Argentina

ATILRA continua mobilizada
O Grupo Taselli esconde leite

A Associação de Trabalhadores da Indústria Leiteira da República Argentina (ATILRA) se encontra em Sessão Permanente devido ao virtual lock-out que o Grupo Taselli impôs às suas fábricas, ex-filiais da Parmalat que foram adquiridas. Estão em risco quase 900 postos de trabalho.

 

Na manhã de 31 de janeiro passado, centenas de trabalhadores e trabalhadoras que se encontravam acampando na região de Pilar, convocados por ATILRA, fecharam a rodovia chamada “ruta 2” na altura de Chascomús. A “ruta 2” une a capital, Buenos Aires, com os balneários do sul. Além disso, é no final de janeiro que os veranistas estão retornando às suas casas, o que supõe um intenso trânsito. Quando o engarrafamento chegou a ter quase dez quilômetros, a Polícia entrou em choque com os manifestantes, desbloqueando a estrada.

 
A ação dos trabalhadores mobilizou o Ministro do Trabalho, Carlos Tomada, que resolveu convocá-los em caráter de urgência para uma reunião com Sérgio Taselli, dono das fábricas argentinas vendidas pela multinacional italiana Parmalat, entre elas a de Gándara, localizada naquela região. Nesta fábrica os trabalhadores e trabalhadoras deixaram de receber seus salários faz quatro meses, sendo que em todas as fábricas compradas por Sérgio Taselli já não se recebe leite faz meses.

 

artículo

relacionado

 

Argentina

9-01-2006

 

Parmalat paralizada por gestión catastrófica

 

Con Héctor Ponce, secretario general de ATILRA

 

Por

Rubén Yizmeyián

 

 

Consultado por Rel-UITA, Héctor Ponce, secretário geral de ATILRA, avaliou a situação: "Tivemos uma audiência no Ministério do Trabalho, na qual determinaram uma conciliação obrigatória, instância que nós rechaçamos porque acreditamos que não se ajusta ao caso”.

-Por quê?
-Porque foi configurado o que se chama "caso de inadimplência
contratual". Além da falta de reativação real destas empresas e do evidente lock-out patronal ao tê-las esvaziado de seu conteúdo essencial que é o leite, devem também quatro meses de salário, bem como a segunda metade do décimo terceiro, que sai em dezembro. Nossa legislação estabelece claramente que o pagamento da remuneração no prazo é obrigação essencial do empregador, é um acordo que se encontra no âmago do contrato entre empregado e empregador, e dado seu caráter alimentário, não há motivos que justifiquem o seu descumprimento. Portanto, quando o empregador não paga ao trabalhador, este fica livre de sua obrigação de prestar serviço, e isto é o que se configura neste caso. A conciliação obrigatória se justifica quando há direitos em conflito, e então é lógico que os trabalhadores se mantenham em seus postos, mas aqui há inadimplência contratual do empregador, ostensiva e reiterada .

 

- E então?
- Decidimos permanecer em sessão permanente e, com um Plenário de secretários
gerais, estamos observando e vigiando qual será o proceder da empresa nas próximas horas, isto é, se pagará os salários ou não e, em função disso, tomaremos nossas decisões que seguramente envolverão toda a nossa organização sindical. Obviamente temos pendente uma série de medidas, entre elas uma greve geral da atividade leiteira em todo o  país.

- Quantos trabalhadores há na leiteria?

- Somos 25 mil trabalhadores e trabalhadoras em todo o país. Tomaremos as
decisões à medida em que os acontecimentos forem ocorrendo.

-Como está o ânimo das pessoas?
-Apesar dessa situação angustiante, do desgaste dos trabalhadores
e de suas famílias, da grave deterioração econômica e social a que padecem, acho que a moral da “tropa” é excelente. Influi muito nisto a coragem, o apoio e a solidariedade permanente que estamos recebendo de todos os demais trabalhadores do setor do país. Para nós, como organização sindical, isto é de um valor enorme e nos ajuda bastante. 
 
-Como essas pessoas que há tanto tempo não recebem seus salários resolvem o seu dia-a-dia?
-Estão sendo apoiados na medida das nossas possibilidades com a solidariedade do Sindicato e dos demais trabalhadores.  Distribuímos alimentos entre as famílias, mas a  situação se agrava constantemente. Enquanto estivemos acampados lá em Pilar, mantivemos um bandejão popular e está sendo possível sobreviver graças à solidariedade dos companheiros.
 
-O que vocês esperam para as próximas horas?
-Estamos abertos a manter um contato para encontrar soluções de fundo,
reais, que dêem segurança aos trabalhadores. Enquanto isso,
continuamos mobilizados e em sessão permanente.

 

 

  

  

  UITA - Secretaría Regional Latinoamericana - Montevideo - Uruguay

Wilson Ferreira Aldunate 1229 / 201 - Tel. (598 2) 900 7473 -  902 1048 -  Fax 903 0905