Brasil

PM prende rural e ameaça

grevistas em Morro Agudo

 

Agora com mandado judicial para desobstruir acesso à usina

 

Em qualquer momento, soldados da Polícia Militar devem desobstruir o acesso à Usina Sana Elisa/Vale (unidade MB em Morro Agudo), onde há trabalhadores rurais em greve que bloqueiam a entrada de caminhões de cana. É que a empresa conseguiu nesta tarde um mandado judicial que autoriza a sua remoção. O clima é tenso e há iminência de conflito, tendo em vista que os trabalhadores reivindicam a negociação com a empresa, que, porém, se recusa.

 

No día 11, a PM deteve o trabalhador rural da cidade de Viradouro, Gilson dos Santos, porque protestava por aumento de salário e clamava pelo cumprimento, por parte das usinas do Grupo Santa Elisa/Vale de cláusulas da convenção coletiva, especialmente em relação a segurança no trabalho.

 

A alegação da PM para a detenção do trabalhador, sem mandado judicial, foi a de Gilson Santos teria desrespeitado policiais e colocava em risco trabalhadores da indústria. Diretores do sindicato dos empregados rurais e da FERAESP estão na Delegacia de Polícia acompanhando o caso e informando autoridades de direitos humanos e imprensa, em nível nacional e internacional.

 

"A empresa se recusa a negociar com os trabalhadores e seus representantes, mas, não apenas. Além de não cumprir com a convenção coletiva que assinou, ou seja, com o mínimo de direitos pactuados, usa o poder do Estado para defender sua postura truculenta e desrespeitos aos direitos elementares dos trabalhadores", diz Zaqueu Aguiar, dirigente sindical que representa a FERAESP – Federação dos Empregados Rurais Assalariados no Estado de São Paulo.

 

Clima deve esquentar se empresa não negociar

e  polícia continuar com o enfrentamento

  

Cerca de 50 rurais do corte de cana que estavam paralisados nas frentes de trabalho em Colômbia e Viradouro, dos cerca de 600 que paralisaram suas atividades de colheita dessa matéria-prima, encontram-se em frente da unidade MB, do Grupo Santa Elisa/Vale, em Morro Agudo - cidade próxima de Ribeirão Preto.

 

Conforme relata o dirigente sindical Zaqueu Aguiar da FERAESP, a Polícia Militar hoje pela manhã "andou chutando marmitas e empurrando companheiros em greve, além de ofensas verbais, mas, felizmente, nada de mais grave aconteceu e o conflito não se deu".

Agora, contudo, o clima começa a ficar tenso porque já há fila de caminhões carregados com cana-de-acúcar e que não vão ingressar porque os rurais, como protesto, se colocam na estrada que dá acesso à usina.

 

"Os trabalhadores querem ser ouvidos e querem que a empresa reveja sua posição de descumprimento de vários a convenção coletiva, especialmente porque não fornece equipamentos de proteção individual (EPIs).

  

 

Negociação com grupo Santa Elisa/Vale não prospera

e mais trabalhadores rurais entram em greve

 

Fracassou a tentativa de reunião entre trabalhadores e a direção das usinas do Grupo Santa Elisa/Vale em Bebedouro, e se ampliou o número de trabalhadores no corte da cana na greve que já reúne 600. Conforme informações de dirigentes sindicais do Sindicato dos Empregados Rurais Assalariados de Bebedouro e na Federação dos Empregados Rurais Assalariados no Estado de São Paulo, a empresa se recusa a garantir estabilidade para os membros da comissão de negociação.

 

"Não podemos abrir mão da estabilidade para a comissão de negociação, composta por oito trabalhadores, bem como não vamos revelar quem dela fará parte, sem que haja essa garantia", informou o dirigente sindical Zaqueu Ribeiro de Aguiar, representante da FERAESP e que assessora os sindicatos na região (Bebedouro, Viradouro, Colombia, Sertãozinho, Morro Agudo, entre outras).

 

Também Aguiar informa que nesta sexta-feira houve mais adesão à paralisação, desta vez com trabalhadores da cidade de Viradouro vinculados à unidade MB de Morro Agudo e também à  usina Santa Elisa, unidade Continental, na cidade de Colômbia, ambas do grupo Santa Elisa/Vale.

 

Os trabalhadores reiteram a luta pelo cumprimento da convenção coletiva, o respeito ao que determina a NR 31, adoção de piso salarial em R$ 550,00 (atualmente tem trabalhadores que não atigem o salário mínimo), complementação salarial com base na produção e não no valor da diária, e a majoração no preço da tonelada de cana para R$ 0,30 - hoje está entre R$ 0,13 e R$ 0,20.

 

Tentativa de homicídio

 

Ainda conforme relato do dirigente sindical da FERAESP, os trabalhadores informaram que na madrugada de sexta-feira pasada, um motorista de ônibus, tentou atropelar trabalhadores em greve. "Não bastasse isso, o agressor ainda foi à Polícia para registrar boletim de ocorrência como se fosse a vítima de tentativa de depredação em seu veículo, o que é desmentido por vários trabalhadores que presenciaram a  tentativa de homicídio", disse Aguiar, lembrando que os trabalhadores vítima dessa violência vão registrar o fato na Polícia Civil.

 

 

Alcimir Carmo

FERAESP

13 de agosto de 2008

 

 

 

 

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