Diretor-Geral da Organização
Internacional do Trabalho (OIT)
Sr. Juan Somavía
Genebra
S u í ç a
Prezado Diretor:
Em nome da
Regional Latino-Americana da UITA e de nossas 82
organizações em 17 países da Região dirijo-me ao
senhor, faltando apenas alguns dias para começar
a 100ª reunião da Conferência Internacional do
Trabalho, sob o lema "Construir um Futuro com
Trabalho Decente", a fim de levar até sua
Organização as nossas considerações e
resoluções sobre a situação na Colômbia.
Como é do seu
conhecimento:
-Em todo o mundo,
a Colômbia é o país com mais sindicalistas
assassinados nos últimos 20 anos.
-O clima de
violência, as práticas antissindicais e de
trabalho precário realizadas através de figuras
como as Cooperativas de Trabalho Associado,
que são uma forma de simulação e fraude das
relações de trabalho, tanto no setor privado
-especialmente na categoria agroalimentar-
quanto no
público, provocaram uma enorme queda na taxa de
sindicalização.
-Na Colômbia,
apesar de estarem ratificados os Convênios 98,
151 e 154 da OIT, para assegurar o direito à
negociação coletiva nos setores público e
privado, a cobertura dos trabalhadores
protegidos pela negociação diminuiu, e hoje é
apenas simbólica, apesar
do tenaz esforço do movimento sindical nacional
e internacional.
-A Conferência
Internacional da OIT, realizada em 2010, no
entanto, excluiu a Colômbia da lista dos países
mais afetados pela violação dos Direitos Humanos
contra sindicalistas, e pela não aplicação dos
Convênios fundamentais da OIT, ratificados pelo
Estado Colombiano.
Naquele momento,
concordaram em compor uma Comissão Tripartite de
Alto Nível para visitar a Colômbia e constatar a
realidade dos direitos humanos e sindicais.
A Missão
Tripartite de Alto Nível da OIT esteve na
Colômbia em fevereiro de 2011 e, após reunião
com o governo, grêmios empresariais e
sindicatos, emitiu o seu relatório e conclusões,
entre as quais destacamos as seguintes:
a. "...
Houve unanimidade em considerar que a única
situação aceitável consiste na eliminação
completa de todos os atos de violência, e que é
necessário agir com determinação para esse fim."
b. "...
A Missão está consciente de que a grande maioria
dos casos de homicídios continua sem solução, o
que supõe consequências graves, muito claramente
expressas para a Missão pelos testemunhos feitos
por familiares das vítimas. "
c. "A
Missão está profundamente preocupada com as
repetidas e detalhadas informações recebidas
sobre atos de discriminação antissindical nas
empresas e no setor público, bem como pela
ausência de ações eficazes para acabar com tais
atos."
d. "A
Missão lamenta que o nível de sindicalização,
onde várias estimativas variam entre 4 e 7 por
cento, continua sendo muito baixo, e que o grau
de cobertura da negociação coletiva é ainda
menor. A
Missão identificou várias áreas chave onde são
necessárias medidas urgentes para ajudar a
resolver estas dificuldades:
• Renovada
medidas legislativas e ações de controle para
acabar com a intermediação trabalhista levada a
cabo pela Cooperativas de Trabalho Associado,
bem como todos os demais obstáculos jurídicos e
práticos à liberdade sindical e de negociação
coletiva que possam resultar da existência de
tais Cooperativas.
• Medidas
Legislativas e ações práticas adicionais,
eficazes para garantir que os pactos coletivos
assinados pelos empregadores com os
trabalhadores não sindicalizados não sejam
usados contra o exercício da liberdade sindical
e de negociação coletiva.
• Maiores
esforços para fortalecer a Inspeção do Trabalho,
os mecanismos de controle e as sanções para
garantir que os atos de discriminação
antissindical, incluídas as demissões e as
intimidações, sejam objeto de prevenção e, em
caso de que tenham ocorrido, levem a procedimentos
ágeis, acessíveis e que conduzam a sanções
eficazes. "
Diante desta situação, a Regional
Latino-Americana da UITA:
a. Apoia
o pedido do movimento sindical colombiano,
apresentado à 100ª Conferência, para incluir a
Colômbia na lista dos 25 casos a serem tratados
pela Comissão de Aplicação de Normas pelos
assassinatos de sindicalistas, pela impunidade,
discriminação antissindical e
pelas graves
restrições ao
exercício da negociação coletiva, tanto no setor
público quanto no privado.
b. Insta
o setor trabalhador da OIT, os governos e os
empresários progressistas a apoiar o pedido do
movimento sindical colombiano dirigido à 100ª
Conferência da OIT de 2011 e, neste contexto,
que sejam redobrados os esforços para o diálogo
e o apoio da comunidade internacional visando a
superar as condições
adversas para a paz, fortalecer as instituições
do Estado e promover o pleno respeito e o
exercício da liberdade sindical e da negociação
coletiva.
c. Exorta
o Governo
da Colômbia a cumprir as recomendações que há
mais de uma década são colocadas pelos órgãos de
controle normativo da OIT, e a cumprir sua
obrigação de promover e incentivar a negociação
coletiva, conforme estabelecido no Convênio 98
da OIT, ratificado
desde novembro de 1976.
d. Solicita
a realização de uma sessão especial, durante a
100ª Conferência, para o tratamento adequado do
caso da Colômbia.
Senhor Diretor,
agradecendo a sua atenção, aproveito esta
oportunidade para cumprimentá-lo com a minha
mais alta estima e consideração.
Atenciosamente,
Gerardo Iglesias
Secretário
Regional da UITA
Montevidéu, 27 de maio de 2011