Com Gerardo Pereira

A PHILIP MORRIS

permanece ocupada

Os 45 demitidos são reféns de uma
represália contra o governo uruguaio

   

 

Na sexta-feira passada, 21 de outubro ao meio-dia, a empresa levou o pessoal ao refeitório e deu a notícia: “A fábrica está fechada”. Sirel conversou com Gerardo Pereira, secretário-geral do Sindicato Autônomo Tabaqueiro (SAT), para conhecer os detalhes e a realidade atual desta situação.

 

-Como está a situação?

-A fábrica permanece ocupada desde sexta-feira 21, e continuamos afirmando que se trata de uma represália contra o governo uruguaio, com o qual a Philip Morris International mantém um litígio.

 
Nós, os trabalhadores, somos os reféns desta manobra. De qualquer forma, a empresa não vai embora do Uruguai, continuará mantendo sua presença no país com cigarros importados da Argentina.

 
-Vocês já se reuniram com a empresa?

-Tivemos uma reunião na própria sexta-feira 21, em que formalmente nos comunicaram do fechamento da fábrica, mas como um fato consumado.

 
Voltamos a nos reunir na segunda-feira 24, onde colocamos que, para respeitar o Convenio Coletivo que prevê um aviso prévio de 15 dias em caso de fechamento, era necessário reabrir a fábrica por duas semanas e, simultaneamente, abrir um diálogo permanente.

 
Mas, eles rejeitaram completamente a nossa proposta e disseram que só estão dispostos a negociar para chegar a um acordo financeiro relativo às demissões.

 

-O que eles propõem nesse plano?

-A quantidade obrigatória exigida por lei, de acordo com o tempo de serviço de cada um, mais um adicional equivalente a seis meses de salário. Mas isto é a mesma coisa que qualquer trabalhador ou trabalhadora recebe em caso de demissão abusiva, e é justamente disso que se trata, de uma demissão abusiva e em massa.

 
Significa que oferecem apenas o estipulado pela lei e pelas normas trabalhistas no país.


-Está prevista outra reunião?

-Sim, para hoje, quinta-feira 27. Nossa proposta é que seja reaberta a fábrica e, se isso não acontecer, reivindicaremos uma indenização que ainda não estimamos.

   
 

A UITA está a organizando uma grande Campanha Internacional de denuncia e apoio à nossa luta.

   

 
-Qual foi a reação do governo?

-Na terça-feira 25, nos reunimos com o subsecretário do Trabalho, Nelson Loustauneau, quem constatou que a empresa está disposta a cumprir com todas as suas obrigações legais, o que coloca a situação em um plano diferente.


Por exemplo, que na planilha de 45 trabalhadores demitidos filiados ao Sindicato, temos 21 que têm mais de 50 anos, e muitos têm mais de 30 anos de serviço na fábrica. O funcionário que tem menos tempo, já trabalha há 8 anos na fábrica.
Muito mais grave do que o fechamento em massa, é o fato de tudo isto configurar uma complexa problemática social para os trabalhadores demitidos.


-Que medidas vocês pretendem tomar daqui para frente?

-Estamos solicitando uma audiência com o vice-presidente da República, Danilo Astori, e também queremos uma entrevista com o presidente José Mujica.

 
Além de abordar a situação em que se encontram os demitidos, queremos contradizer alguns conceitos que foram tratados na imprensa por parte de altos funcionários do governo e notórios integrantes da força política situacionista, que fazem campanha contra o tabagismo e comemoram uma suposta saída da Philip Morris do Uruguai.

 
Queremos deixar claro que esta transnacional vai continuar vendendo os seus produtos aqui, e que até mesmo
pode pôr em perigo outra empresa de tabaco que é de capital nacional, inundando o mercado uruguaio com cigarros mais baratos, o que poderia ser uma catástrofe para todo o grêmio.

 
-Como o movimento sindical reagiu?

-A central PIT-CNT aprovou uma mobilização em apoio aos grêmios sindicais em conflito. Neste caso existem vários, mas o nosso é o mais grave porque envolve o fechamento de uma fábrica com demissão maciça. É provável que esta mobilização se dê no dia 3 de novembro, e inclua uma greve geral, cuja modalidade será definida na próxima reunião da Mesa Representativa da central, na segunda-feira 31 de outubro.

 
Além da central, a questão também foi tomada pela UITA que está coordenando com outros sindicatos da região e organizando uma grande Campanha Internacional de Denuncia e apoio à nossa luta. Também contamos com o apoio da
Confederação das Federações e Sindicatos na Alimentação (COFESA).

 
-Até quando vocês manterão a ocupação?

-Até que encontremos uma saída digna e realista para o conflito, que contemple a variedade de situações apresentadas pelo grupo de trabalhadores e trabalhadoras despedidos.

 

 

Carlos Amorín

Rel-UITA

28 de outubro de 2011

 

 

 

 

Foto: Gerardo Iglesias

 

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