Na sexta-feira passada, 21 de outubro, sem aviso prévio, a transnacional fechou
sua fábrica em Montevidéu. Imediatamente o Sindicato Autônomo Tabaqueiro (SAT)
ocupou a fábrica. Sobre estes fatos, Sirel dialogou com Mario De Castro,
vice-presidente do Sindicato.
-O fechamento da Philip Morris pegou a todos de surpresa...
-A todos de surpresa, é verdade: trabalhadores, governo, Associação de
Fabricantes e Importadores de Tabacos e Cigarros (AFITyC) e o próprio
Sindicato.
O fechamento repentino da Philip Morris caiu como um balde de água fria.
Gerardo Pereira, Alvaro Lesci e Juan Giovanetti,
respectivamente Secretário-Geral, Secretário de Organização e de Imprensa e
Propaganda do SAT, que trabalham na Philip Morris, não suspeitaram
de nada, até que veio o fechamento.
Desta forma, a Philip Morris violou o Convênio Coletivo e ignorou o
contexto de negociação existente entre o Sindicato e a AFITyC, que tem
mais de 50 anos de história.
-Um procedimento da Philip Morris, ao qual já estamos acostumados...
-Certo. Em vários países ela já agiu da mesma forma, fechando fábricas da noite
pro dia, deixando centenas de trabalhadores na rua.
-Ou seja, o Sindicato soube do fechamento através da imprensa...
-Isso mesmo. E não podíamos acreditar. A fábrica foi imediatamente ocupada e no
dia seguinte chegaram os trabalhadores da empresa de limpeza e, claro, eles
também não sabiam de nada. Na sexta-feira e no sábado chegaram caminhões com
suprimentos do Brasil. Eles tiveram que ser informados por nós de que a
fábrica tinha sido fechada e tiveram que retornar com sua carga... Uma bagunça
total!
-A Philip Morris publicou que vai embora, mas não é verdade.
-Exatamente. Devemos deixar uma coisa clara: a Philip Morris fechou a
fábrica, deixando sem emprego 46 trabalhadores da fábrica filiados ao Sindicato
e vários funcionários administrativos, mas os seus cigarros continuarão sendo
vendidos no Uruguai.
-Que ações o SAT encaminhará nos próximos dias?
-O SAT vai defender a sua dignidade. A Philip Morris agiu como se
o Sindicato não tivesse experiência e isso vai lhe custar caro, caríssimo. A
empresa subestimou nossa capacidade de luta, e isso é um grande erro.
Estamos confiantes de que, juntamente com os sindicatos que fazem parte da
Confederação de Sindicatos da Alimentação (COFESA) e a UITA,
vamos lutar dignamente. A comunidade internacional saberá que, apesar de
pequenos, somos combativos e sabemos muito bem o que devemos fazer.
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