A Confederação Nacional dos Trabalhadores
nas Indústrias da Alimentação (CONTAC/CUT)
está a um passo da sua definitiva
legalização, cumprindo todos os requisitos
para ter o seu registro sindical reconhecido
pelo Ministério do Trabalho.
Nesta quinta-feira (12), o presidente da
CONTAC, Siderlei de Oliveira, se
reuniu com lideranças das Federações
estaduais de trabalhadores do Ramo, na sede
nacional da CUT, em São Paulo, para
definir o calendário de mobilizações e
consultas aos mais de cem sindicatos
filiados, culminando no final de abril com
um grande Congresso da entidade.
De acordo com Carlos Roberto do Alto,
presidente da Federação Interestadual dos
Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação
do Espírito Santo e Rio de Janeiro (FITIRES),
a hora é de somar forças, unindo Sindicatos
e Federações para que possamos legalizar a
CONTAC/CUT, ampliando o nosso poder
de negociação junto ao conjunto do segmento
da alimentação. "Temos o exemplo vitorioso
do setor da bebida, onde conquistamos vários
avanços. Esta é uma entre tantas
experiências exitosas que queremos estender
aos demais segmentos do Ramo", esclareceu
Carlos Roberto.
Para o presidente da Federação dos
Trabalhadores na Alimentação do Espírito
Santo (FETIAES), Messias Brum,
"com a legalização da CONTAC, haverá
naturalmente um fortalecimento do setor da
alimentação dentro da Central Única dos
Trabalhadores". O intenso processo de
mobilização até o Congresso, avalia,
"contribuirá para que avancemos na troca de
experiências e na unidade para pressionar e
assegurar direitos, salário e emprego".
Siderlei
conta que a CONTAC surgiu em 1994 com
a proposta de organizar os trabalhadores da
cadeia de produção alimentar cutista. A
ratificação será feita em Congresso
convocado para este fim, conforme determina
a legislação vigente, por três federações
estaduais: a do Rio de Janeiro, do Espírito
Santo e da Bahia; embora a CONTAC tenha em
seu bojo oito federações.
"A CONTAC representa hoje os
principais segmentos da economia no setor
alimentício, tendo como carro chefe em
número de trabalhadores a indústria
frigorífica, em especial a avícola. É uma
entidade ativa, contando com a representação
de mais de 100 Sindicatos e com atuação
destacada nas principais multinacionais,
como
Coca-Cola, Nestlé,
Cargill e Ambev, mas também nas
grandes empresas brasileiras como
Perdigão e Sadia", recorda
Siderlei.
O presidente da CONTAC/CUT lembra que
durante a sua breve história de vida, a
entidade esteve à frente de todas as
principais mobilizações do setor, como o
movimento por um país livre de transgênicos,
sendo a pioneira na realização de seminários
públicos sobre o tema no Brasil. No
caso da gripe aviária, recordou, "levantamos
o problema da ausência de prevenção do país
e articulamos um amplo movimento para que
houvesse preparação do segmento e das
autoridades no enfrentamento à doença. Esta
posição levou o governo a tomar providências".
Em relação às doenças do trabalho, como as
lesões por esforço repetitivo (ler), a
CONTAC também vem tendo papel chave,
declarou Siderlei, citando como
exemplo pelo reconhecimento ao trabalho
desenvolvido a sua indicação para a
Coordenação do Instituto de Saúde do
Trabalho (INST) da CUT. "Ao
longo do período também é importante frisar
que a CONTAC/CUT conquistou projeção
internacional, representando o nosso país em
fóruns internacionais, como recentemente no
Congresso Mundial da Indústria da Carne e
integrando a direção da União Internacional
dos Trabalhadores na Alimentação (UITA)".
Neste quadro de avanços, avalia Siderlei,
a legalização da CONTAC/CUT
certamente trará para a CUT um novo
impulso na organização dos trabalhadores da
alimentação, inclusive no translado de
entidades sindicais que hoje encontram-se
militando em outras centrais. Um dos
exemplos citou, é o caso de Minas Gerais,
com a conformação da federação estadual
cutista.
A CONTAC já conta com as seguintes
federações filiadas: BA, ES,
FERAESP (Assalariados
Rurais de São Paulo), MS, MT,
RJ e RS. Com atuação destacada
em greves e mobilizações de Norte a Sul, a
CONTAC/CUT tem como política
negociações salariais nacionais com as
grandes empresas do setor, com acordos já
fechados com a
Parmalat e a
Perdigão, trazendo melhorias para os
sindicatos cutistas.
"Esta legalização vai colocar um ponto final
em todo e qualquer entrave burocrático ainda
existente e nos dará ainda mais peso na hora
de defender junto aos governos a necessidade
de contrapartidas sociais na tomada de
recursos públicos, como a garantia de
emprego, salário justo e redução das doenças
profissionais", declarou
Siderlei.
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