 

-É a primeira vez que a CONTAG realiza uma mobilização exclusivamente de assalariados e assalariadas rurais?
-Especificamente de assalariados é a primeira, sim. Tivemos um intenso debate na CONTAG e decidimos fazer agora esta grande mobilização que marcará o início das negociações com o governo.  E depois teremos o Grito da Terra 2012.
  
Vimos que, durante a
mobilização do Grito da Terra, nem sempre conseguimos dar visibilidade aos problemas e reivindicações dos assalariados como deveríamos. Verificamos que, muitas vezes, estamos dando uma maior prioridade à agricultura familiar.
  
Esperamos reunir mais de 5 mil assalariados rurais em Brasília, mobilizados, exclusivamente, em torno de suas próprias preocupações.
 
-Quais são os objetivos da mobilização?
-As principais reivindicações são o fortalecimento das políticas públicas para o setor, pois este é um dos mais negligenciados nesse sentido. Estamos vendo como as grandes empresas agroindustriais crescem sem parar, mas não conseguimos garantir os direitos básicos do Trabalho Decente para estes assalariados, inclusive estamos tendo dificuldade em obter uma fiscalização adequada no campo que exija o cumprimento das leis trabalhistas.

   
 

 Em pouco tempo, somente no setor da cana-de-açúcar haverá milhares de trabalhadores afastados pela mecanização

   

 
Exigiremos que o governo preste mais atenção e que tenha uma atitude mais ativa com relação às políticas públicas para os assalariados rurais.
 
-Há também uma ameaça de forte desemprego em alguns setores da agricultura...
 -É uma grande preocupação para nós, porque em alguns setores a mecanização está sendo introduzida de forma bem intensa, e isto em um curto espaço de tempo provocará um forte impacto sobre o emprego rural.
 
Em São Paulo, por exemplo, um dos estados onde há mais assalariados rurais empregados, existem planos de, em dois ou três anos, mecanizar total e completamente o corte da cana-de-açúcar. Só neste setor haverá milhares de trabalhadores desempregados. Em outros estados será o mesmo, assim como com outras culturas. Isso é muito preocupante.
 
Deverão ser definidas quais oportunidades serão oferecidas e como lhes iremos proporcionar uma educação apropriada, já que muitos desses trabalhadores e trabalhadoras são analfabetos.
 
Reivindicaremos, também, que no Brasil sejam cumpridos os acordos bilaterais e multilaterais, como por exemplo a nível do Mercosul. Atualmente, nada disso se cumpre, e muitas vezes até se ignora que tais acordos existem.
 
-Também será enfatizado o trabalho escravo...
-Um dos principais pontos de reivindicação. Por isso dizemos que o crescimento do lucro da agroindústria brasileira e da exportação agrícola existe graças a uma mão de obra sem seus direitos básicos garantidos. E isto deve ser claramente mostrado.
  
-Quantos assalariados rurais existem no Brasil?
-De acordo com alguns dados da CEPAL, estima-se em mais de 6 milhões.

 

 

 

Carlos Amorín

Rel-UITA

16 de março de 2012

 

 

 

 

Ilustração: CONTAG

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