Valorizar o trabalho como pilar para a
construção de um mundo melhor. É nisso
que acreditamos e é por isso que
lutamos, especialmente, quando se trata
de trabalhadoras e trabalhadores
historicamente explorados e
desrespeitados e que reivindicam um
mínimo de trabalho e vida decente.
Estamos falando da necessidade de
valorizar e proteger milhões de
trabalhadoras domésticas de nosso imenso
Brasil, no dia a dia, nas
legislações, de todo modo e em todo
lugar.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), a
Confederação Nacional dos Trabalhadores
no Comércio e Serviços da CUT (CONTRACS)
e a Federação Nacional das Trabalhadoras
Domésticas (FENATRAD) trabalham
num esforço contínuo pela equiparação de
direitos das trabalhadoras domésticas e
repudiam toda forma de discriminação e
ação que ocorra em sentido contrário.
Somos ou deveríamos ser todos iguais
perante a lei. Mas, mesmo para a
Justiça, que deveria ser cega para não
discriminar e para tratar todos com
igualdade, esse princípio muitas vezes
não prevalece e o que vemos, é surgirem
mais muros do que pontes.
Um desses terríveis muros que separam e
discriminam, surgiu no dia 28 de abril
de 2009, um dia após o Dia Nacional das
Trabalhadoras Domésticas. O Tribunal
Superior do Trabalho (TST) julgou que
uma diarista de Curitiba (PR) não tem
direitos trabalhistas, como férias e 13º
salário, porque trabalhou três dias por
semana durante oito anos e dois dias por
semana durante os dez anos seguintes,
totalizando 18 anos de trabalho na mesma
residência.
Há dez anos, o TST havia julgado e
concedido todos os direitos a uma
trabalhadora doméstica que trabalhava
uma vez por semana na mesma casa. Agora,
em 2009, a Justiça retrocede e nega
direitos não apenas a uma trabalhadora,
mas a milhares de diaristas que
trabalham muito mais do que a jornada de
44 horas semanais instituída às demais
categorias profissionais e sem os mesmos
direitos.
O que temos e teremos cada vez mais são
trabalhadoras excluídas, que vivem e
chegarão à idade de aposentadoria à
margem da sociedade, sem direitos, sem
proteções, sem garantias.
Em que uma trabalhadora doméstica é
diferente de qualquer outro trabalhador?
Onde está a igualdade perante a lei?
Onde está a Justiça quando uma
trabalhadora doméstica diarista trabalha
por anos seguidos em uma residência,
três vezes por semana, das 7 às 18h00, e
não tem direito a férias, nem a 13º
salário?
Ora, como foi comprovado no caso da
trabalhadora de Curitiba, trabalhar das
7 às 18h, descontado o almoço, resulta
em 10 horas de trabalho diário. Nisso o
Judiciário não vê problema, mas
reconhecer os direitos dessa pessoa é um
problema!
Desassistidas há décadas, as
trabalhadoras domésticas travam uma luta
árdua nas residências, nos sindicatos,
no campo político, ideológico e
legislativo, para serem reconhecidas,
visibilizadas e para terem os mesmos
direitos das outras categorias
profissionais.
São milhões de trabalhadoras em todo o
país, milhões de familiares que sofrem
pela ausência de direitos. Até quando
vamos segregar essas profissionais e
suas famílias? Até quando vamos
construir muros no lugar de pontes?
A CUT, a CONTRACS e a
FENATRAD defendem todos os direitos
sociais para todas essas trabalhadoras e
para isso uma de nossas bandeiras é a
alteração do Artigo 7º da Constituição
Federal, para garantir às trabalhadoras
domésticas os mesmos direitos que todas
as outras categorias possuem. Nossa luta
é por igualdade de direitos e de
oportunidades, e só a valorização do
trabalho e da/os trabalhadoras/es
construirá uma sociedade melhor.
A derrocada a que assistimos, de um
mundo baseado na financeirização da
economia, bem nos mostra a importância
de investirmos no trabalho e nas
pessoas.
Pela igualdade de direitos das
trabalhadoras domésticas, reivindicamos
que o TST reforme a decisão de abril de
2009, que cerceia direitos e expande
abismos.
Uma sociedade mais digna e justa,
inevitavelmente, passa pela igualdade de
direitos.
Pela valorização das trabalhadoras
domésticas, pela valorização do
trabalho, apoiamos incondicionalmente as
trabalhadoras domésticas diaristas e
toda a categoria.
Pedimos aos meritíssimos juízes/as
brasileiros/as que honrem o símbolo da
justiça, Têmis, e seu significado.