Com Antônio Gonçalves Filho

“Estamos dispostos a paralisar todas as usinas do estado”

Trabalhadores sucroalcooleiros em estado de alerta

Encontra-se em pleno processo a negociação coletiva dos trabalhadores das usinas sucroalcooleiras do estado de São Paulo. Sirel dialogou com Antônio Gonçalves Filho, presidente do Sindicato de Trabalhadores da Indústria da Alimentação (STIA-Araraquara), que nos forneceu detalhadas informações sobre este processo.

-¿Como está o processo de negociação?

-A nossa é uma negociação em nível estadual e, neste momento, está sendo realizada uma reunião em São Paulo. Levamos três jornadas de trabalho por enquanto, sem nenhuma aproximação concreta.

-Qual é o questionamento do Sindicato?

-Partimos do dado de que a inflação no último período foi de 4,88 por cento e, até agora, a patronal nos ofereceu um aumento de apenas 5 por cento.

-Como estão apoiando a negociação?

-Estamos realizando Assembleias em todas as usinas a partir das quais os trabalhadores permanecem em estado de alerta (aviso de greve). Ontem estivemos participando da Assembleia de uma usina do Grupo Raízen, aqui em Araraquara.

Nós estamos mobilizados em todo o estado e dispostos a chegar a uma greve para defender nossas demandas. Não vamos aceitar apenas 5 por cento de aumento.

-Qual é o salário habitual nesta região?

-O piso salarial é de aproximadamente 320 dólares. Uma verdadeira vergonha.

-Quanto vocês estão propondo?

-Nossa proposta é de 10 por cento de aumento. Para isto, além de tudo o que já estamos fazendo, na próxima segunda-feira (18) todos os Sindicatos das usinas do estado terão uma reunião com a Diretiva da Federação de Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de São Paulo (FETIASP), para decidir se paramos todas as usinas ao mesmo tempo ou se adotamos outra tática.

Estamos falando de 37 Sindicatos com 45 mil trabalhadores só nas plantas industriais, porque o setor também se organiza com os sindicatos dos trabalhadores rurais e dos caminhoneiros.

- Qual vem sendo aproximadamente o aumento salarial no país?

-A maioria dos acordos está sendo fechada com três pontos de aumento salarial, ou seja, se tivemos uma inflação de 4,88 por cento, estão sendo acordados 8 por cento de aumento.

- Como este setor de trabalhadores está posicionado em comparação com o resto do Brasil?

-Aqui é onde estão os piores salários, as piores condições de trabalho e os menores benefícios.