Em Porto Alegre, de 18 a 20 de outubro, O Congresso debaterá, entre várias
questões, sobre a Norma Reguladora (NR), as Lesões por Esforço Repetitivo (LER)
e a precarização do trabalho, pois, além de perderem direitos, os trabalhadores
estão perdendo a saúde.
O
Sindicato de Caxias do Sul apresentou uma tese sobre a Saúde dos
Trabalhadores, fazendo alusão às LER. “Homens e mulheres, ligados a
atividades que exigem trabalho muscular intenso de caráter repetitivo,
apresentam sintomas diversos, entre eles: dores musculares, perda de força e de
movimento, bem como fadiga crônica”.
As
LER estão diretamente relacionadas com o trabalho onde predominam:
“movimentos repetitivos, ritmo intenso de trabalho, muitas horas de trabalho
durante as quais se fica sempre sentado ou em pé, máquinas e equipamentos
incômodos, pressão contínua dos chefes para manter a produtividade, incentivo à
produção cada vez maior, exigência de horas extraordinárias de trabalho,
impossibilidade de interromper o trabalho até para ir ao banheiro, ambientes
frios e úmidos e, além disso, a inexistência de um canal de diálogo com a
empresa para serem feitas alterações nestes fatores”.
Estima-se que 32 por cento dos trabalhadores que entraram no Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS) e abandonaram suas atividades ,
provêm das indústrias avícolas e frigoríficas |
O
Sindicato de Caxias observa que “as indústrias avícolas e frigoríficas no
Rio Grande do Sul estejam se transformando em fábricas de doenças e de doentes.
Estima-se que 32 por cento dos trabalhadores que entraram no Instituto Nacional
de Seguridade Social (INSS) e abandonaram suas atividades provêm das
indústrias avícolas e frigoríficas. E cabe mencionar o fato de a maioria das
empresas não informa sobre os portadores de LER”.
Considerando os casos atendidos por médicos especializados, o Sindicato afirma
que entre 2008 e 2011 houve um crescimento médio de 17 por cento nos casos de
LER, sendo em sua grande maioria mulheres que trabalham em avícolas e
frigoríficos da cidade e da região.
Por
sua parte, o Sindicato de Serafina Correa concorda com a análise de
Caxias e propõe que “não obstante o processo avançado na discussão sobre o texto
final da Norma Reguladora (NR), agora passamos a enfrentar os principais
pontos que serão incluídos nela: as pausas e a redução do tempo de exposição dos
trabalhadores ao ritmo excessivo”.
Neste sentido, propõe que seja intensificada a Campanha “NR, JÁ!” tanto
em nível nacional como internacional, na qual a Federação deve
desempenhar um papel fundamental, pois o Rio Grande do Sul é um dos estados com
maior produção de carne do país.
Outro tema que a Federação colocará em consideração do Congresso é a
terceirização, habitualmente utilizada como um instrumento para precarizar as
condições de trabalho, a redução de direitos e o aumento dos acidentes de
trabalho.
De
acordo com o DIEESE, os trabalhadores terceirizados ganham 27 por
cento menos que os contratados diretamente, e permanecem, em média, menos de
três anos no mesmo emprego gerando uma rotatividade que supera os 45 por cento.
Entre 2008 e 2011 houve um crescimento médio de 17 por cento nos casos
de LER, sendo em sua grande maioria mulheres que trabalham em avícolas e
frigoríficos |
O
setor de carnes no Brasil cresceu exponencialmente concentrando capitais
em um processo que tende, indubitavelmente, à formação de monopólios. Neste
emaranhado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) ajudou a
criar verdadeiros gigantes que engordam em detrimento das pequenas e médias
empresas.
Para
a Federação “o agravante é que empresas, com um histórico desrespeito à
dignidade humana, se beneficiam do dinheiro público, criando um verdadeiro
círculo vicioso em que toda a sociedade paga, pois cada trabalhador que se
lesiona ou adoece entra ao INSS. Além disso, esse dinheiro público está
sendo utilizado para contribuir com o número de demissões e com a falência de
empresas, gerando um impacto negativo, social e econômico, para os nossos
municípios.
Frigoríficos, como o JBS e o Marfrig, estão na lista das
prioridades do BNDES. Assim, o peso do banco no capital do grupo
Marfrig passou de 3 por cento em 2009 para 14 por cento em 2011, e já existe um
projeto para ampliar esta porcentagem”.
A
Federação entende que já é hora de o BNDES exigir contrapartidas
sociais e ambientais, para que qualquer empresa beneficiada com dinheiro público
tenha que respeitar a legislação trabalhista e ambiental, bem como garantir a
geração de emprego e condições de trabalho dignas onde a saúde e a integridade
física e psicológica não estejam comprometidas.
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