A
fábrica em Montevidéu permanece ocupada pelos funcionários que resistem ao
surpreendente fechamento da Philip Morris, deixando 45 pessoas na rua. Sirel
dialogou com o secretário-geral do Sindicato Autônomo Tabaqueiro (SAT) sobre os
últimos acontecimentos no conflito.
-A situação está progredindo?
-Nas questões essenciais, continuamos na mesma: a fábrica continua ocupada e
ainda não há qualquer sinal da empresa sobre uma possível reabertura.
Estamos nos concentrando na criação de uma bolsa de
trabalho, porque para nós o fundamental é que ninguém fique desempregado.
-Como se pode constituir uma bolsa de trabalho?
-Temos algumas possibilidades na Monte Paz, a outra empresa de tabaco que
está no Uruguai, que estaria disposta a retomar trabalhadores e
trabalhadoras, e estamos também analisando a possibilidade em alguns
laboratórios que produzem medicamentos.
No caso do tabaco, se conseguirmos isso, a passagem é bastante óbvia:
trata-se da mesma indústria. Além disso, são trabalhadores e trabalhadoras
especializados, com muita experiência, e que não necessitariam de capacitação,
podendo entrar na produção de um dia para outro.
Além disso, como no setor temos um único sindicato, na Monte Paz o
Convenio Coletivo seria o mesmo, o que significa que, neste aspecto, não haveria
nenhuma mudança para os companheiros e companheiras.
-Qual a importância da Monte Paz no mercado?
-É a maior empresa de tabaco do país, de capitais nacionais, com cerca de 80
por cento do mercado interno, além da exportação.
-Quantos funcionários a empresa tem?
-Entre operários e funcionários administrativos, cerca de 700 pessoas.
-Para esta empresa ainda é rentável produzir no Uruguai...
-Certamente. Eles jamais pensaram em deixar o país. Sim, há agora um receio de
que a Philip Morris continue inundando o mercado interno com mercadoria
barata, trazida de fora.
-Vocês mantiveram contatos a nível político?
-Com o Ministério do Trabalho estamos em diálogo aberto, mas por este lado não
há muito que se possa fazer por enquanto.
Por outro lado, tivemos uma entrevista com a senadora Susana Dalmás,
presidente da Comissão de Assuntos de Trabalho e Previdência Social. Dois
representantes do nosso Sindicato estão participando de uma reunião da Comissão
de Legislação do Trabalho da Câmara dos Deputados.
-Vocês estão recebendo muito apoio...?
-Realmente sim. A solidariedade da UITA é muito forte, nos acompanhando
todo o tempo. Hoje recebemos uma carta muito comovente do Siderlei de
Oliveira, presidente da CONTAC, que conhece muito bem o nosso
Sindicato e sabe da nossa história forjada na solidariedade e na luta.
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