A Federação
dos Trabalhadores na Agricultura em Goiás (FETAEG) continua
acompanhando o caso envolvendo os assalariados do pólo de
produção de álcool e açúcar, próximo aos municípios de Santa
Helena de Goiás, Maurilândia e Quirinópolis.
Desde o final da semana passada, seguindo determinação da
Delegacia Regional
do Trabalho (DRT), os trabalhadores
paralisaram as atividades devido ao desrespeito das usinas
de cana situadas na região em relação à convenção coletiva
de trabalho. Na reunião entre a Delegacia Regional do
Trabalho (DRT), a FETAEG e o Sindicato de Fabricação de
Álcool e Açúcar (que representa os usineiros), realizada
neste domingo (3), foi dado um prazo para que as empresas
eliminassem as irregularidades, em cumprimento também à
Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na
Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e
Aqüicultura (NR 31).
A ação promovida pela DRT, em conjunto com Polícia Federal,
Polícia Rodoviária Federal, Exército e Ministério Público do
Trabalho, constatou diversas irregularidades, principalmente
a falta de registro prévio dos trabalhadores imigrantes –
como determina a lei – e as condições precárias nas quais os
alojamentos se encontravam. A blitz, que começou na
terça-feira passada (29), deverá permanecer até o final da
semana na região.
Atualmente, existem 13 usinas em funcionamento no estado. A
previsão para o ano que vem é que 34 estejam operando.
“Temos aqui trabalhadores do Nordeste, principalmente do
Piauí e de Alagoas, além de muita gente do sul de Minas
também”, explicou
José Maria de Lima, vice-presidente da
federação.
Porém, as condições dos trabalhadores imigrantes de outros
estados e que moram em alojamentos não refletem o progresso
no setor.
O descumprimento dos acordos de trabalho tem causado
preocupação à FETAEG. Na fiscalização promovida pela DRT, os
alojamentos apresentavam condições subumanas.
Quartos minúsculos com
janelas sem vidros abrigavam de quatro a cinco
trabalhadores, dormindo no chão e em condições precárias de
higiene. Segundo Zé Maria, o retrato dessa
realidade chegou a ser exibido em noticiários da TV
Anhanguera (afiliada da Rede Globo em Goiânia). “A denúncia
ganhou força e despertou a atenção das autoridades para a
situação”, declarou o dirigente.
Como escravos
Além de condições degradantes, os trabalhadores rurais da
região canavieira no interior de Goiás também são passados
para trás quando chega a hora de receber seus salários.
Segundo a FETAEG, muitos ganham abaixo do piso de R$ 454,00
e ainda têm de pagar pela alimentação e pelo alojamento, que
pela convenção deve ser gratuito.
Segundo Zé Maria, o desconto com a alimentação não pode
ultrapassar 25% do salário mínimo, cerca de R$ 88,00. Mas na
operação da DRT foi descoberto que havia trabalhadores
pagando até R$ 150,00 pela comida fornecida por uma empresa
terceirizada.
Arnaldo Júnior
Agência CONTAG de Notícias